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Ela era muda, mas falava com os olhos, ela enxergava o mundo e não podia se expressar, internamente ela buscava forças para agir e sair daquela condição, mas os olhares eram de pena, de indiferença e ninguém imaginava a potência que ali estava, naquele universo ofuscado.  Até que um dia ela resolveu se questionar. Porque não falo?  Será que sou muda mesmo? Descobriu que há muitos anos ela não utilizava seu espaço de fala e expressão e que, sim, podia falar.  Observou que outras mulheres estavam na mesma condição. Resolveram se juntar e, daí em diante, aquelas vozes nunca mais se calaram. Muitas e muitas fronteiras tiveram que ultrapassar para fazer valer seu espaço, tanto na vida pessoal quanto profissional. No passado foi assim e, atualmente, a caminhada continua.

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As mulheres despertaram para suas potencialidades e estão revolucionando a forma de viver e empreender. Para isso, foi preciso sair da zona de conforto, assumir riscos, o que tem a ver com pensar fora da caixa, ultrapassar fronteiras, colocar-se em novas situações e se engajar em novas formas de atuar.

Os desafios são todos conhecidos e temos muitos indicadores que revelam a importância, capacidade e evolução do empreendedorismo feminino.  Por meio do empreendedorismo, muitas mulheres encontram uma forma de sustento, de ganhar espaço na sociedade, de fazer a diferença em sua família e na comunidade e são motivadas por um propósito maior que o financeiro.

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No ecossistema de impacto social é comum ouvir que as mulheres são maioria porque são mais sensíveis. Não deixa de ser uma verdade, mas não a única. Envolve sim muita empatia pelo próximo, mas as mulheres estão se desenvolvendo em estratégias, tecnologia e em outros aspectos, focadas em ampliar o impacto social positivo de forma profissional. Observei de perto no Instituto Legado este movimento e a transição entre o assistencialismo e a busca por novos formatos de gestão, mais empreendedor e sustentável.

Talvez os maiores desafios do empreendedorismo feminino envolvam a clareza de quem são e de suas potencialidades, de acabar com o complexo de culpa por fazer várias atividades e não se sentir muito presente com a família, de respeitar o seu próprio tempo e trilhar um caminho onde possa se reposicionar.

Na organização em que atuo, conheci mulheres maravilhosas que engavetaram seus sonhos, que tinham se conformado com uma rotina, mas que no momento em que se integraram com outras mulheres, descobriram uma força interior capaz de mudar a realidade ao seu redor e de ampliar o olhar e fazer as mudanças necessárias com leveza. Isto tem a ver com sororidade, irmandade, respeito umas com as outras. Não podemos mais aceitar e replicar a máxima “mulher disputa com mulher”, não é mais a nossa realidade. Esta não é uma revolução contra os homens, mas de respeito próprio e de expressão igualitária a todos.

Nós, mulheres, somos resilientes, temos garra, sensibilidade e características únicas para assim, como na história inicial, despertar, não se calar e se reconectar com suas potencialidades, sonhos e expressões. Que a empatia, a leveza e a essência feminina estejam sempre presentes. Até porque lugar de mulher é onde ela quiser.

 

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*Artigo escrito por Ariane Santos, entusiasta de um mundo melhor, administradora pela UFPR, designer, facilitadora em processos de cocriação e fundadora da Badu Design, negócio Social com o propósito de reconectar pessoas através do design sustentável.

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