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Detalhe da “Madona de Stalingrado”.
Detalhe da “Madona de Stalingrado”.| Foto: Wikimedia Commons/Domínio público

A Batalha de Stalingrado, ocorrida entre 18 de julho de 1942 e 2 de fevereiro de 1943, foi uma das mais decisivas da Frente Oriental na Segunda Guerra Mundial. No verão de 1942, Adolf Hitler lançou uma grande ofensiva no sul da Rússia, tentando destruir o que restava dos exércitos soviéticos e capturar os campos petrolíferos do Cáucaso. O avanço inicial correu bem, e o 6.º Exército alemão, sob o comando do general Friedrich Paulus, recebeu ordens de capturar a cidade, com o apoio do 4.º Exército Panzer. Mas Stalin exigiu que ela fosse defendida a todo custo; assim, todos os soldados e civis disponíveis na região foram mobilizados para a batalha. Stalingrado foi pesadamente bombardeada pela Luftwaffe, e as ruínas se tornaram cenário para meses do mais terrível combate urbano. Em outubro, a maior parte da cidade estava nas mãos dos alemães, mas os russos se agarraram às margens do Rio Volga, através do qual transportavam reservas vitais.

Enquanto isso, o general soviético Georgi Zhukov reuniu novas forças em ambos os lados da cidade e, em 19 de novembro de 1942, lançou a Operação Uranus, um ataque maciço conduzido por 11 exércitos soviéticos das Frentes de Stalingrado e do Sudoeste, num movimento de pinças, que cercaram o exército de Paulus e destruíram o 3.º e o 4.º Exércitos romenos, que protegiam os flancos dos alemães. A União Soviética, tendo cercado o 6.º Exército, terminou por infligir uma derrota catastrófica aos exércitos alemães nesta cidade estrategicamente importante no Rio Volga, que levava o nome do ditador comunista Josef Stalin e hoje se chama Volgogrado.

A Madona no Inferno Branco

Em dezembro de 1942, em Stalingrado, de dia o céu cinzento descia sobre toda a extensão da estepe coberta de neve. À noite, uma fina foice de lua lançava uma luz fraca na cena congelada. O frio era impiedoso, entre -20ºC e -30ºC. Nos dias que antecederam o Natal, o céu só mudava de cor para ficar salpicado de rubro, quando os poucos prédios que restavam ardiam. Para as tropas alemãs cercadas, não havia tigelas com maçãs e nozes e havia apenas algumas pequenas árvores de Natal, que haviam sido incluídas nos pacotes de Natal das tropas e que chegaram por meio da ponte aérea que a Luftwaffe, usando aviões de transporte como o Junkers Ju-52, tentou manter para abastecer as forças cercadas. Qualquer homem que possuísse uma vela a deixaria queimar por alguns minutos, enfiada no gargalo de uma garrafa, ou em pé sobre uma tábua ao lado de suas mesas de alcance, ou em seu capacete, ou em uma caixa vazia, ou em algum galho que fora parte de um arbusto ou árvore. Então, ele iria apagá-lo e guardá-lo cuidadosamente. Ele precisaria daquela vela nas noites que viriam.

“Eu me perguntei por um longo tempo o que deveria pintar, e no fim decidi por uma Madona, ou mãe e filho. Transformei meu buraco na lama congelada em um estúdio.”

Kurt Reuber, autor da Madona de Stalingrado, em carta à esposa.

Como menciona Heinz Schroeter, numa casa de madeira perto de Vorponovo, 11 homens da 71.ª Divisão de Infantaria celebravam o Natal. No começo, eles cantaram Noite Feliz, Noite de Paz, e cantaram muito bem. Então, começaram outro hino, Jubiloso, venturoso, e um deles tocou a música em seu acordeão. Todos sabiam a letra da primeira estrofe: apenas três homens podiam cantar a segunda; na terceira, o silêncio se fez, exceto pelo acordeão. De repente, uma voz diferente cantou a terceira estrofe numa voz linda e forte. Veio do complexo adjacente onde os prisioneiros de guerra eram mantidos. Embora cantasse em alemão, o cantor era um soldado russo. Como citado por Antony Beevor, um tenente deu seus últimos cigarros, papel de carta e pão como presentes aos seus subordinados. “Eu mesmo não tinha nada”, escreveu ele para casa, “e, no entanto, foi um dos meus mais belos Natais e jamais o esquecerei”. Além de dar as rações de cigarros, os homens davam até o pão de que com tanta intensidade necessitavam.

