Foto: Juan Barreto/AFP| Foto:

O PT tem um plano de governo para o caso da vitória de Haddad. O documento, divulgado publicamente em 11 de setembro passado e disponível para download, possui um teor claramente chavista e bolivariano. Marco Antonio Villa, no Jornal da Manhã de 1.º de outubro (disponível no canal de YouTube da Rádio Jovem Pan), expõe apenas alguns pontos do programa, o suficiente para acender a luz de emergência em qualquer pessoa que valorize minimamente a liberdade e os valores democráticos. Eu recomendo tanto a leitura do documento quanto o vídeo do referido jornalista, mas creio ser possível resumir tudo o que o PT pretende fazer caso vença as eleições deste ano em apenas cinco palavras: transformar o Brasil em Venezuela. E, para que essa ameaça fique ainda mais clara na sua mente, gostaria de compartilhar uma entrevista que fiz esta semana com um venezuelano, asilado político aqui nos Estados Unidos.

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Bom dia. O senhor poderia dizer o seu nome, idade e profissão?

Meu nome é Juan Corona, sou advogado criminalista de formação, ex-integrante do Colégio dos Advogados da Venezuela [nota: equivalente à OAB brasileira]. Atualmente trabalho como motorista de Uber aqui na Flórida.

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Há quanto tempo está nos Estados Unidos?

Estou completando um ano morando aqui.

Como foi sua vinda? Trouxe sua família junto?

Minha família ainda está na Venezuela. Eu consegui atravessar a fronteira com a Colômbia e de lá peguei um voo para os Estados Unidos. Entrei no país como refugiado político e estou aguardando meu pedido de asilo permanente ser autorizado para poder trazer esposa e cinco filhos. Infelizmente, me disseram que esse processo pode levar dois anos.

Você disse que pediu asilo político. Quais as bases do seu pedido? O que lhe aconteceu na Venezuela para justificá-lo?

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Tive uma carreira muito bem sucedida como advogado. Posso dizer que éramos ricos; não milionários, mas ricos. Sempre fui um defensor de nossas leis e um opositor do chavismo. Mas, quando Chávez morreu e Maduro assumiu o poder, as coisas pioraram ainda mais. Por isso, comecei a articular, juntamente com outros advogados do Colégio, ações judiciais com o intuito de cancelar alguns dos absurdos que Maduro vinha fazendo. Rapidamente, a imprensa “oficial” jogou os chavistas contra nós, nos retratando como ricos e poderosos a serviço do império americano. Para resumir um pouco a história, dois de meus colegas foram mortos em ataques armados e eu levei um tiro na coxa [Juan interrompe um pouco a narração, levanta-se e mostra a cicatriz do ferimento à bala]. Depois disso, diversos de nós fomos presos por crime político; fiquei seis meses numa cela com mais de 30 pessoas, todos presos por crime de opinião ou agitação de massas. Só consegui sair de lá porque uma ONG internacional de defesa dos direitos humanos intercedeu por mim junto ao governo de Maduro, que me concedeu a liberdade condicionada ao meu silêncio e inação dali por diante em relação a qualquer questão política e governamental. Mesmo liberto, senti que minha vida continuava em perigo iminente, e resolvi sair do país.

Como está sua família? Eles também correm algum risco? Como se mantêm agora que você não está mais por perto?

Minha família, como todas as famílias venezuelanas, está à mercê do crime e da violência. Tenho muita preocupação com minhas filhas e meu filho, pois saem todos os dias para ir à escola e estão expostos à criminalidade. Maracaibo, onde vivem, não é a região mais perigosa do país, mas não há mais lugar seguro na Venezuela. Quanto ao seu sustento, estão todos dependendo de mim. Trabalho 14 horas por dia fazendo Uber e Lyft [aplicativo concorrente do Uber aqui nos EUA, detentor de fatia considerável do mercado] e estudo inglês à noite. Meu objetivo é me tornar fluente na língua para poder fazer um curso de paralegal [um paralegal é um assistente de advocacia que geralmente prepara os casos e faz o trabalho de pesquisa e preparação de documentos para os advogados de uma determinada firma] e assim retomar minhas atividades profissionais aqui na América. Enquanto isso, envio dinheiro todos os meses para sustentar minha esposa, meus cinco filhos, minha mãe, meu pai, minha irmã e minha sobrinha. São dez pessoas vivendo do meu salário, 11 se contar comigo.

Como você consegue enviar o dinheiro para eles? O governo Maduro não impossibilita, ou pelo menos dificulta esse tipo de transferência?

