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Balança pra cá, balança pra lá … um quintal para crescer!
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Era uma vez um balanço no quintal. Uma criança de três anos balançava para lá e pra cá, enquanto isso, outra, com metade de sua idade, se encantava com o som e o movimento do brinquedo. Mesmo com passos desequilibrados e segurando as pernas do pai, congelou por um segundo seu olhar e seus movimentos apreciando a cena, e, quando reconheceu o movimento do ir e vir do brinquedo encantador, trouxe para seu corpo um movimento sincronizado com a balança.

A cena alinhava que o brincar e as memórias brincantes são registradas no corpo da criança. E os brinquedos da infância não são meros adereços que compõe o crescimento infantil. Na realidade, os brinquedos estruturados ou objetos que se tornam algo brincante, estruturam o desenvolvimento de uma criança.

A criança imita o que está ao seu redor. Quando o entorno impulsiona sua vontade para buscar no movimento, o conhecimento de si, dos outros e com mundo, a aprendizagem essencial constitui o tempo da infância de maneira respeitosa e vital. Considerando que as relações geracionais não podem ser compradas nem datadas de maneiras saudosas, brincar é ação da criança que a leva a descobrir, investigar, requintar, aprofundar saberes, desenvolver teorias próprias a partir da repetição. O ambiente provoca e promove aprendizagens, porém cabe aos adultos pais e instituições educacionais situar que a criança precisa de tempo e espaço para fazer suas repetições aprendentes.

O gesto de embalar é um ato afetivo. Um bebê, que foi embalado, vai embalar suas bonecas e a probabilidade de fruir ao balançar é imensa. A balança, o ir até o alto até dar um frio na barriga é uma construção crescente da lembrança uterina. Os efeitos das experiências da infância são referências importantes para a formação de pais e educadores. A expressão ou gestual da criança comunicam e intensificam a relação adulto/criança e as trocas de saberes do mundo real e imaginário da infância. A infância do adulto em relação a infância da criança deve prevalecer à lógica da infância da criança. E para a lógica infantil ter vez e voz é necessário despertar o interesse de conhecer a criança.

Na relação instituição e criança, o acolhimento e os aspectos do território onde a criança vive é demanda fundamental para constituir o ambiente educacional. A criança é fruto do meio, se a família oferece calor e aconchego, a criança devolve calor. Portanto, como organizar uma escola de educação infantil que ofereça, no ambiente e nos gestos do profissional, acolhimento e interesse pela infância?

Referenciais metodológicos alimentam, em tese, as ideais cognitivas para compor a escola da primeira infância. Muitas das teorias educacionais sugerem a quebra da lógica adultocêntrica, porém ninguém dá o que não tem! O primeiro passo é considerar a biografia, despindo o julgamento da criança nascida de uma família perfeita. Todo ser humano é formado por experiências positiva e negativas e a mistura das emoções e sensações resultam nas escolhas e no modo de viver de cada sujeito. Portanto, todo adulto é convidado a refletir sobre suas ações e até pensamentos diante de uma criança. Inserir a criança numa metodologia não garante formação integral se o cada adulto não for resiliente com sua própria história.

Neste sentido, a Pedagogia de Contexto nasce como tendência para costurar outras pedagogias dentro de conceito de Quintal. Carregada da teoria transdisciplinar, a construção de um Quintal parte das partes para todo e do todo para partes como provocação indissociável para incluir o território, as demandas e a biografia dos adultos e das crianças.

A Pedagogia de contexto vislumbra a valorização local da instituição para desconstruir as réplicas escolares, dando espaço e tempo para a criança ser criança brasileira da sua região, do seu bairro e vindo da sua família. As influências do território denominam que cada quintal será autoral e singular, pois a construção do quintal parte do que os adultos mobilizados buscam oferecer para as crianças ligadas a tal instituição.

Nesse ir e vir, a infância parece um balanço!!! No início, o bebê balança para lá e pra cá usando o corpo. Ao conquistar a gravidade, usa o corpo na balança para movimentar e sentir o ir e vir. Quando adquire mais experiência, balançar significa sentir o vento, impulsionar o corpo para vencer os limites com intuito de voar e alcançar o céu.

 

* Carin Wagner Rauth é jornalista, educomunicadora e mestre em Educação. Trabalha há 16 anos com Tecnologia e Inovação Educacional. Silmara Crozeta trabalha com Educação há mais de 30 anos, é mestranda em educação e entusiasta da Pedagogia do Contexto. Carin e Silmara são integrantes da CURTE – Curitiba em Rede para Transformação da Educação.

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