
Ouça este conteúdo
Pressionado pela base governista, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, destravou quatro pedidos de cassação contra Eduardo Bolsonaro que estavam aguardando seu despacho no Congresso Nacional. As denúncias devem correr no Conselho de Ética da Casa, onde serão analisadas junto a outras que têm como alvos os deputados que participaram da ocupação da Mesa Diretora. Segundo o portal UOL, Motta também foi aconselhado por aliados do Centrão a contabilizar as faltas de Eduardo exatamente com o objetivo de fortalecer a argumentação dos processos que agora estão avançando. A cassação, entretanto, é parte do plano de Eduardo.
Mesmo que o mandato de deputado lhe seja tirado (e há muita gente disposta a fazê-lo como forma de punição ao boicote que ele orquestrou nos Estados Unidos), Eduardo não será impedido de atuar junto ao governo Trump. E, na atual conjuntura, é nisso, e não na atuação parlamentar que ele fixa sua estratégia. Na verdade, uma vez efetivada a cassação, ganhará ainda mais corpo o discurso que ele vem fazendo de que o Brasil teria se convertido numa “ditadura” supostamente consorciada entre o PT e o STF.
O deputado se tornou um profissional da ameaça política. Além dos integrantes e parentes de Ministros do STF, aventou a possibilidade de os Estados Unidos sancionarem Motta e Davi Alcolumbre, na hipótese de estes não cooperarem com seu cerco ao STF. De acordo com o parlamentar, ambos "já estão no radar" das autoridades americanas. Ao falar abertamente sobre isso, joga a isca para uma eventual reação.
A martirizarão é peça central de sua atuação geopolítica. E não se trata de anunciar que fez jejum de sorvete de chocolate. Quando Eduardo Bolsonaro deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos com o firme propósito de se lançar num all-in contra a Corte (com resultados terríveis para a economia brasileira), ponderou todas as consequências, principalmente aqueles que até poderiam ser usadas em favor de seus objetivos.
Na verdade, Eduardo conta com a cassação e até a deseja de modo a transformá-la em pretexto para defender ainda mais sanções ao Brasil. E ele não esconde que elas podem ser as mais amplas possíveis. É a estratégia da “terra arrasada”, expressão que usou sem pudor na CNN Brasil. Ele foi mais longe num vídeo postado em suas redes sociais. “Que seja com o menor sacrifício possível. Mas, se for necessário, iremos sim sacrificar tudo e queimar toda a floresta”. Certamente com todos os brasileiros dentro dela.