Nesse cenário desolador, durante a quarta semana de cerco em Stalingrado, Kurt Reuber desenhou a StalingradMadonna, a Madona de Stalingrado, uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus. A peça é um esboço simples, desenhado a carvão, medindo 90 cm por 120 cm. Maria é retratada envolta em um grande xale, segurando o Menino Jesus perto de sua bochecha, com suas mãos protegendo-o firmemente. Na borda direita estão as palavras Licht, Leben, Liebe, “Luz, Vida, Amor”, retiradas do Evangelho de João. À esquerda, Reuber escreveu Weihnachten im Kessel 1942, “Natal no Caldeirão 1942”, e na parte inferior Festung Stalingrad, “Fortaleza Stalingrado”. Kessel, “Caldeirão”, era o termo alemão para uma área militar cercada, e “Fortaleza Stalingrado” era o rótulo usado pela imprensa nacional-socialista alemã para descrever o exército cercado em Stalingrado, passando fome e frio. Mas, para os oficiais e soldados cercados, a ordem de tornar a cidade uma fortaleza equivalia a uma “sentença de morte coletiva”, já que foram proibidos por Hitler de tentar uma ruptura ou rendição.

Um pastor e médico artista

Kurt Reuber nasceu em Kassel, em 26 de maio de 1906, e cresceu em um lar luterano caracterizado pela piedade pietista. A partir de 1913 frequentou a escola pública e, a partir de 1917, o liceu. Depois de terminar o colegial, em 1926, ele estudou Teologia em Betel, Tübingen e Marburg. Nessa época também assistia a palestras médicas e fazia aulas de pintura. Ele teve um encontro com Albert Schweitzer, e a amizade que daí nasceu foi marcante para a sua vida. Depois de estudar Teologia em 1930, trabalhou como pastor por um ano em Zella-Loshausen, em Hesse, e de 1931 a 1932 em Marburg. Nessa cidade ele fez contato com o grupo de pintores de Willingshausen e começou suas primeiras pinturas a óleo. Em 1932, Reuber frequentou o seminário teológico em Hofgeismar. Em 1933, completou seu segundo exame teológico e recebeu seu doutorado em Teologia em Marburg. Em 1.º de abril do mesmo ano, ele se tornou pastor na Igreja de São Martinho, em Wichmannshausen, no distrito de Werra-Meißner, em Nordhessen, e ao mesmo tempo começou a estudar Medicina na Universidade de Göttingen. Ele recebeu seu doutorado em 1938.

Por causa de sua postura antinazista, em outubro de 1939 Reuber foi convocado para servir no exército alemão, e a partir de novembro de 1942 serviu no 6.º Exército, como tenente e médico militar sênior no hospital da 16.ª Divisão Panzer. No auge da batalha ele fazia cirurgias durante 12 horas por dia. Ele ganhou uma licença, mas retornou dois dias antes do cerco. O dia em que o cerco foi consumado, 22 de novembro, era o dia de Finados para os protestantes na Alemanha. “Um sombrio Totensonntag 1942”, escreveu Reuber, “preocupação, medo e horror”. Cerca de 300 mil soldados alemães e romenos estavam presos na armadilha. Agora, eram eles que precisavam se esconder em trincheiras, casamatas e buracos improvisados. O major Wilhelm Grosse, comandante das Tropas de Apoio e Suprimento, às quais o hospital de Reuber era subordinado, mandou cavar uma casamata grande para encaixar dentro um piano abandonado. Como Antony Beevor escreveu, ali, debaixo da terra, sem ser ouvido acima e abafado pelas paredes de terra, tocava Bach, Händel, Mozart e a Sonata Patética de Beethoven. Sua interpretação era linda, mas também, parece, obsessiva. “O oficial comandante tocava mesmo quando as paredes tremiam nos bombardeios e o solo escorria”. Continuava tocando mesmo quando outros oficiais entravam para comunicar sobre o combate do lado de fora. Um contra-ataque alemão, ocorrido entre 12 e 23 de dezembro, lançado pelo 4.º Exército Panzer para tentar abrir um corredor e romper o cerco soviético, terminou em fracasso. O destino do 6.º Exército estava selado.

