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O prefeito do Rio de Janeiro anunciou em 19 de março de 2021 que as praias permanecerão fechadas para o fim de semana, na tentativa de frear a disseminação da Covid-19 em um dos estados brasileiros mais afetados.
O prefeito do Rio de Janeiro anunciou em 19 de março de 2021 que as praias permanecerão fechadas para o fim de semana, na tentativa de frear a disseminação da Covid-19 em um dos estados brasileiros mais afetados.| Foto: CARL DE SOUZA / AFP

No meio de uma crise de saúde o prefeito do Rio de Janeiro proibiu o sol. É um gênio. Sol faz mal mesmo. Foi ele quem permitiu o surgimento da vida e, com ela, o surgimento dos idiotas. Acabem com o sol para ver se os idiotas somem.

O nome do gênio é Eduardo Paes. Fez campanha dizendo que o bispo Crivella era o pior prefeito da história da cidade. Esses políticos não gostam de perder nunca, jamais querem ficar para trás. Em menos de três meses o novo velho prefeito já mostrou que veio determinado a superar o bispo. Fechar as praias do Rio de Janeiro para fingir que está salvando vidas contra a covid é realmente uma plataforma matadora. Nessa pegada ninguém haverá de superar o candidato a maior vilão do balneário.

Qualquer observador de boa fé no Brasil e no mundo está hoje à procura de autoridades que não surfem na demagogia sanitária. Eduardo Paes poderia ser um desses. Não é mobilha antiga do populismo nem aventureiro da “nova” política. É bem verdade que triangulou com Lula e Cabral naquele falso final feliz da cidade maravilhosa sede dos Jogos Olímpicos. Mas eram as circunstâncias dadas e seu perfil não deixou de ser o de um político que em geral preferiu trabalhar que falar.

A ressalva é para assinalar que não há aqui predisposição contrária – nem nesse caso, nem em outros, como o do governador de Minas, Romeu Zema. Ambos chegaram a apelar ao bom senso no enfrentamento da pandemia, mostrando terem consciência de que os trancamentos indiscriminados e os lockdowns desvairados não são política sanitária e não representam um passe de mágica contra o contágio. Mas foi pior ainda. Tanto o prefeito do Rio quanto o governador de Minas se desdisseram no passo seguinte e saíram fechando geral.

Por quê? Para poderem ir à televisão dizer que estão combatendo a covid com mão de ferro, conforme os códigos demagógicos consagrados na maioria da mídia mundial. Paes chegou a declarar que sabe que a praia não é ambiente crítico de contágio, mas precisava interditar como efeito demonstrativo. É, sem dúvida, um potente efeito demonstrativo da sua hipocrisia, e também da sua covardia. Deixa o cidadão apodrecer no porão ou no vagão, com ou sem covid. O importante é o prefeito estar protegido no colinho da imprensa marrom.

Romeu Zema ainda tentou explicar sua metamorfose dizendo que o Reino Unido fechou tudo e não é possível que os ingleses façam alguma coisa por “achismo”. Vejam a consistência e a solidez da política sanitária dessa estrela ascendente do Partido Novo: o achismo dele sobre o não-achismo inglês define a forma de combate ao coronavírus. E você aí achando que sabia o que era ciência.

As áreas mais trancadas do mundo são as que têm os piores níveis de óbitos por covid. São diversos os levantamentos acadêmicos atestando isso. Procure o trabalho do epidemiologista John Ioannidis, da Universidade de Stanford, recém-publicado com um quadro comparativo entre dez países. Mas os tiranetes da pandemia não querem saber de estudos, não querem saber de organizar a população para viver sem aglomerações e com cuidados higiênicos. Estão se lixando para o transporte público lotado. O importante é ficar bem na imprensa do apocalipse.

Estão dilacerando a sociedade. Será que quando esse caldo entornar eles vão reclamar da onda de ódio?

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