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Entrevista

“Teatro asqueroso”: Gayer dispara contra julgamento do suposto golpe pelo STF

(Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

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Em um momento em que o Brasil se vê envolto em tensões institucionais e embates entre poderes, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) se posiciona sobre temas que vão do Supremo Tribunal Federal à atuação internacional do governo Lula nesta entrevista exclusiva à coluna Entrelinhas.

Crítico do atual presidente e defensor da liberdade de expressão, o parlamentar analisa os julgamentos de acusados pela suposta tentativa de golpe, denuncia o que chama de “perseguição política” contra deputados conservadores, e celebra a recente aprovação de um projeto que, segundo ele, fortalece a imunidade parlamentar nas redes sociais.

O deputado é relator do PL 3046/22, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que altera o Marco Civil da Internet para disciplinar o bloqueio de contas de detentores de mandato eletivo nas redes sociais. Na conversa com a coluna, Gayer ainda reafirma sua esperança em um novo rumo para o país em 2026: “Estamos sangrando, mas não vamos desistir”.

Entrelinhas: Como o senhor tem analisado os julgamentos da suposta tentativa de golpe?

Gayer: O que temos visto é a espetacularização de uma narrativa infundada. É um teatro asqueroso e horripilante. Várias delações mudaram de versão, há insuficiência de provas concretas contra Bolsonaro, vazamento de áudios onde se fala em ameaça e coação. Falaram, mais uma vez, sobre a tal “minuta do golpe”, que até hoje ninguém viu. Isso é impressionante! Um grupo de pessoas pode ser condenado por um suposto documento que sequer sabemos se existe. E, mesmo que existisse, teria que ser aprovado pelo Congresso.

Entrelinhas: Qual sua opinião sobre a velocidade com que o STF decidiu julgar esses réus e a parcialidade do relator?

Gayer: Parcialidade é a palavra de ordem. O juiz é a vítima, o relator investiga, acusa… Meu Deus do céu! O que temos visto é a busca por provas que não existem para fomentar uma narrativa de trama golpista que não existe, mas cuja sentença já foi proferida muito antes desses julgamentos acontecerem.

Entrelinhas: Qual sua análise sobre como o Brasil tem se posicionado geopolítica e diplomaticamente?

Gayer: Nesse contexto vemos nosso país agir em duas vertentes, como se fossem dois Brasis. Temos o Brasil de Lula, que desdenha da história do povo de Israel e se torna persona non grata na única democracia daquela região. Esse mesmo Brasil pede interferência nos poderes da República ao buscar ajuda do governo chinês para acelerar a censura no Brasil. É esse o Brasil das “gafes”, como a imprensa comprada gosta de dizer, onde somos representados por um criminoso que zomba do povo brasileiro e não tem o mínimo de respeito à liturgia do cargo que ocupa. E onde também somos apoiadores de ditadores.

O outro Brasil é o daqueles que não desistem, mesmo diante desse primeiro cenário. Onde parlamentares lutam por liberdade aqui e lá fora também, como fizemos em 2023, 2024, e como Eduardo Bolsonaro está fazendo agora. Esse Brasil preza pela relação com países livres, como os Estados Unidos e Israel.

Entrelinhas: O que o Congresso ainda pode fazer para garantir equilíbrio entre os poderes, por exemplo no caso da Carla Zambelli?

Gayer: A verdade é que o Congresso está à mercê do Judiciário há tempos! Primeiro foi o Daniel Silveira, depois deram um jeito de tirar o Deltan Dallagnol, depois o Eduardo Bolsonaro, agora a Carla Zambelli. Os próximos nós sabemos quem podem ser… Não há equilíbrio quando um poder amordaça o outro. Nosso dever neste momento é escancarar a perseguição a um único grupo político no Brasil. E temos avançado nesse sentido, fruto das denúncias que fizemos nos parlamentos americano e europeu.

Alguns de nós estão sangrando, infelizmente. Dentro dos limites da burocracia no nosso Estado, tudo tem sido feito. Nós convocamos ministros, apresentamos propostas, cobramos dados oficiais dos ministérios, pedimos investigações aos órgãos competentes… As ferramentas disponíveis têm sido utilizadas, mas é um processo lento. Cabe a nós, além de seguir atuando dentro do possível, mostrar ao povo essas entranhas do sistema, de modo que percebam que há políticos que querem apenas se beneficiar da estrutura para se perpetuarem no poder. Com essas informações em mente, damos às pessoas a oportunidade de retirar as velhas raposas do sistema de lá.

Entrelinhas: Como o senhor tem trabalhado pela manutenção da liberdade de expressão dos parlamentares, diante de casos polêmicos de ameaça à imunidade parlamentar?

Gayer: Recentemente até falei disso nas minhas redes sociais. Eu sei que estamos vivendo um período muito triste no nosso país, mas é por isso mesmo que devemos celebrar todas as nossas vitórias, por menores que pareçam. Na semana passada, conseguimos uma vitória gigantesca na Comissão de Comunicação. Foi aprovado um projeto de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL, do qual eu fui relator.

Relatei e aprovamos na Comissão de Comunicação esse projeto que garante nossa liberdade de expressão de certo aspecto. Primeiro, para que canais, perfis e posts sejam derrubados por mandado judicial, será necessário explicar exatamente o que aquela pessoa fez para justificar a remoção, até para que ela possa se defender posteriormente. Isso dificulta a facilidade com que um certo ministro derruba perfis e postagens sem fundamentação.

O projeto vai agora para a Comissão de Constituição e Justiça. Ele é terminativo lá, ou seja, se aprovado, e estou confiante que será, para que uma decisão judicial derrube o perfil de um parlamentar — seja deputado federal, estadual ou vereador —, essa decisão terá que ser aprovada na respectiva Câmara ou Assembleia. Estamos protegendo os parlamentares: é uma extensão do direito de falar daqueles que foram eleitos para representar o povo.

Entrelinhas: 2026: esperança ou preocupação?

Gayer: Esperança. Sempre esperança. Do contrário, nós não continuaríamos aqui.

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