(Foto: Arquivo SPVS)| Foto:
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A partir deste mês, o mel da abelha nativa sem ferrão Jataí, natural da Mata Atlântica, começa a ser vendido para todo o Paraná. A novidade promete agradar os apreciadores da opção e representa uma grande conquista aos produtores da Acriapa (Associação de Criadores de Abelhas Nativas da APA de Guaraqueçaba), criada em 2007 com o apoio técnico da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), para promover alternativas que aliem geração de renda aos moradores locais à conservação da biodiversidade. Por ano são produzidos, no máximo, 60 quilos de mel (máximo de um quilo por comunidade de abelhas), fato que diferencia o produto e o faz ser altamente valorizado pela gastronomia.

O mel da Jataí é o único oriundo de abelha nativa do Estado que pode ser comercializado legalmente por contar com o reconhecimento do Serviço de Inspeção do Paraná/ Produtos de Origem Animal (SIP/POA).

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Com a venda, os produtores – que moram em Áreas de Proteção Ambiental (APA), nas reservas Morro da Mina, Rio Cachoeira (em Antonina) e Serra do Itaqui (em Guaraqueçaba) – serão beneficiados pelo trabalho que realizam e incentivados a melhorar a produtividade e o envolvimento com o projeto. Atualmente, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e a PADF (Pan American Development Foundation), financiam a iniciativa. 

Trajetória Ascendente

Em 2013, o mel da Acriapa entrou no circuito da alta gastronomia, ao ser utilizado na elaboração de pratos da chefe de cozinha, Manu Buffara. Em maio, ela reuniu convidados, jornalistas, membros da SPVS, do governo do Estado, empresários e associados da Acriapa em seu restaurante, em Curitiba (PR), para um jantar. Na elaboração dos pratos, utilizou os variados tipos de mel produzidos pelas abelhas nativas Jataí, Uruçu-amarela, Tubuna e Mandaçaia – todas cultivadas pela associação.

Na época, comercializar a produção da Jataí ainda era um sonho da Acriapa. Em novembro do mesmo ano, a expectativa virou realidade graças à criação da Coopercriapa, responsável pelo envasamento, processamento e venda. A prefeitura de Antonina forneceu o alvará de funcionamento para comercializar a produção, e a unidade de beneficiamento tornou-se a única do Paraná a receber a chancela.

Para o futuro, a Coopercriapa espera mobilizar mais produtores e aumentar a produção do mel da Jataí, sempre priorizando a qualidade dos produtos, a conservação da região e o cuidado com as abelhas. A cooperativa também trabalha atualmente para conquistar a licença de venda dos méis das outras abelhas. 

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Meliponicultura 

Apesar de já praticada por povos indígenas, a produção de mel e extrato de própolis de abelhas nativas era uma atividade pouco explorada em Antonina e Guaraqueçaba até a organização da Acriapa.

Por serem menores, as abelhas nativas polinizam flores que as africanizadas, que são espécies exóticas, não conseguem. Os enxames se organizam em garrafas do tipo pet e posteriormente são transferidos para caixas racionais produzidas por marceneiros da região, com madeira legalizada. Como as abelhas costumam viver em colônias, em espaços ocos de diversas espécies de árvores, o método evita que elas sejam derrubadas para a retirada dos enxames. 

Você Sabia?

Em todo o mundo são conhecidas aproximadamente 400 espécies de meliponíneas. No Brasil, existem cerca de 250, e 35 destas são encontradas apenas no Paraná.

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Abelhas são insetos de importância vital para a manutenção das áreas naturais. Estudos revelam que elas são responsáveis pela polinização de até 80% das espécies florestais. No entanto, muitas estão ameaçadas de extinção e a meliponicultura também trabalha como facilitadora para a conservação da espécie.

*Artigo escrito pela equipe da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS, parceira do Instituto GRPCOM no Blog Giro Sustentável.

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