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Talvez haja uma saída para o Brasil. Vamos reinventá-lo investindo em nossos filhos. Chegamos ao limite e talvez só uma nova geração poderá transformar essa nação. Testemunhamos novamente o país se perder em si mesmo, não apenas pela corrupção, falta de liderança e projeto de país, mas essencialmente pela sua falta de educação. Sim, somos mal educados. Nenhuma nação desenvolvida chegou lá sem investir seriamente na educação de seus filhos. E apesar de me considerar um eterno otimista, sou também inquieto. Precisamos criar urgentemente um movimento pela educação no Brasil. Que comece na escola, em casa, nas comunidades, nas empresas e nas ruas. Pelas minhas filhas e todos os filhos do país.

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Tenho dado palestras e participado de debates em universidades e escolas por todo canto, e muito me preocupa não apenas o sucateamento da educação no Brasil, mas principalmente o baixíssimo nível de qualificação de muitos egressos universitários, que batem a porta das empresas verdinhos como mexerica no pé e com pouca visão de mundo, inovação e negócios. E mais ainda, me preocupa saber que em um universo de apenas 10% aproximadamente da população brasileira que tem acesso ao ensino superior (histórico abismo) segundo a OCDE, aqueles poucos que se destacam e se qualificam estão apostando nos concursos públicos para conquistar estabilidade e bons salários ao invés de empreenderem ou trabalharem na iniciativa privada, que é o grande motor da nossa economia. A mesma que paradoxalmente é tão espremida e demonizada pelo governo e por parte da sociedade. Quer dizer que mesmo com baixa qualificação, péssima estrutura e pouco investimento na educação, estamos ainda perdendo nossos maiores talentos justamente para o governo? Jovens bem preparados, inteligentes e alguns antes idealistas que poderiam abrir novos pequenos negócios, empregar pessoas, gerar riquezas, estão simplesmente trocando tudo isso para tentar concurso público, e cumprir tabela em nome da tranquilidade e estabilidade? É isso mesmo? Pois isso me amedronta e entristece.

Precisamos não só recriar a educação brasileira, mas também reinventar o espírito do jovem brasileiro. Necessitamos de mais empreendedores. De idealistas e realizadores de tudo, e não apenas mais um especialista ou futuro burocrata do setor público. Se dependemos de um novo projeto de país, diante da mais grave crise de nossa história, para recriá-lo do zero precisamos dos jovens com qualificação e oportunidades. São eles que poderão transformar o país, quebrar padrões, destruir velhas convicções para se tornarem a mudança dos próximos 20, 30, 40 ou 50 anos. Não sou eu, nem meu pai, nem os políticos atuais e talvez nem a geração X que gerarão impacto e transformarão nossa realidade futura. Podemos todos contribuir, claro, mas é da tal geração Y para baixo que estou falando. Das minhas filhas hoje com 11 e 8 e dos seus filhos. É importante reconhecer quando o velho deve dar lugar ao novo. Toda economia desenvolvida, se fez pela educação e qualificação de sua população jovem no longo prazo. Não há atalhos. Mas como podemos esperar um país desenvolvido com o estado atual da educação brasileira? Como podemos querer um país competitivo, que depende muito das micro e pequenas empresas para crescer quando assistimos aos jovens trocarem o sonho de empreender pela segurança do carimbo? Como podemos enxergar o país do futuro – dos jovens – testemunhando tanta gente boa tão pessimista com o que veem e onde muitos optam, com razão, por ir embora?  

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 Nenhuma nação se sustenta, com baixa qualidade na educação de seu povo. Diante disso, proponho que os jovens e a educação sejam a essência, o novo embrião para a reinvenção do Brasil. Só eles serão capazes de mudar, de inventar, de criar e de sustentar um novo projeto de futuro para os próximos 50 ou 100 anos. Para minhas filhas, netos, bisnetos. E temos uma grande vantagem, afinal somos ainda um país de muitos jovens. Jovens que poderão ser os pais desse novo Brasil que precisa urgentemente renascer. Não simplesmente mudar, mas renascer. Mas ainda sim penso que não basta termos jovens qualificados e melhorarmos a educação básica. Precisamos ir além. Formar jovens líderes, empreendedores, idealistas, questionadores, mobilizadores e ativistas do bem. Se tivemos a Rio +10, Rio + 20 e tantas outras para tratarmos do importante tema meio ambiente para nossa sobrevivência, precisamos ter a educação como protagonismo – educação + 10, +20, +30 no país, em um projeto integrado com o mundo. Clamo por um grande movimento que repense e reinvente a educação, nos quatro cantos do país, onde crianças e jovens são a fonte. Uma educação que polinize conhecimentos, valorize o pensamento crítico, o debate, a colaboração e a inventividade humana. Que os estimule ao exercício da cidadania, a sabedoria da convivência com o outro, a filosofia, a inteligência social, a tecnologia, as artes, a conhecerem o papel de cada um na sociedade e na política. Sim, a política. Digo a boa política, da política verdadeira feita pelas pessoas no dia a dia, exercendo cidadania, cobrando, protestando, mas também fazendo sua parte para a sociedade e o todo. É isso que acredito e sonho. Em uma nação com educação de qualidade, que valoriza o professor, mas também o conhecimento.  Com mais criadores e menos repetidores. Um time de realizadores que possam transformar realidades pela educação inovadora. Que saiba aproveitar e colocar para fora tudo que temos de melhor em nosso país: nosso gigantesco potencial criativo. E é isso que deveriam pais, avós e professores ensinar as crianças, a serem futuros cidadãos políticos, críticos, realizadores e transformadores de realidades para seu bairro, sua cidade e seu país.

É preciso ir a fundo nos problemas da educação brasileira que não se resumem a disciplina, conteúdo ou estrutura. Há muito mais a ser repensado e reinventado. Precisamos trazer soluções em um grande fórum, uma ágora popular, onde a pauta seria: como estará a educação e qualificação do povo brasileiro daqui a 50 anos? O que queremos ser quando crescer? Jovens criativos e protagonistas ou repetidores do mesmo? Educação é responsabilidade de todos. A começar pela mais importante delas, a família, pois a base acontece dentro de casa, sem terceirizações. Escolas, universidades, entidades, empresários, influenciadores e a sociedade podem e devem se mobilizar para colocar a pauta do novo rumo da educação do país. Debater, investir, encontrar soluções, melhores práticas, projetos reais. Sonho grande? Talvez sim, mas possível. Do jeito que está, se não tratarmos de recriar o Brasil, pela sua essência, a educação de sua gente jovem, tudo continuará da mesma forma que sempre foi. Me engana que eu gosto, eu finjo que está tudo bem aqui, você finge que está tudo bem ali, e vamos que vamos que amanhã é outro dia e domingo tem praia e futebol. Há um grande movimento em curso. Muito gente boa e qualificada querendo se envolver com educação pois é parte de todos nós. Uma revolução mundial transformando jovens que são os pilares dos países do futuro. Eu sei, estive lá, vi e senti. E nós vamos ficar fora dela, perder o bonde, e apenas ouvir dizer que lá fora é assim e assado? Ou vamos fazer parte dessa revolução criativa da educação? Um novo Brasil, renascido, recriado, com olhos para o futuro. Acho que dá, lá na frente, sem dúvida, mas um dia o lá na frente chega pra todos. Basta começar agora, ou melhor, recomeçar.

 

 *Artigo escrito por Jean Sigel, especialista em Marketing, Comunicação e Inovação, e co-fundador da Escola de Criatividade. O profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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