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Eduardo Ribeiro

Eduardo Ribeiro

Análise

A vacina mais rápida já desenvolvida pela humanidade

(Foto: Mark Lennihan/Pool/Getty Images/AFP)

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A vacina mais rápida já desenvolvida pela humanidade, até hoje, havia sido a vacina da Caxumba nos anos 60. Da amostra viral até sua aprovação foram 4 anos. Mas boa parte dos imunizantes produzidos ao longo da história exigiram, em média, décadas de pesquisa, desenvolvimento e burocracia até estarem disponíveis para a população.

A produção da vacina para a COVID-19 em questão de meses é, portanto, um marco da Ciência. E isso só foi possível devido a combinação de, principalmente, dois fatores.

O primeiro é o acesso a conhecimento científico. Hoje temos muito mais tecnologias à nossa disposição do que tínhamos há meros 10 anos atrás. Há 20 anos a internet ainda era precária em boa parte dos países, e há 30 anos era necessário solicitar um artigo científico pelo correio, que podia levar semanas para chegar. A facilidade com que temos acesso a conhecimento faz com que possamos colocar novas teses à prova em uma velocidade infinitamente maior do que no passado recente, e, muito em função disso, o acúmulo de conhecimento nos últimos anos tem sido exponencial.

Pesquisadores chineses publicaram, em Xangai, a sequência genética do coronavírus no dia 11 de janeiro de 2020, um sábado. Algumas horas depois, no domingo, em Mainz, na Alemanha, o Dr. Ugur Sahin, fundador da BioNTech, já havia desenhado as 10 possíveis sequências que poderiam ser candidatas à vacina de RNA. Uma delas se tornou a vacina da Pfizer.

O fato da família dos coronavírus já ser conhecida e amplamente estudada, principalmente nos surtos de SARS e MERS, facilitou muito o direcionamento das pesquisas para a produção da vacina, e isso é também um retrato de como a era da informação cria uma espiral de conhecimento.

Outro fator extremamente relevante foi o impacto econômico e social de escala global causado pela COVID-19. Diferentemente do Ebola, que teve surtos endêmicos em algumas regiões do noroeste africano, a COVID-19 chutou a porta e colocou de joelhos as maiores potências econômicas do mundo. Centenas de milhares de vidas foram ceifadas, o mercado despencou, inúmeras empresas fecharam e o desemprego quebrou recordes históricos. Isso mobilizou a sociedade.

O custo de oportunidade de se desenvolver uma vacina é muito alto para uma companhia farmacêutica. A corrida requer investimentos estratosféricos, e não estar entre os primeiros pode significar um estrago considerável nas finanças e na credibilidade de um laboratório. Por isso, as vastas somas de fundos públicos e doações de entidades filantrópicas foram imprescindíveis para mitigar o risco e permitir que os testes em larga escala em humanos pudessem ser feitos de forma simultânea, acelerando muito o processo.

Os avanços tecnológicos alcançados neste ano, como a vacina de RNA, com certeza vão ampliar o horizonte de possíveis curas e tratamentos para diversas enfermidades. Isso não quer dizer que iremos desenvolver as vacinas para todas as doenças infecciosas na mesma velocidade que desenvolvemos essa. Mas é preciso ficar claro que o sucesso obtido pelos laboratórios neste ano não deve ser motivo de desconfiança, mas sim de esperança.

Quando a vacina chegar no Brasil, vacine-se.

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