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Foto: Miguel Schincariol/AFP
Foto: Miguel Schincariol/AFP| Foto:

Enquanto isso, no mundo encantado do ninguém-solta-a-mão-de-ninguém-cadê-o-Jean?, o carnaval foi proibido. Por quem? Não sei, deve ser pela Daniela Mercury e o Caetano Veloso, porque assim começa sua mais nova musiquinha: “Está proibido o carnaval nesse país tropical”.

A canção é intitulada Proibido o Carnaval, cujo videoclipe foi lançado na última terça-feira. Assista por sua conta e risco, mas alerto que será exigida muita compaixão porque dá dó assistir à senhorxs de idade vestidxs e tentando se mover como se jovens fossem. A certa altura temi Caê estivesse tendo um AVC. Espero esteja passando bem, aliás.

Mas a música não é ruim, não. Não tendo de assisti-lxs passando vergonha, dá para escutar tranquilamente. É divertida, animada, lúdica. Se bem que é melhor não dar atenção demasiada à letra. Porque a estrofe seguinte provoca nossa fantasia nos levando a imaginar como seriam essxs senhorxs peladxs no meio da rua. Daí dizem que suas almas não têm tampinha, nem roupinha, nem caixinha, só asinha. Asinha de quê? Falei pra não dar atenção, não falei?

Menos mal que o que vem na sequência é ininteligível, aquele mais do mesmo da tradicional família da tropicália em que uma palavra não tem nada a ver com a outra e de repente salta um “Salvador é a nova Grécia” boiando no meio do nada, para depois vir um “o corpo é meu, ninguém toca” e alguns versos depois lascar um “venha me beijar”, com o clímax da coisa toda sendo: “Abra a porta desse armário que não tem censura pra me segurar”.

Ué, mas se não tem censura pra lhe segurar, então abra você mesmo a porta do armário e obrigue quem lá dentro esteja a sair. Talvez seja melhor a letra não fazer sentido mesmo, né, senhorxs? Enfim, no fim do videoclipe Daniela o dedicou a Jean Willys, chamando de “amigo amado e incansável guerreiro”. Não entendi esse tratamento com artigos masculinos definindo o gênero do amigx. Não era proibido proibir? De qualquer forma, fiquei feliz ao ler isso, sinal de que há lapsos de realidade nesse mundo encantado, embora seja engraçadíssimo ver alguém chamar de incansável quem cansou e foi para alguma London, London que nunca é Caracas, Caracas.

Se Salvador é a nova Grécia, sua ágora só pode ser algum evento da UNE. Está acontecendo um neste momento, aliás, parece que é uma espécie de Bienal. Na última quinta, quem por lá esteve foi o espartano Ciro Gomes, aquele que prometeu receber a turma do Moro à bala e levar o Lula fugido do país. Mas Ciro cometeu um erro crasso no evento: falou a verdade. Aí não dá, Ciro. Ali proibiram o carnaval, não sabia?

Disse o ex-lulista, ex-tucano, ex-o que for necessário, segundo notícia desta Gazeta do Povo: “[O jovem] não está sequer ouvindo porque dói, dói demais você ouvir as coisas quando elas são verdadeiras e a referência totêmica, o totem deles [Lula], não responde mais. Tem coisa mais chata do que um jovem estar num bar defendendo corrupto?” Pior que tem, Ciro, é só acompanhar o trio elétrico da Daniela Mercury no carnaval que você verá.

É claro que os “estudantes” (sempre coloco aspas em estudantes, não liguem) não gostaram e o vaiaram. Aí já sabe como terminou o evento, não? Isso, com Ciro aos berros de “O Lula está preso, babaca!”. Gritou por três vezes, aliás. Ciro deve ser profeta também, já que a terceira condenação do totem ainda não aconteceu. Mas, pelo seu currículo, é mais provável venha a ser o São Pedro do presidiário depois de negá-lo por três vezes. Pena que o pessoal do reino encantado não entendeu seu enredo carnavalesco, Ciro!

Falando em enredos, qual o melhor do desfile das escolas de samba do reino encantado? Concorrem esse do Ciro, o da desistência do incansável Jean sendo tratada como exílio e o de que Lula só não ganhará o Nobel da Paz por causa do Poder Judiciário brasileiro. Eu acho que o do Ciro tem mais chances, sinceramente. Seja quem for o vencedor, uma coisa é inegável: de fantasia essa turma entende.

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