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O analfabetismo deixou de cair. Cerca de 13 milhões de brasileiros com mais de 15 anos – a maioria acima dos 40 anos – não sabem ler ou escrever. Some-se a isso os quase 30 milhões que não chegaram a cursar 4 anos de escola. Uma legião de brasileiros destituídos do um dos mais básico dos direitos.

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E o que explica a permanência desse cancro social, dessa mancha indelével na nossa sociedade? A permanência da desigualdade social. O país cresce, enriquece, a média salarial aumenta acima da inflação, mas são apenas estatísticas, aquelas mesmas que permitem que uma pessoa morra afogada em um rio com profundidade média de meio metro. Essa falácia de números vende a ideia de um país que se humaniza e torna-se mais igual, mas esconde a perversidade da desigualdade. O que ocorre é que , com o aumento do PIB, um pouco mais de migalhas sobram para os mais pobres, que usam essas migalhas para comprar televisão, geladeira e máquina de lavar. É ruim? Não, não é. Traz conforto e entretenimento. Mas não estrutura o futuro, só aumenta a dependência do salario para pagar os carnês.

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O que estrutura o futuro é a educação, mas educação é uma despesa ainda impensável para parte considerável da população brasileira, particularmente os mais velhos e particularmente os nordestinos. Isso sem falar dos 3,5 milhões de crianças que trabalham e alimentam as estatísticas da falta de futuro.

Podemos olhar as coisas pela teoria chavão do copo meio cheio e do copo meio vazio. Por que lamentar quando há tantos dados tão promissores? Por que criticar quando há avanços consideráveis? Porque, penso eu, exatamente por isso. Se temos um país que se preocupa com os pobres, com os desvalidos, com os que comprometem o futuro em um presente sem expectativas, é indecente, obscena a manutenção dessa taxa de exclusão do conhecimento. É negar a oportunidade a essas milhões de pessoas de, por exemplo, votar com discernimento. Opa, e não será por isso mesmo?