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A professora postou uma reflexão em sua página do face. Não citou o nome da escola nem nominou aluno algum. Mas externou sua preocupação ao ver crianças sendo utilizadas politicamente por meio de uma fotografia de bambini da Itália fascista. Emendou com a máxima de Marx, de que a história não se repete, a não ser como farsa.

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Foi o suficiente para uma enxurrada de críticas, algumas ofensivas, outras ameaçadoras, de pais indignados com a “doutrinação ideológica” e com o “marxismo” na escola e da necessidade de “acabar” com isso. Violência, esse é o seu nome.

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Eu e alguns colegas professores passamos por isso recentemente. Contra os incautos que nos atacaram, optamos pelo silencio de quem não precisa querer conversar com quem não se dispõe a isso e iniciaremos ações penais e cíveis cabíveis na esfera do Estado Democrático de Direito. É preciso usar enquanto ainda dispomos desses direitos.

O mais surpreendente, no entanto, é a razão irracional dos comentários contra a professora. Ela, por postar uma reflexão pessoal na página com seu nome, ou seja, fora do ambiente de trabalho, e sem nominar nem escola nem alunos, sofreu constrangimento hediondo a ponto de preferir pedir demissão e fugir das redes sociais. Foi “eliminada”. Ao mesmo tempo, os pais não percebem o quanto deveriam cuidar da formação democrática de seus filhos, ensinando-os a ouvir todos os lados, ponderar antes de expressar suas opiniões, fundamentar essas opiniões e aceitar a divergência como parte da convivência no espaço público. Isso se chama Educação.

Mas os pais, envolvidos em suas próprias convicções mortiças, sua “ira santa”, esquecem que é papel deles, também, a preparação das crianças para o espaço público. Não a exposição dos filhos como outdoors das suas ideias.

Infelizmente o colégio e a comunidade de estudantes perderam uma professora que há dez anos vinha realizando seu trabalho, ao que se pode aferir pelos textos publicados pela própria direção da escola, de maneira isenta e profissional.

Quanto aos pais, não há como demiti-los por negligência e má fé. Torna-se, então, urgente, reforçarmos as muralhas da democracia, da liberdade de expressão e da tolerância com a divergência, para conte-los em sua fúria. Não passarão! Não passarão?

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