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Os números impressionam, mas as histórias e as pessoas por trás deles é que deveriam importar mais que as estatísticas, por isso, a foto do pequeno menino sírio, Aylan Kurdi, encontrado morto numa praia na Turquia, tem varrido o mundo de emoção e nos feito refletir sobre a humanidade.

Para não fugir à regra, alguns dados: só nos primeiros meses de 2015 cerca de 42 mil pessoas foram resgatadas no mar Egeu. Só na útima semana de julho foram cerca de duas mil. Segundo o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) 124 mil pessoas desembarcaram na Grécia, que tem sido uma das principais portas de entrada de refugiados oriundos de países atingidos pela crise e violência no Oriente Médio. Elas atravessam o Mediterrâneo geralmente saindo da Turquia para alcançar a Grécia e depois chegar em algum país da Europa. Em sua maioria são sírios, mas também há afegãos e iraquianos. Jovens, adultos, crianças, famílias inteiras ou despedaçadas por guerras que não são delas; vidas destroçadas em busca de solidariedade e dignidade do outro lado do Oceano. Mais de 2,5 mil já morreram nessa travessia.

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Os números e as estatísticas dessas guerras e dessa enorme crise migratória estão sendo repetidamente ditos nos noticiários internacionais, mostrados nas tvs; estampados diariamente nos jornais e redes sociais. São fotos de botes e navios lotados de pessoas carregadas de temor, mas à espera de um recomeço; fotos de corpos espalhados pelo mar, cuja esperança afogou-se com eles.

Nenhuma foto, porém, comoveu tanto quanto a do pequeno Aylan, cuja morte precisava ser mostrada para lembrar que ainda existem outras vidas como a dele que precisamos cuidar e salvar. Apesar de alguns meios de comunicação terem sido criticados por mostrarem a foto, a veiculação dela, assim como o belo trabalho dos cartunistas, mostra um importante papel dos meios de comunicação na hora de mobilizar as pessoas para uma causa. Sua publicação serviu e tem servido para provocar uma certa comoção nas pessoas. E comover vem do Latim commovere, “mobilizar, mover conjuntamente” (com + movere). Ou seja, é preciso mover as pessoas, tirá-las da situação cômoda em que se encontram; do lugar em que estão, para fazê-las agir. A foto de Aylan provocou indignação. E esperamos que mais do que indignar-se, as pessoas tenham ação.

Podemos, talvez, correndo o risco de estarmos exagerando, fazer uma comparação dessa foto com a da garotinha vietnamita correndo das bombas incendiárias em 1972 e que até hoje emociona o mundo. Aquela foto teve um grande impacto na época e mobilizou muito a sociedade num movimento antiguerra, quando nem sequer havia redes sociais. A diferença é que a garotinha sobreviveu. O que a foto de Aylan pode fazer? Por ele, infelizmente mais nada. Por outras tantas vidas e esperanças afogadas no Mediterrâneo também não. Mas se ela (junto com outras fotos e matérias) conseguir gerar, como já tem feito, uma grande reflexão sobre a humanidade que temos, o mundo que vivemos, sobre sentimentos e valores como solidariedade, dignidade e direitos humanos, sobre o que é fronteira num planeta comum a todos, talvez ela e o papel dos meios de comunicação e de tantos jornalistas já tenha feito um grande serviço.

Obs: Com informações de UOL, Terra, Globo, Público

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*Cristiane Parente de Sá Barreto é Jornalista, Educomunicadora, Sócia-Fundadora da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom), Doutoranda em Comunicação e Pesquisadora do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade – CECS da Universidade do Minho, Bolsista da CAPES, Mestre em Educação pela UnB e em Mídia e Educação pela Universidad Autónoma de Barcelona. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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