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Sobre a polêmica do Novo Ensino Médio (NEM): qual a sua posição?
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Nem bem saímos da polêmica aprovação da Base Nacional Comum Curricular e cá estamos nós novamente em meio a outro tema que está dando o que falar na educação: o Novo Ensino Médio.

E pra quem pensa que o Novo Ensino Médio (NEM) começou a ser discutido agora, um alerta: essa discussão não é de hoje não! Iniciativas anteriores como por exemplo o Programa Ensino Médio Inovador (Pro EMI), já deixavam pistas de qual seria o caminho a ser trilhado pelas novas propostas.

Bem, mas antes de mergulhar um pouco mais no tema, é preciso trazer à tona alguns fatos. O primeiro deles é que o atual Ensino Médio não está satisfatório. Os índices de evasão são alarmantes, e os poucos estudantes que chegam a concluir o Ensino Médio, infelizmente estão mal preparados.

Também não estamos conseguindo atingir as metas estabelecidas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para essa etapa do ensino. Além disso, pesquisas como a do Inaf (Índice de Alfabetismo Funcional) revelam que apenas 3 em cada 10 pessoas conseguem ler esse texto. Constatar que 30% dos brasileiros são analfabetos funcionais, que têm dificuldades para fazer operações matemáticas básicas, como calcular um troco, ou o valor de uma prestação sem juros é muito entristecedor e preocupante. Mais que isso, revela que estamos errando a mão na Educação Básica.

Mas apesar de haver um consenso de que as coisas não vão bem e que a mudança é necessária, estamos longe de um consenso de como essa mudança deve acontecer.

E falando especificamente sobre a proposta do NEM, muitas são as dúvidas sobre como a proposta será colocada em prática.

- Como é que vai ficar a ampliação da carga horária?

- E a nova organização curricular?

- E essa história de dar autonomia ao estudante que ainda nem sabe decidir as coisas?

Muita calma nessa hora! Longe de mim ter a pretensão de esclarecer dúvidas tão complexas em apenas algumas linhas. Mas os convido a fazer algumas reflexões e olhar para as  oportunidades que a nova proposta nos traz.

Durante toda a minha formação na área de educação, da graduação ao doutorado, ouço, de forma recorrente, algumas reivindicações e discursos:

  • “é necessário aproximar o currículo da realidade dos estudantes”;
  • “a escola precisa dar mais autonomia para que os estudantes possam opinar, se expressar e assumir uma postura de protagonistas diante do mundo”;
  • “a escola precisa ser mais atraente para o estudante do Ensino Médio”;
  • “o currículo precisa ser mais flexível, mais contextualizado”;
  • “temos que trabalhar de forma multi, inter e transdisciplinar”.

Te digo que, na minha opinião, boa parte dessas reivindicações estão sim sendo atendidas com a nova proposta. Ora, ora. Quando a oportunidade chega, seria certo virar as costas ou atirar pedras?

A escola, a nova organização curricular, a oferta de itinerários formativos que façam mais sentido para cada realidade desse nosso Brasilzão, podem e devem ser construídas com a nossa participação, afinal, fazer com que a escola dê certo é dever de todos nós. E aqui não nos referimos apenas às escolas da rede pública - apesar de serem mais numerosas -, pois o NEM é para todas as escolas do Brasil.

Sim, sabemos que toda mudança traz um certo receio, aquele medinho ou “medão” do fracasso. E quando a mudança é na educação então, tem muuuuuita complexidade envolvida. Mas já caminhando para as linhas finais, quero te fazer uma provocação:

  • O que você já leu sobre a proposta do Novo Ensino Médio?
  • Já ouviu os argumentos dos que defendem a proposta?
  • Já ouviu os argumentos dos que criticam a proposta?
  • Já refletiu sobre a situação que temos e a que podemos ter com o NEM?

Você pode estar pensando ou até falando alto “mas eu nem trabalho com o Ensino Médio!”, ou ainda: “mas eu nem sou da área de educação!”. Sinto informar e ser repetitiva, mas fazer com que a escola dê certo, e ajudar a construir uma educação cada vez melhor, é dever de todos nós.

E aí, voltando ao início deste texto, mais precisamente ao título, pergunto: Sobre a polêmica do Novo Ensino Médio, qual a sua posição?

*Ana Gabriela Simões Borges é Doutora em Educação, Superintendente do Instituto GRPCOM, Gestora de projetos e Educomunicadora.

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