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Assalto em Criciúma, em Santa Catarina, teve ataque a bancos e instalações policiais.| Foto: Caio Marcello/Agif

De vez em quando, algum acontecimento de grandes proporções traz à tona uma crise que jamais acaba no Brasil, a crise da segurança pública. Dessa vez, foi o assalto a banco de caráter cinematográfico que se deu em Criciúma (SC), na madrugada de terça-feira.

Embora algo assim sirva de estopim para uma nova rodada de artigos de opinião (como este) e discussões sobre o tema, um assalto com esse nível de preparação e planejamento tem pouca correlação com os problemas de criminalidade que o Brasil enfrenta em suas grandes cidades. Na verdade, aquilo que de fato movimenta a bandidagem brasileira continua acontecendo todos os dias, de forma tão corriqueira que ninguém mais parece se impactar. Estou falando dos crimes relacionados ao tráfico de drogas, que incluem desde assassinatos nas periferias onde traficantes se mantém encastelados a roubos menores perpetrados por “trainees” do tráfico e também por viciados que precisam saldar dívidas com seus fornecedores.

Muito se falou, principalmente durante a campanha presidencial de 2018, sobre o alarmante número de mortes violentas que o Brasil vinha apresentando na última década. Entre 2010 e 2017, esse número não parou de crescer, passando de 43 mil a quase 60 mil brasileiros mortos a cada ano. No total desses oito anos, 427 mil pessoas morreram de forma violenta no país, um verdadeiro massacre macabro sob qualquer aspecto ou comparativo mundial. Grande parte da culpa pertence ao governo petista, que implementou paulatinamente políticas lenientes na área de segurança, criando um ambiente generalizado de impunidade e uma sensação de impotência na população em geral.

Quem dera nosso maior problema de segurança pública fosse um assalto a banco épico a cada década

Com o impeachment de Dilma Rousseff, o enfraquecimento do Partido dos Trabalhadores em todo o país – em 2018, o PT perdeu a eleição presidencial e levou apenas quatro governos estaduais – e dois anos e meio de governo Temer, houve mudanças positivas nas iniciativas de combate ao crime nos níveis federal e estadual, levando a uma redução de quase 13% no número de vítimas de 2017 para 2018. Finalmente, com a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, essa tendência se acentuou e, no fim de 2019, o Brasil teve o menor número de mortes violentas desde 2010, 41.635. Infelizmente, em 2020 a curva se reverteu, com alta de 6% no número geral de mortos na primeira metade do ano. Quem puxou essa alta foram os estados do Nordeste, não por coincidência onde se concentram os quatro governadores petistas e o único governo estadual do PCdoB.

Não deveria ser surpresa para ninguém que governos de esquerda, especialmente da esquerda revolucionária-radical, são os que mais estimulam a criminalidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde as políticas de segurança pública são ainda mais locais, em nível de condado e município, 95% das cidades mais violentas do país são de governo democrata, a maioria delas com o partido há décadas seguidas no poder. Muito se falou, na grande imprensa brasileira, das consequências terríveis que a entrada de Bolsonaro traria ao Brasil no tocante à flexibilização da posse de armas. Eu já analisei e critiquei, em artigo passado, a ação tímida do presidente nesse sentido, e continuo afirmando: a flexibilização que ele impôs às regras de obtenção de licença para adquirir uma arma de fogo foi muito pequena e, embora tenha mexido em um ponto extremamente importante – a discricionariedade do agente público na concessão de licença –, não levou nem de longe ao faroeste que estava sendo previsto pela grande mídia, muito pelo contrário.

Enfim, diante da ressurreição do assunto “segurança pública” ocorrido por causa do assalto de Criciúma, urge listarmos novamente as necessidades prementes de ação do Estado brasileiro para evitar que o número de vítimas volte a subir:

  • aprimorar a inteligência policial em nível estadual e a comunicação entre polícias nos níveis interestadual e federal, facilitando o acesso a informações importantes obtidas em investigações e inquéritos;
  • combater o tráfico na raiz, focando a atenção da Polícia Federal nas operações de fronteira;
  • revogar o Estatuto do Desarmamento e criar condições legais para que o cidadão obediente à lei possa ter sua arma tanto em casa quanto em seus deslocamentos, abrindo a possibilidade de porte para além da lista restrita de privilegiados que a possuem hoje;
  • reformar o Código Penal a fim de que a defesa própria não seja punida como crime;
  • e construir novos presídios de segurança máxima.

Não deveria ser surpresa para ninguém que governos de esquerda, especialmente da esquerda revolucionária-radical, são os que mais estimulam a criminalidade.

Esses cinco pontos são básicos e, como se poderia esperar, contrários à agenda de qualquer partido de esquerda desse planeta. Bolsonaro tem mais dois anos de presidência pela frente, tempo suficiente para dar bons passos em direção ao que precisa ser feito. Se ele fará algo a respeito, ninguém sabe. Mas que ele prometeu fazer, isso está gravado em seus vídeos de campanha.

Quem dera nosso maior problema fosse um assalto a banco épico a cada década. Nosso problema continua sendo a falta de liderança política e de representantes que se importem, ainda que minimamente, com a população.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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