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O ministro do STF Luís Roberto Barroso.
“Nós somos muito poderosos. Nós somos a democracia. Nós é que somos os poderes do bem”, afirmou Luís Roberto Barroso durante evento na Universidade Harvard.| Foto: Carlos Alves Moura/SCO/STF

Depois de sete semanas falando de um único tema por aqui, aparentemente descolado do dia a dia, mas muito mais relevante do que qualquer outra coisa, procurar outro assunto para escrever é como querer jogar polo aquático sem saber nadar padecendo de uma ressaca tendo mais de 40 anos de idade.

No caso, nunca joguei polo aquático, até sei nadar, mas tenho mais de 40 e estou cá a trabalhar em pleno feriado de Tiradentes numa ressaca real daquelas. Ou seja, todos os assuntos me interessam tanto quanto o da reprodução das lesmas, se eu soubesse como elas se reproduzem.

Fiquei curioso, fui pesquisar. E não é que é interessante? Não fazia ideia. Quando é chegada a época de acasalar, exalam um cheiro que atrai outra lesma, sobem num galho qualquer fazendo uma espécie de rapel com a gosma produzida pelo abraço que se dão. Vem, então, o tchananam: os órgãos sexuais saem de trás de suas cabeças. Aí começa o batidão do funk, que dura em torno de uma hora e ambas as lesmas saem fertilizadas no final. Sim, porque as lesmas são hermafroditas, outra coisa que não fazia ideia.

Queria fazer parte da turma dos poderes do bem que se autointitula “nós somos a democracia”. Ajudai-me, ó ministro portador das luzes do esclarecimento, a me converter

E isso é tudo o que tenho a dizer sobre as brigas políticas neste país, seja do STF contra o presidente, seja da direita com a esquerda etc.

Com isso a crônica já poderia terminar, mas parece pouco. Como o Negroni de ontem, aliás. Falando em funk, e o Johnny Depp? Você viu, leitor, o julgamento de uma ação movida por ele contra a ex, transmitida no YouTube pelo canal Law&Crime Network? Nem eu, só fui saber da existência porque a imprensa brasileira noticiou que ele revelou que nunca assistiu aos filmes da franquia Piratas do Caribe. Não o culpo.

E isso é tudo o que você precisa saber sobre o noticiário na maioria da imprensa brasileira sobre a condenação do deputado Daniel Silveira.

E a guerra na Ucrânia? Alguém ainda obcecado com o que se passa lá ou ficou chato de acompanhar? Porque a gente finge bem que se interessa durante umas duas semanas, no máximo, confessemos. Daí a necessidade de novos horrores ou escândalos para nos manter engajados nesse quase completo desperdício de vida que é o mundinho das redes sociais.

E isso é tudo o que o Mamãe Falei ganhou.

O que mais? Sergio Moro se achando o Homem de Ferro. Risos. Pausa (me engasguei). Parênteses. Não entendo muito de marketing, menos ainda o político, mas não parece óbvio que sua persona como candidato deveria ser a de um Capitão Nascimento do Judiciário? Mas essa ridícula tentativa de parecer “xóvem” e descolado... Além de não conquistar voto de ninguém, ainda perde o de suas viúvas. Fecha parênteses.

Uma última olhada nos trending topics do Twitter e descubro que o presidente da República concedeu a graça para o deputado condenado. E isso é tudo o que faltava para me fazer voltar a beber. Porque, né? É feriado, me poupe. A sexta-feira a gente emenda no fim de semana e lá pela segunda estou recuperado da ressaca, tenho certeza. Ou estarei supervalorizando o inimigo, ministro Barroso? Queria fazer parte da turma dos poderes do bem que se autointitula “nós somos a democracia”. Ajudai-me, ó ministro portador das luzes do esclarecimento, a me converter e… MANO, olha esse vídeo do órgão sexual da lesma saindo de trás da cabeça!

E isso é tudo o que você precisa saber sobre o "fluxo contínuo na direção do bem e do avanço civilizatório”.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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