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Depois de trinta anos nas salas dos cursinhos, procurando interpretar e analisar textos dos historiadores, jornalistas, sociólogos, filósofos, literatos e tantos outros que contribuem com suas visões de mundo, eis que a UFPR usou um texto meu para que os alunos respondessem algumas perguntas. Um texto daqui, desse blog, chamado “Ensaio sobre a Cegueira”. (https://www.gazetadopovo.com.br/blogs/educacao-no-dia-a-dia/ensaio-sobre-a-cegueira/?ref=link-interno-materia-amp) . Nele, teço ácida crítica ao Plano Nacional de Educação, principalmente no que diz respeito a destinação de imensas verbas sem rubricas específicas, o que fará a festa de  muita gente mas não necessariamente dos professores, protagonistas fundamentais da escola.

Escrevo esse texto sem ver quais questões foram formuladas e de que maneira a UFPR quis que os alunos e alunas se manifestassem em relação ao que escrevi. Mas uma coisa é certa: fico feliz que a minha crítica consiga essa visibilidade. Vivemos em um país de meias realizações, de meias conquistas, de meias verdades. Temos um plano de educação que foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidente Dilma com quatro anos de atraso e que destina verbas sem informar como nem pra quem e agora quer fazer-nos crer que isso é suficiente para melhorar a educação.

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Pois aproveito minha súbita e efêmera notoriedade como autor-de-texto-que-cai-em-vestibular para reafirmar: o que melhora a educação é remuneração digna para os professores! Com um salário inicial competitivo e condizente, muitos dos jovens que fizeram a prova da UFPR e leram meu texto, poderiam estar fazendo licenciatura de matemática, por exemplo. Assim teríamos, na base, uma seleção de excelentes jovens e, com isso, melhores profissionais. Além de qualidade, teríamos um número maior de candidatos. Melhorar salários, dar aos professores a dignidade financeira que eles merecem. Sei que a concorrência para Medicina é de 60 por um e a nota mínima para ir para a segunda fase no ano passado foi de 55 em uma prova de 80 questões.  Sabem quando foi a nota mínima para ir para a segunda fase no curso de Matemática da UFPR no ano passado? 9.

E por que há tantos jovens capazes, inteligentes e dispostos digladiando-se por uma vaga de Medicina? Apenas a beleza da profissão? Apenas o desejo de ajudar os outros? Há isso, tenho certeza. Mas há, e muito, o reconhecimento social e a remuneração digna.

E por que há quase ninguém e tão poucos alunos preparados desejando o bacharelado e a licenciatura em Matemática?

Há algo que parece não enxergamos. A comissão do vestibular da UFPR parece concordar comigo. Tomara.