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Entre os dias 12 e 26 de maio de 2014, acompanhei uma delegação de diretores de escolas particulares pela Rússia e Finlândia com o objetivo de conhecer o sistema educacional e as escolas desses países, tanto no aspecto pedagógico como administrativo. Durante esse período, também observei os hábitos da população e a história desses países.

Do ponto de vista histórico, eles foram governados pelos mesmos reis que em momentos diferentes trocaram de postos. No início do século 20, exatamente em 1917, houve a Revolução Bolchevique na Rússia e, a Finlândia, que era como uma colônia russa, galgou sua independência.

Na Rússia, um país rico de povo pobre, percebi uma espécie de despertar lento e gradativo do período bolchevique para um novo mundo. Parte das pessoas é saudosista por um lado e surpresa por outro, pois foram solapados pelo capitalismo do século 21. Acompanhando essas mudanças, muitos homens públicos constam entre os mais ricos do país, e todos originários da revolução. Ou seja, os atuais presidentes e governadores são todos ou da antiga KGB ou do partido comunista, porém agora travestidos de democratas, só que ricos, ou melhor, muito ricos.

No que diz respeito à educação, notei que estão avançando muito rapidamente. A Rússia tem um projeto com um currículo nacional bem estruturado e bastante profissionalismo na gestão das escolas, com autonomia dos profissionais e dos recursos por parte do diretor da escola. Ainda pouca interferência da justiça nas questões pedagógicas e administrativas, ou seja, a escola tem autonomia para, por exemplo, decidir fazer inclusão ou não. Por lá, o diretor da escola é contratado por competência e tem entre suas atribuições a função de contratar e fazer o pagamento dos salários dos professores.

Na Finlândia, um país de primeiro mundo, que em menos de cem anos passou de agrário, gelado e pequeno, para uma potência industrial, vejo uma infraestrutura invejável, um povo organizado e cordial, com duas línguas oficiais – o finlandês e sueco. E tudo isso utilizando como base a educação básica do seu povo e depois de passar 20 anos pagando a Rússia pela sua independência! Na Finlândia, a autonomia do professor é tanta que ele não passa por nenhuma supervisão ou coordenação. Cabe a ele definir qual o método de avaliação do aprendizado de seus alunos, não cabendo ao diretor nem ao coordenador e, muito menos ao município ou estado, esta decisão.

Nos dois países, apesar do atraso russo, agora alçado aos BRICS, o que percebi sobre a educação foi a grande autonomia das escolas públicas e privadas, com diretores contratados por experiência e formação, autonomia financeira e, principalmente, autonomia pedagógica. Neste último quesito, é a partir dos parâmetros nacionais que cada escola pode definir o que e como vai organizar o currículo para que os alunos aprendam.

Enquanto no Brasil o que vejo é cada vez mais a interferência do governo federal na educação básica, querendo controlar, supervisionar e avaliar as escolas, na Finlândia – um país que cabe dentro do estado do Paraná – essa atitude de controle é algo inimaginável e impossível.

Com tamanhas diferenças, só posso acreditar que fui “abduzido” por algum extraterrestre e fui conhecer outro mundo. E agora, de volta ao Brasil, posso apenas imaginar como um dia poderemos ser, mas certamente não será nessa vida.

> Artigo escrito por Ademar Batista Pereira, educador e diretor da Escola Atuação, em Curitiba, presidente da FepeSul (Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul) e autor do livro Filhos na Escola Integral. Ademar colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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