Eu acabo dependendo de pessoas que conhecemos por lá e que têm conta corrente aqui e lá. Transfiro o dinheiro aqui nos EUA e eles entregam a quantia menos uma “taxa de transação” para minha esposa.

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Nós ouvimos sempre falar que falta comida e até papel higiênico ao povo venezuelano. Eu me lembro que o time do Corinthians, em viagem à Venezuela, ficou chocado com a pobreza e miséria dos empregados do hotel em que ficaram, a ponto de se sentirem mal por comer boas refeições na frente de gente que estava havia mais de um dia sem comer nada. A comoção foi tanta que fizeram uma vaquinha e deixaram uma boa quantia de dólares para que os empregados dividissem entre si. Como é a situação em Maracaibo? Sua família enfrenta algo semelhante?

Na Venezuela não falta só comida e papel higiênico, falta tudo. Todos os dias falta energia na casa onde mora minha família. Falta carne com muita frequência, e faltam medicamentos de todo tipo. Peço a Deus diariamente que mantenha a saúde de cada um de meus queridos, porque qualquer doença mais grave pode significar a morte. Minha família, que consegue receber o dinheiro que mando, ainda consegue comer todos os dias e viver com um mínimo de conforto. A parte mais pobre da população está morrendo ou fugindo para os países em volta.

Qual é a sua esperança para seu país natal, se é que você ainda tem alguma?

Eu amo a Venezuela. Amo meus filhos e choro todos os dias, porque à noite, antes de dormir, fazemos uma chamada de Skype e nos vemos. No meu aniversário, primeiro que passei sozinho aqui, minha filha mais jovem [a menina tem 14 anos de idade] não conseguia parar de chorar. Até um tempo atrás, combinávamos de jantar juntos, com o Skype ligado, mas aquilo me cortava o coração, pois a comida que eles conseguem comprar é muito inferior ao que qualquer pobre tem aqui nos EUA. Quero muito obter meu Green Card para poder trazê-los, mas quero mais ainda poder voltar e ajudar a reconstruir o meu país. Infelizmente, só vejo uma solução possível: que o senhor Trump ajude nossos militares que ainda estão do lado certo, ou que mande as forças americanas para uma intervenção na Venezuela. Fizeram isso em outros países, como o Iraque, não fizeram? Por que não fazer com a Venezuela? Nosso povo está morrendo. Meu país está caindo aos pedaços. Sem uma decisão do senhor Trump, acho impossível que a ditadura acabe.

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Para terminar, o que você teria a dizer aos brasileiros que elegerão seu novo presidente em breve?

Primeiro, que vocês precisam evitar a todo custo que o Brasil caminhe para se tornar uma Venezuela. Lula é um demônio, ele não pode voltar ao poder. [informo ao Juan que Lula está preso e que outra pessoa de seu partido está concorrendo]. Não importa, aqui tivemos Maduro depois de Chávez, tudo só piora. Lula, Evo, Kirchner, Castro, são todos demônios. Segundo, que coloquem alguém que possa nos ajudar, porque todos os nossos vizinhos sofrerão com nossa queda. Somos um fardo para a América do Sul e seremos cada vez mais. Precisamos de ajuda dos Estados Unidos e de vocês, do Brasil, e do Chile, e da Argentina, e da Colômbia, que acabou de eleger um bom presidente.

***

Ao chegar em casa, depois de ter passado três dias longe dos meus filhos, contei a história de Juan para minha esposa, e choramos juntos. Dois dias depois, quando li o programa de governo do PT, decidi o tema desta última coluna antes do primeiro turno.

Prezado(a) leitor(a), quero dizer-lhe apenas mais uma coisa: esta é a última batalha, e ela não pode ser vencida pelo PT. O Brasil precisa mostrar que é mais forte que essa quadrilha criminosa que nos destruiu por 13 anos. O Brasil precisa mostrar que não será uma Venezuela, que não aceitará o destino bolivariano, que não dará a chance última e fatal para que Haddad implemente o projeto ditatorial há tanto tempo sonhado por Lula e por toda a cúpula do partido. Esse é o momento de convencer pessoas, de usar argumentos em vez de xingamentos, de virar o voto dos mais simples, daqueles que ainda acreditam que viviam melhor quando Lula era presidente. A última batalha é também a mais importante. Ela precede o fim da guerra. Sem maniqueísmos, sem exageros, a maior desgraça que pode sobrevir sobre o povo brasileiro é a volta do PT à presidência da República.

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