Luz nas trevas

A Madona de Stalingrado foi desenhada por Reuber em dezembro de 1942, a noroeste da cidade. O abrigo onde Reuber vivia foi dividido em dois por um cobertor pendurado. Em um lado, ele cuidava dos feridos e moribundos; no outro, onde ficavam seus minúsculos aposentos de dormir, ele desenhou a Madona de Stalingrado para a celebração do Natal, o último Natal que a maioria daqueles homens teria. Ele sabia que as palavras já não significavam muito para eles, mas que seus olhos ainda podiam ver. E, em silêncio, esta imagem da Mãe com seu Filho Jesus envolto em um manto branco que revela luz nas trevas tocou as almas de seus companheiros. Reuber escreveu para sua esposa, Martha:

“A semana do Natal chegou e se foi. Foi uma semana de observação e espera, de deliberada resignação e confiança. Os dias foram preenchidos com o barulho da batalha e havia muitos feridos a serem atendidos. Eu me perguntei por um longo tempo o que deveria pintar, e no fim decidi por uma Madona, ou mãe e filho. Transformei meu buraco na lama congelada em um estúdio. O espaço era muito pequeno para que eu conseguisse ver a imagem direito, então subi em um banquinho e olhei de cima para baixo, para acertar a perspectiva. Tudo era repetidamente derrubado e meus lápis desaparecem na lama. Não há nada em que apoiar minha grande foto da Madona, exceto uma mesa inclinada feita em casa, com a qual consigo me espremer. Não há materiais adequados e usei um mapa russo como papel. Mas eu gostaria de poder dizer a você o quão absorto tenho pintado minha Madona e o quanto isso significa para mim.”

“Seja oficial ou simples soldado, Nossa Senhora sempre foi objeto de contemplação externa e interna.”

Kurt Reuber, em carta à esposa.

E ele continuou: “A imagem [da Madona] foi assim desenhada: a cabeça da mãe e a da criança se inclinam uma para a outra, e um grande manto envolve as duas figuras. Destina-se a simbolizar ‘segurança’ e ‘amor materno’. Lembrei-me das palavras de São João: luz, vida e amor. O que mais posso dizer? Quis sugerir essas três coisas na visão caseira e comum de uma mãe com seu filho e a segurança que eles representam”. E ainda: “Se você considerar nossa situação, na qual nos cercam trevas, morte e ódio – o nosso desejo é de luz, vida, amor, que é tão infinitamente maior em cada um de nós!”

Reuber apresentou este trabalho a seus companheiros sofredores em um culto na véspera de Natal, 24 de dezembro, como um sermão visível do Evangelho. Os soldados cantaram Noite Feliz juntos, Grosse fez um discurso. E então Reuber mostrou a pintura para seus camaradas. Iluminados por uma vela, os soldados viram a Madona pela primeira vez. Ele descreveu este como um momento de devoção cristã compartilhada por todos ali reunidos: “Quando, de acordo com o antigo costume, abri a ‘Porta de Natal’ [...], a porta de ripas de nosso bunker, e os camaradas entraram, e eles ficaram como se estivessem fascinados, devotos e comovidos demais para falar diante do quadro na parede de taipa. Uma lamparina ardia em uma tábua enfiada na argila sob o quadro. Toda a celebração aconteceu sob a influência dessa imagem, e eles leram atentamente as palavras: luz, vida, amor. [...] Seja oficial ou simples soldado, Nossa Senhora sempre foi objeto de contemplação externa e interna”. E acrescentou: “Fui a todos os bunkers, levei meu desenho para os homens e conversei com eles. Como eles se sentaram diante dela! Era como estar em suas queridas casas com suas mães neste feriado”. O relato de uma testemunha ocular indica que o estreito bunker tornou-se uma capela por meio desta imagem.

