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Comitiva de parlamentares brasileiros na frente do Congresso norte-americano, em Washington.
Comitiva de parlamentares brasileiros na frente do Congresso norte-americano, em Washington.| Foto: Dr. Victor Hugo e Marco Aurélio

Na coluna do dia 29 de fevereiro, comentei sobre o fiasco da democracia cenográfica no Brasil. E alertei sobre o fato de que, inclusive no exterior, o teatro montado pelo regime petista e seus companheiros de toga, com a prestimosa ajuda da imprensa amestrada, começava a ficar mais exposto. Eis o que então escrevi sobre a ficção de democracia:

“A trama está cada vez mais ridícula e apelativa. Os atores, cada vez mais canastrões. E o roteiro convence cada vez menos gente (...) Mas, se antes eram só os brasileiros os incomodados com uma produção de tão baixa qualidade, que faz tão pouco caso da inteligência do espectador, agora o mundo inteiro parece começar a se dar conta do que acontece por trás das coxias e dos bastidores do nosso teatro (cada vez mais mambembe) de democracia.”

Eis que, proveniente do norte, atingiu-nos recentemente uma lufada de realidade que tornou ainda mais difícil a vida dos nossos dublês de democratas. Nos EUA – país que, apesar do esforço em contrário por parte de Joe Biden e do Partido Democrata, ainda é o principal modelo de democracia liberal –, merecem destaque especial dois acontecimentos relativos à situação política no Brasil. O primeiro foi a negativa do governo americano em extraditar Allan dos Santos, perseguido político de Lula e Alexandre de Moraes, que têm movido mundos e fundos junto à administração democrata para arrancar o jornalista do exílio e encarcerá-lo indefinidamente numa das masmorras do regime, nas quais já morreram dois presos políticos. O segundo foi a comitiva formada por parlamentares e jornalistas brasileiros exilados na América, que conseguiram estabelecer importantes contatos com congressistas americanos e denunciar o regime de exceção ora vigente no Brasil. A repercussão foi tanta que até Elon Musk chegou a se mostrar alarmado com a situação dos perseguidos políticos no Brasil.

Para além dos limites do ambiente controlado da claque jornalística que tudo aplaude, não há de convencer ninguém um espetáculo de autocelebração da democracia que comece por punir opiniões e criminalizar críticas aos poderes da República

Sobre o caso da não extradição de Allan dos Santos, a Folha de S.Paulo publicou ontem, dia 13, reportagem intitulada “EUA negam extradição de Allan dos Santos por crime de opinião e têm reunião tensa com Brasil”. Sobre a recusa americana em ceder às pressões do regime brasileiro, a matéria informa:

“Depois da resposta oficial, as autoridades dos EUA vieram ao Brasil para uma reunião no Ministério da Justiça para tratar do tema. Do lado brasileiro, estavam representantes da pasta e da Polícia Federal. Do lado dos EUA, agentes do FBI (a polícia federal americana) e integrantes de agências de imigração. A argumentação dada pessoalmente no encontro foi a de que os crimes pelos quais a prisão de Allan dos Santos foi determinada não eram tipificados nos Estados Unidos. Mais do que isso: o comportamento do militante bolsonarista estava amparado na liberdade de expressão, segundo o entendimento dos americanos.”

Na mencionada reunião, informa ainda a reportagem, representantes do regime lulopetista apresentaram o espetáculo “Democracia Inabalada” para as autoridades americanas, exibindo um vídeo terrificante contendo as falas “golpistas” do grande vilão Allan dos Santos, o inimigo público número um da democracia. Mas o efeito dramático não foi o desejado e, em vez de horror e indignação, tudo o que conseguiram arrancar dos espectadores foram bocejos de enfado. Lê-se na reportagem da Folha:

“Em um dos momentos de maior tensão, as autoridades brasileiras veicularam um vídeo legendado em inglês com as falas golpistas de Allan dos Santos. De acordo com relatos, um dos representantes dos EUA então rebateu e disse que eram ‘só palavras’.”

Obviamente que a reação do público irritou os vaidosos produtores do espetáculo, que parecem não compreender que não existe crime de opinião em democracias da vida real. Portanto, para além dos limites do ambiente controlado da claque jornalística que tudo aplaude, não há de convencer ninguém um espetáculo de autocelebração da democracia que comece por punir opiniões e criminalizar críticas aos poderes da República. Se o Ministério da Justiça pretendia comover alguém com o seu drama sensacionalista contra Allan dos Santos, talvez devesse ter convidado Reinaldo Azevedo, Míriam Leitão e Daniela Lima para a audiência, e não autoridades americanas. Do jeito que a coisa foi feita, o feitiço acabou virando contra o feiticeiro, e o pedido de extradição recusado virou uma prova inconteste de que, no Brasil de hoje, só há democracia nos palcos e nas telas armados pelo regime.

O segundo evento ocorrido nos EUA foi ainda mais significativo na exposição da natureza do presente regime brasileiro. Depois da entrevista por eles concedida ao jornalista americano Tucker Carlson, cuja repercussão foi grande nos EUA, o deputado Eduardo Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo foram convidados pelo deputado republicano Christopher Smith para testemunhar numa audiência no Congresso dos EUA, na Comissão dos Direitos Humanos Tom Lantos. Com o título “Brasil: Uma crise de democracia, liberdade e Estado de Direito?”, a audiência estava marcada para o último dia 12 de março, quando foi bloqueada pelo deputado democrata Jim McGovern, um extremista de esquerda, simpático às ditaduras socialistas latino-americanas e copresidente da comissão, junto com Chris Smith.

Apesar do entrave no evento – que só serviu para chamar mais atenção dos parlamentares republicanos para o caso brasileiro –, o deputado Chris Smith convidou Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo para uma coletiva de imprensa em frente ao Capitólio, na qual estiveram presentes vários outros parlamentares brasileiros. Dentre os parlamentares presentes, além de Eduardo Bolsonaro, discursaram Bia Kicis, Gustavo Gayer e Marcel van Hattem, entre outros, que dispuseram de um espaço importante para denunciar ao mundo a presente situação brasileira. Mas, para além da participação dos parlamentares brasileiros, talvez o fato mais relevante tenha sido o pronunciamento do próprio congressista americano Chris Smith, a primeira manifestação oficial de uma autoridade americana condenando abertamente a ditadura socialista instaurada no Brasil. Em suma, em termos de crítica internacional, os produtores de Democracia Inabalada – o espetáculo parecem estar em maus lençóis...

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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