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Entrelinhas

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Entrevista

“STF está fora das quatro linhas”, aponta Chrisóstomo

Deputado federal Coronel Chrisóstomo, autor da CPI do Roubo dos Aposentados. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

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Em entrevista ao programa e à coluna Entrelinhas, da Gazeta do Povo, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) comentou temas centrais da política nacional, como a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), a prisão do general Braga Netto, o engavetamento do Projeto de Lei da Anistia, a movimentação da direita para 2026 e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Roubo aos Aposentados.

O parlamentar não economizou críticas aos ministros da Suprema Corte e ao governo federal. O deputado Coronel Chrisóstomo se posiciona como uma das principais vozes da direita mais alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso. Defensor da anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro, ele também aposta na força da base conservadora para crescer nas urnas em 2026 — e promete barulho com a CPI do INSS. Confira a entrevista.

Atuação do STF

Entrelinhas: Deputado, o senhor tem sido uma das vozes mais críticas à atuação recente do Supremo Tribunal Federal. Como o senhor vê esse tensionamento entre os poderes?

Deputado Chrisóstomo: Nós entendemos que a pauta é extremamente importante, exatamente para evitar qualquer tipo de desequilíbrio entre os poderes. O STF precisa ter gente com capacidade e que queira cumprir a missão de respeitar a Constituição. Mas é o Senado que tem a responsabilidade de resolver esse tipo de problema. Só que, do jeito que o Senado está hoje, nós não temos senadores com maioria e pensamento de Brasil, pensamento de democracia. Só vamos conseguir isso a partir de 2026, com uma nova composição.

Entrelinhas: A direita já está se organizando com esse objetivo?

Deputado Chrisóstomo: Sim. Em Rondônia, por exemplo, os políticos estão se mexendo. O presidente Bolsonaro já até apresentou um nome que pode ser um dos candidatos do Partido Liberal (PL). Serão dois candidatos. Vai ter pesquisa, e acredito que o próprio presidente vai orientar como vamos trabalhar. Na minha visão, pelo menos uma vaga no Senado de Rondônia será do PL. Talvez até as duas.

PL da Anistia

Entrelinhas: Deputado, como o senhor avalia a resistência ao PL da Anistia dentro do Congresso e, principalmente, as ações do STF para barrar esse avanço?

Deputado Chrisóstomo: Esse caso está passando do limite. Conseguimos as assinaturas para a urgência, mas o presidente da Câmara não quer pautar. A maioria dos deputados quer votar favorável à anistia. E quanto ao STF dizer que o Congresso não tem autoridade para isso, é um pecado. É algo que jamais deveria ter sido dito por um juiz do STF. Estão fora das quatro linhas, como dizia Bolsonaro. A Constituição é clara, e nós, parlamentares, temos essa prerrogativa.

Militares na política

Entrelinhas: O senhor também é coronel do Exército. Como o senhor interpreta a prisão do general Braga Netto?

Deputado Chrisóstomo: Nunca imaginamos isso. Um general quatro estrelas passou por todos os crivos possíveis. E agora está preso irregularmente. Dentro das casernas, os militares estão muito apreensivos. Qual é o papel das Forças Armadas diante do desequilíbrio entre os poderes? Essa prisão fere todos os militares e a instituição Exército. E, pior, sem apresentar provas. É uma aberração jurídica.

Entrelinhas: O ministro Gilmar Mendes sugeriu uma PEC para limitar a participação de militares e policiais na política. Qual sua opinião?

Deputado Chrisóstomo: Quando o ministro do STF Gilmar Mendes falou isso, eu disse: quer tratar de política? Largue a toga! Por que militar não pode participar da política? Somos todos brasileiros, com os mesmos direitos. Isso é preconceito. Defendo que militares, policiais militares, bombeiros, todos possam entrar na política, se quiserem. E se esse assunto for para o Congresso, eu vou lutar contra.

CPI do Roubo dos Aposentados

Entrelinhas: O senhor está liderando um movimento para instalar uma CPI sobre o escândalo de fraudes contra aposentados no INSS. Como está essa articulação?

Deputado Chrisóstomo: Eu nunca vi algo assim. Os deputados estão correndo atrás de mim para assinar. Já estou com mais de 150 assinaturas, e até amanhã acredito que alcançaremos as 171 necessárias. E o mais importante: não é só gente do PL, tem parlamentares de outros partidos, até de centro-esquerda. Isso mostra que é real. O roubo é de mais de R$ 6 bilhões. E o ministro Carlos Lupi, mesmo sabendo de tudo, continua no cargo. Isso é inadmissível.

Entrelinhas: Como a CPI vai agir contra esse escândalo?

Deputado Chrisóstomo: Três missões: descobrir quem roubou, punir os culpados e devolver o dinheiro para os aposentados. A Controladoria-Geral da União (CGU) já mostrou que até o irmão do Lula, o Frei Chico, está envolvido com sindicato que pegou mais de R$ 100 milhões. Isso é um escândalo. E o governo ainda protege esse pessoal. Como disse o vice-presidente: eles voltaram à cena do crime. Só que agora estão roubando velhinhos e doentes. Isso dá nojo.

Entrelinhas: O senador Weverton Rocha (PDT-MA) afirmou que demitir o ministro Lupi prejudicaria os aposentados. Como o senhor reage?

Deputado Chrisóstomo: Uma fala solta, irresponsável. Incabível. Os aposentados merecem respeito. O presidente Bolsonaro criou uma MP para protegê-los, que foi derrubada pelo PT em 2022. Agora o ministro sabia do roubo e nada fez. Rua para ele!

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