Ele concluiu o relato: “Passei a noite de Natal com os outros médicos e os doentes. O comandante [Grosse] enviou uma carta [...] e sua última garrafa de vinho. Erguemos nossas canecas e bebemos por aqueles que amamos, mas antes que tivéssemos a chance de provar o vinho tivemos de nos jogar no chão quando uma bomba caiu do lado de fora. Peguei minha maleta de médico e corri para o local das explosões, onde havia mortos e feridos. Meu abrigo com suas lindas decorações de Natal tornou-se um lugar de curativos. Um dos moribundos havia sido atingido na cabeça e não havia mais nada que eu pudesse fazer por ele. Ele esteve conosco em nossa comemoração e só teve aquele momento antes de voltar ao serviço, mas antes de ir ele disse: ‘Vou terminar a canção primeiro. Jubiloso, venturoso!’ Alguns momentos depois disso ele morreu. Havia muito trabalho árduo e triste a se fazer em nosso abrigo de Natal. Já é tarde, mas ainda é noite de Natal. E tanta tristeza por todos os lados”. Ele encerrou, descrevendo o impacto da pintura: “A imagem cativa as pessoas, cristãos e não cristãos. [...] A paz e a segurança que emanam desta imagem estão em tensão com as circunstâncias desesperadoras de sua criação no Caldeirão de Stalingrado, em 1942”.

“Se você considerar nossa situação, na qual nos cercam trevas, morte e ódio – o nosso desejo é de luz, vida, amor, que é tão infinitamente maior em cada um de nós!”

Kurt Reuber, em carta à esposa.

Suas últimas palavras para sua esposa foram: “Eis a criança, o Primogênito de uma nova humanidade, nascido na dor, ofuscando toda escuridão e tristeza. Que seja um símbolo de uma vida vitoriosa e voltada para o futuro que queremos amar ainda mais fervorosa e genuinamente depois de toda a experiência da morte, uma vida que só vale a pena ser vivida se for radiantemente pura e calorosa para amar”. E concluiu: “Então, bem no final, antes do nada, sob o feitiço da morte – que reavaliação de valores ocorreu em nós! É assim que queremos aproveitar este tempo de espera em família, no serviço, entre as pessoas. Em meio ao nosso caminho do advento rumo à morte, já brilha a alegre luz do Natal como o nascimento de uma nova era na qual – por mais difícil que seja – queremos mostrar-nos dignos da nova vida que nos foi concedida”.

A Madona de Stalingrado foi transportada para fora do Caldeirão pelo seriamente adoentado major Grosse, num avião de transporte Heinkel He-111, que decolou do aeroporto de Pitomnik para fora da área do cerco, em 6 de janeiro de 1943. Dez dias depois o aeroporto foi tomado pelos russos. O 6.º Exército resistiu até 2 de fevereiro de 1943, quando seus remanescentes exaustos se renderam. Após a rendição, Reuber foi levado para o cativeiro soviético, onde continuou cuidando de seus companheiros. Ele foi enviado ao campo de prisioneiros de guerra n.º 97 para oficiais, em Ielabuga, cerca de mil quilômetros a nordeste de Stalingrado, no Tartaristão.

Nesse campo Reuber pintou um segundo quadro, para o Natal de 1943, e a pintura foi feita para o jornal dos prisioneiros. Ele a intitulou de “Madona dos Prisioneiros”. Reuber morreu alguns dias depois, após contrair tifo, em 20 de janeiro de 1944. Ele foi enterrado em uma cova coletiva, e a “Madona dos Prisioneiros” foi entregue à família Reuber, em 1946, por um soldado que foi libertado pelos comunistas. Em 17 de fevereiro de 1946 o pastor e poeta luterano Arno Pötzsch, que foi capelão naval, realizou uma cerimônia em memória de Reuber na Igreja de São Martinho. Foi erigida uma lápide memorial para ele no cemitério da ilha de Langeoog, nas Frísias Orientais. No topo da lápide há uma réplica da Madona de Stalingrado e o nome completo do pastor; no centro, uma descrição de seu perfil; e, na base, está escrito em alemão e russo: “Os russos mortos são nossos mortos também”.

