O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro| Foto: Jim WATSON / AFP

Os EUA traíram o Brasil na mesma hora em que as girafas da Amazônia foram salvas. Talvez tenha sido até por isso: todo mundo sabe que o Trump odeia girafa. E foi assim que surgiu a notícia sobre a “desistência” do governo americano de apoiar a entrada do Brasil na OCDE, a elite das nações. Se o mundo acreditou que o governo brasileiro decidiu transformar a maior floresta tropical do mundo em pasto, por que não espalhar que os EUA desistiram do Brasil? Hoje em dia, para muita gente boa — ou que era boa —, jornalismo é um estado de espírito (de porco).

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O governo Trump tinha acabado de expressar na Assembleia Geral da ONU seu alinhamento diplomático e comercial com o governo brasileiro – inclusive informando que os grandes investidores estão confiantes no Brasil. A voz dos EUA transformou em pó a tentativa de isolamento do Brasil liderada por Macron e outros mortos-vivos do ambientalismo cenográfico. Mesmo assim a usina de fake news do jornalismo trans achou que dava para emplacar a intriga da OCDE.

O Brasil está onde já estava na lista de candidatos a ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Mas como o momento era do aval dos EUA ao ingresso da Argentina, a fábrica de desinformação (escondida sob grandes grifes jornalísticas) entrou em ação: Trump fecha a porta para o Brasil, gritaram as manchetes retumbantes.

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Foi um dia inteiro de triunfal morbidez, com a alegre revoada das cassandras comemorando a céu aberto o suposto revés da diplomacia brasileira – uma chance de ouro para retomar a cada vez mais difícil sabotagem da reconstrução do país, fermentando essa teoria neurótica da degeneração nacional sob o fascismo imaginário. Só que, obviamente, não era nada disso.

Para quem tomou a decisão pessoal ou institucional, tanto faz, de mentir abertamente e sem constrangimento em defesa do seu próprio teatro, as ponderações baseadas na realidade não significam nada. Claro que essa resistência democrática de auditório sabe perfeitamente da tragédia diplomática provocada por anos de panfletagem pueril contra as grandes potências. Como se algum adulto de boa fé pudesse acreditar que Lula, Dilma, Kirchner, Chávez, Maduro & parasitas associados pudessem representar uma revolução terceiromundista – e não um proverbial assalto aos seus respectivos povos, como ficou demonstrado. Todos esses novos soldados das fake news perfumadas e de boa aparência estão cansados de saber que a parceria Brasil-EUA foi retomada com a remoção da fanfarra ideológica.

Mas não importa. Trair, coçar e mentir é só começar. Aí você não para mais. Vamos fingir que o governo americano virou as costas para o Brasil? Claro! Nosso público é meio distraído mesmo, vamos dar uma “trabalhada” nesse aval dos EUA para a Argentina na OCDE (tipo o pessoal do site Interpret faz), montar aquela pegadinha fantasiada de notícia e jogar no ventilador. O resto a internet faz pra gente. Governo trapalhão! Fascista! Entreguista! Vassalo de Yankee! Etc e tal.

Aí vem o presidente dos Estados Unidos da América e nega tudo. Reitera seu apoio ao Brasil e ao presidente brasileiro – e nenhum corneteiro fantasiado de jornalista pode dar aquela destorcida salvadora, porque hoje em dia qualquer autoridade tem sua própria mídia. Malditas redes sociais! CPI já!

Então o companheiro Donald volta pro seu trabalho, que ele tem mais o que fazer, e as cassandras ficam pelos cantos lambendo a ferida. Mas não pense que isso as constrange. Quem admite para o seu próprio travesseiro que passará a maquiar informação e conhecimento não se abate à toa. A verdadeira covardia requer muita coragem.

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E no dia seguinte eles estarão de volta ao ofício, demitindo Sergio Moro, anunciando que Paulo Guedes vai largar tudo para abrir uma pousada no Caribe e que o Trump vai vender o Brasil para a Rússia. Ê, vidão!