No último final de semana, manifestantes antirracistas e antifascistas se mobilizaram em Londres, e ali praticaram um ato de vandalismo contra a estátua de Winston Churchill, que se localiza em Westminster, de frente para o Parlamento Britânico. Nela picharam, logo abaixo do nome do ex-primeiro-ministro, “Was a racist”, que significa: “Era um racista”.

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É sempre difícil imaginar como alguma coisa teria acontecido se não fosse da forma como se deu. Mesmo assim, é seguro dizer que se Winston Churchill não liderasse a Grã Bretanha na época em que o nazifascismo avançava com tanques, tropas e aviões na Europa, o curso da história e o desenho geopolítico do mundo atual seriam muito diferentes do que hoje conhecemos.

Para contextualizar: quando Churchill assumiu o cargo de primeiro-ministro, no lugar do pacifista Neville Chamberlein, a Alemanha Nazista já havia estendido suas garrar até a fronteira com a França. E não demorou para que a acabasse invadindo. Quando isso aconteceu, a Grã-Bretanha ficou sozinha na 2° Guerra Mundial. Do outro lado do oceano Atlântico, os americanos permaneciam isolados e neutros, enquanto a Rússia comunista mantinha um pacto de não agressão e de divisão do leste europeu com os nazistas. Apesar da tentação do acordo de paz e da pressão quase insuportável de seus pares, Churchill resistiu, concluindo que qualquer acordo com Hitler não seria confiável, além de significar na prática uma capitulação.

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A Grã Bretanha se manteve no conflito, e resistiu bravamente à blitz aérea dos nazistas, que fazia chover bombas por Londres. Com perseverança, e incendiados pelos discursos de Churchill, os britânicos resistiram, impedindo qualquer tentativa de invasão por parte dos alemães. Hitler teve de voltar sua atenção para a Rússia antes do que tinha planejado. Seu objetivo inicial era se assegurar de que a Grã Bretanha, e, por sua vez, os EUA, não lhe fizessem oposição no front ocidental, para que pudesse se dedicar integralmente no esforço de destruir o regime bolchevique sediado em Moscou.

Movimento antifascista e antirracista não existiriam

Em seu livro, “O Fator Churchill”, o atual primeiro-ministro britânico Boris Johnson sustenta que se não fosse pela mobilização e perseverança contínua de Churchill, que incitou o povo de seu país a resistir contra Hitler, é bem provável que a Europa acabasse ou completamente dominada pelo nazifascismo, já que Hitler teria força extra para completar a pretendida invasão da Rússia, ou dividia entre dois totalitarismos: “de um lado, um mundo aterrorizado pela KGB ou Stasi, e do outro, os subjugados pela Gestapo. Por toda parte, uma população que viveria com medo de uma batida na porta na calada da noite: prisões arbitrárias, campos de concentração e nenhuma forma de protesto”.

Não haveria, portanto, comunidade europeia plural, liberal e progressista como a conhecemos. O movimento antifascista e antirracista não existiriam, já que, com fascismo no poder, a filosofia de governo seria naturalmente racista. Quem ousasse dizer o contrário seria confinado em uma câmara de gás.

Os militantes que depredaram a estátua de Churchill devem a ele sua liberdade, inclusive aquela que desfrutam para ofendê-lo. E apesar de o ex-premiê não ser um homem perfeito, e ter colecionado, ao longo de sua vida, inúmeros episódios controversos, há que se ter ao menos respeito pelo homem que defendeu com unhas e dentes a liberdade no momento em que ela estava para ser asfixiada pelos joelhos totalitários e racistas dos soldados da Wehrmacht.