A tragédia da titânica batalha de Stalingrado pode ser exemplificada em números. Os alemães e seus aliados italianos, húngaros, croatas e romenos perderam cerca de 700 mil homens durante a campanha, contando os 91 mil alemães feitos prisioneiros na cidade, dos quais 22 eram generais. Os mortos do lado soviético chegaram a 1,2 milhão, incluindo cerca de 950 mil militares. Dos 4 mil oficiais e soldados com que a 16.ª Divisão Panzer, de Reuber, contava em novembro de 1942, somente 128 sobreviveram à derrota e ao cativeiro. Dos 91 mil prisioneiros alemães, metade morreu na marcha para campos de prisioneiros, outra parte morreu no cativeiro, e apenas 6 mil voltaram para casa. Paulus, promovido a marechal-de-campo dois dias antes da rendição, no cativeiro se uniu ao Comitê Nacional por uma Alemanha Livre (NKFD), colaborando com os soviéticos. Durante o Julgamento de Nuremberg, em 1946, ele pediu a um jornalista para informar às esposas e mães que seus maridos e filhos que se renderam em Stalingrado estavam bem, embora soubesse que cerca de 90% deles já estavam mortos. Paulus faleceu em Dresden, na Alemanha Oriental, em 1957.

“Paz na terra aos homens”

A Madona, um autorretrato de Reuber, cerca de 150 outros desenhos, várias cartas e uma mecha do cabelo loiro da filha caçula, Ute, foram entregues à sua família. A Madona permaneceu com a família até que o presidente da Alemanha Ocidental, Karl Carstens, encorajou os três filhos de Reuber, Erdwin, Ute e Hartmute, a doar a obra para a Igreja Memorial do Kaiser Guilherme, em Berlim, para celebrar a paz e relembrar os mortos na Batalha de Stalingrado. Os três filhos de Reuber e o príncipe Louis Ferdinand, que servia como presidente do conselho de curadores da Igreja Memorial, compareceram à cerimônia de inauguração em 26 de agosto de 1983. O pastor da igreja, Knut Soppa, disse: “A morte reinou em Stalingrado, de ambos os lados, mas ele escreveu ‘vida’. Ele escreveu ‘luz’ quando havia escuridão no coração das pessoas. Ele escreveu ‘amor’ quando o ódio estava sendo pregado de ambos os lados para que as pessoas pudessem se matar. É por isso que eu sempre digo: as três palavras em seu ícone são o melhor sermão de Natal”.

“Eis a criança, o Primogênito de uma nova humanidade, nascido na dor, ofuscando toda escuridão e tristeza. Que seja um símbolo de uma vida vitoriosa e voltada para o futuro que queremos amar ainda mais fervorosa e genuinamente depois de toda a experiência da morte.”

Kurt Reuber, em carta à esposa.

A Madona original de Reuber permanece sendo exibida sob uma luz suave, pendurada em uma parede preta, num nicho na Igreja Memorial, em Berlim, mas cópias foram produzidas e são exibidas na Igreja Católica de São Nicolau de Mira (que homenageia o bispo que inspirou a figura de Papai Noel), em Volgogrado, e na Catedral de São Miguel, em Coventry, como um símbolo de reconciliação entre a Alemanha e seus inimigos durante a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido e a Rússia – aliás, na Rússia a cópia se encontra em Moscou desde 8 de maio de 2020, exibida na Catedral de São Pedro e São Paulo. Atualmente, no exército alemão o rosário utilizado pelos capelães tem a imagem da Madona de Stalingrado com as palavras “luz, vida e amor” claramente visíveis, e o 2.º Regimento Médico, estabelecido em 2015, tem como emblema a Madona de Stalingrado. A associação de veteranos austríacos de Stalingrado usa a imagem em seu estandarte. Além disso, em inúmeras igrejas da Alemanha e da Áustria são exibidas reproduções dessa imagem feitas com as mais diversas técnicas artísticas.

A Madona de Stalingrado permanece, 80 anos depois, como uma poderosa lembrança em prol de segurança em tempos de desespero, morte e ódio, e do triunfo final da paz que vem de Deus, asseguradas pela encarnação graciosa e misericordiosa do único Salvador, o Senhor Jesus, o Messias, o descendente de Davi, nascido da Mãe de Deus em Belém da Judeia, e anunciado na fala do anjo aos pastores, nos campos na região: “Não tenham medo! Estou aqui para lhes trazer boa nova de grande alegria, que será para todo o povo: é que hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto servirá a vocês de sinal: vocês encontrarão uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura”. Em resposta a tão belo anúncio, o exército celestial reverberou, dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor” (Lucas 2,10-14).

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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