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Manifestação em Los Angeles, em junho de 2020, pede o desfinanciamento da escola policial local.
Manifestantes pedem o desfinanciamento da escola policial, 23 de junho de 2020, Los Angeles| Foto: Mario Tama/Getty Images/ AFP

No artigo da semana passada, reproduzi as opiniões de duas títeres de George Soros – ambas entusiastas do movimento Black Lives Matter (BLM) – em favor da abolição da polícia. Nesta quarta-feira, dia 23, nas redes sociais de Candace Owens, a jovem negra estrela do conservadorismo americano, topei com esta brilhante síntese da questão: “O Black Lives Matter é uma organização comandada por brancos que usam o rosto de negros mortos com o objetivo de arrecadar milhões de dólares em favor da eleição de democratas brancos para posições de poder. É a organização mais flagrantemente racista da América”.

Bingo! Não há, de fato, representatividade alguma nesse movimento de extrema-esquerda que finge falar em nome dos negros americanos. Se é a sua agenda antipolícia e antibrancos interessa a alguém, decerto não é aos cidadãos negros, as principais vítimas da criminalidade violenta que assola as grandes cidades americanas, sobretudo as governadas por democratas. Como declarou recentemente ao portal The College Fix o economista Roland Fryer – o mais jovem negro a se formar e a se tornar professor em Harvard –, “reduzir o orçamento da polícia não é a solução, e pode custar a vida de milhares de negros”.

Em seu mais recente estudo, realizado em parceria com o doutorando Tanaya Davi, Fryer analisou investigações de procedimento que se seguiram a casos de violência policial contra negros, e que tiveram ampla repercussão. O estudo traz descobertas incômodas a ouvidos politicamente corretos. A principal delas é a seguinte: essas investigações, conquanto justas em teoria, foram contaminadas pelo clamor público suscitado pela propaganda desonesta de radicais, tendo invariavelmente como efeito a redução da atividade policial, redução que, por sua vez, acabou gerando um aumento de quase 900 homicídios e 34 mil outros crimes de grande potencial ofensivo.

64% dos americanos temem que as campanhas antipolícia promovam a redução no número de agentes da lei e, consequentemente, o colapso da segurança pública em seus bairros. Essa porcentagem é ainda maior entre negros

Num período de dois anos, o aumento nos crimes foi observado em cinco cidades (Baltimore, Chicago, Cincinnati, Riverside e Ferguson) nas quais as mortes de Freddie Gray, Laquan McDonald, Timothy Thomas, Tyisha Miller e Michael Brown – todas elas objeto de intensa comoção social – forneceram o contexto inicial para as investigações. “As nossas estimativas sugerem que, nesses casos, o processo de investigação produziu aproximadamente um aumento de 450 homicídios por ano. Isso é quase duas vezes o número anual de nossas baixas militares”, diz o estudo. “A hipótese principal para explicar esse aumento é uma notável redução do policiamento – algo evidente em todas as cidades para as quais dispomos de dados.”

Quem poderia imaginar que menos policiamento significaria mais crimes, não é mesmo? Noutros tempos, quando ninguém duvidava que a grama fosse verde, talvez essa obviedade não precisasse ser chancelada por estudo acadêmico algum. Hoje, todavia, nem mesmo um tal estudo parece capaz de convencer os inimigos da realidade.

Dito e feito. Comentando sobre a pesquisa em vídeo para o Manhattan Institute, o professor de Harvard afirma ter encontrado na imprensa uma “absoluta recusa em lidar com os dados”, e até mesmo uma “insistência” para que não fossem publicados. Recusa, aliás, já velha conhecida de Fryer, que, em 2016, publicara estudo rechaçando empiricamente a hipótese de racismo contra negros nos casos de letalidade policial. Antes e pelo contrário, a pesquisa concluía que, entre os negros, o número de vítimas de disparos de armas de fogo portadas por policiais era menor do que em outros grupos raciais.

Mas a falta de representatividade da agenda antipolícia não pode ser deduzida apenas da opinião individual de intelectuais e políticos negros críticos ao BLM. As pesquisas de opinião mostram-no ainda mais. Segundo dados recentes do Rasmussen Reports, 64% dos americanos temem que as campanhas antipolícia promovam a redução no número de agentes da lei e, consequentemente, o colapso da segurança pública em seus bairros. Quando se adota um recorte racial, a discrepância entre a causa dos ideólogos do BLM e as preocupações do cidadão comum fica ainda mais evidente, pois, dentre todos os americanos, são justamente os negros (67%) quem mais temem aquele colapso.

Portanto, a agenda antipolícia apenas instrumentaliza os sentimentos de indignação da população em face de casos esporádicos (mas, via propaganda maciça, convertidos em “sistêmicos”) de brutalidade policial contra negros. Seus reais mentores (bilionários brancos como George Soros) não poderiam ligar menos para o destino daqueles que usam como pretexto, pois, isolados e muito bem protegidos, jamais experimentam na própria pele as consequências daquilo que promovem.

É significativo que, tendo começado por pregar o desarmamento civil com o argumento de que cabia exclusivamente à polícia o dever de proteger o cidadão, os agentes do caos decidam agora haver chegado o momento (etapa revolucionária subsequente) de sucatear e desarmar essa mesma polícia. Como veremos no próximo artigo, analisando o exemplo da ditadura chavista na Venezuela, o aumento da criminalidade violenta é, em ampla medida, um efeito previsto e desejado por desarmamentistas e “despoliciamentistas” – como instrumento de desestabilização social, controle político e concentração de poder, em estratégia que poderia ser resumida no comando: Release the Lumpen!

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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