Desde o encontro criminoso que Jair Bolsonaro teve com os embaixadores, o procurador-geral da República encontra-se em obsequioso silêncio. E não vale tomar como manifestação o vídeo que Augusto Aras mandou rodar com falas antigas em que, genericamente, defende as urnas eletrônicas. Não mencionada os fatos recentes mais gravosos, Aras, a um só tempo, soma omissão com covardia, características essas que ficarão marcadas na paleta de sua biografia.

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Tão logo se encerrou a patuscada no Palácio do Planalto, entidades ligadas a órgãos de Estado e também da sociedade civil se manifestaram em apoio ao sistema de votação e ao TSE, ressaltando a confiança no modelo de apuração brasileiro e ao nosso retrospecto de eleições limpas e auditáveis. Até aqui, foram mais de 60, incluindo associações de policiais da Polícia Federal e até mesmo da Agência Brasileira de Inteligência.

Em sua nota oficial, a União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Agência Brasileira de Inteligência manifestou que seus servidores têm “prestado apoio técnico especializado à Justiça Eleitoral no fornecimento e na implementação de sistemas e dispositivos criptográficos, que contribuem para a autenticidade, confidencialidade e inviolabilidade dos programas e dados das urnas utilizadas no país”. Além disso, defendeu os sistemas tecnológicos que vem sendo questionados pelo presidente da República: “fazem parte do ecossistema complexo de barreiras que têm resistido com sucesso às diversas tentativas de ataques executadas durante testes públicos de segurança da plataforma, como reconhece publicamente o Tribunal Superior Eleitoral”.

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O posicionamento de tantos órgãos é relevante porque dá dimensão a defesa das eleições. O ataque ao modelo de votação atual, comprovadamente lícito e internacionalmente reconhecido, é, no fundo, um ataque à própria democracia.

O que Bolsonaro faz não é questionar, é atacar, jogando suspeição sobre a Justiça Eleitoral e todos os órgãos que fiscalizam e observam nosso processo eleitoral. Ele não busca o esclarecimento, muito menos o aperfeiçoamento de nada. Dá margem, isso sim, para que se construa uma narrativa de não reconhecimento do resultado da votação, a depender, é claro, do resultado que saia das urnas. Se perder, quer estar certo de que se instaure uma crise social no país.

O recado do governo americano, ressaltando sua confiança no sistema eleitoral brasileiro, tido para os Estados Unidos como “modelo para o mundo”, é bem claro: não haverá margem internacional para questionamento de resultados. O vencedor do pleito, seja quem for, será reconhecido como tal.

Ao buscar difamar as urnas eletrônicas para o mundo, o que Bolsonaro conseguiu foi mostrar ao mundo que tem as piores intenções. O único que parece ignorar solenemente o problema é Augusto Aras, que fez da Procuradoria-Geral da República um lugar mais abandonado que a mansão de Higienópolis.