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A fala de Lula contra Israel, ocorreu durante um evento no Palácio do Planalto, nesta segunda (13).
A fala de Lula contra Israel, ocorreu durante um evento no Palácio do Planalto, nesta segunda (13).| Foto: Ricardo Stuckert / PR

A chegada dos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza se converteu numa sessão de ataques ao Estado de Israel. A cerimônia, aliás, tinha mais autoridades do governo Lula do que repatriados. Uma longa fila de ministros se formou para que pudessem dar declarações à imprensa e aparecer em fotos. O presidente da República foi o próprio mestre de cerimônias. Rapidamente, passou a tecer suas considerações sobre o conflito, estabelecendo uma falsa simetria entre um grupo terrorista e uma democracia constitucional com quem o Brasil tem relações diplomáticas históricas.

“Nunca vi uma violência tão brutal, tão desumana contra inocentes. Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo, o Estado de Israel também está cometendo um ato de terrorismo”, disse Lula. Por meio de nota a Confederação Israelita do Brasil (Conib) classificou a declaração “equivocada e perigosa” e cobrou “equilíbrio das nossas autoridades e uma atuação serena que não importe ao Brasil o terrível conflito no Oriente Médio”.

Como comparar agressor e agredido? Como comparar quem protege sua população com quem usa sua população para se proteger?

Não é a primeira vez que o petista faz uma comparação descabida e desonesta tentando igualar desiguais. Quando da invasão russa ao território ucraniano, Lula chegou a dizer na revista Time que tanto Volodymyr Zelensky quando Vladimir Putin desejaram a guerra, ignorando a ânsia expansionista de Moscou e seus objetivos geopolíticos imperialistas. Agora, ele generaliza e banaliza a palavra “terrorismo” para designar tanto o ataque perpetrado pelo Hamas no dia 7 de outubro quanto a natural reação israelense diante do maior ataque aos judeus praticado desde o Holocausto.

Sim, as bombas continuam a cair pela Faixa de Gaza, e é inequívoco que inocentes estejam morrendo. Mas isso não faz parte de uma estratégia premeditada das Forças de Defesa de Israel para aniquilar todos os palestinos. É sabido que a população local é feita de escudo humano pelos terroristas, que usam as estruturas civis para suas atividades criminosas. Uma equipe da CNN que acompanhava militares israelenses numa incursão ao hospital infantil Al-Ransini viu armas e explosivos guardados num porão abaixo do prédio.

Em Gaza é impossível separar o que é civil do que é militar. Todo e qualquer lugar pode esconder terroristas, como evidencia o arsenal encontrado num lugar que deveria servir para atender crianças. Os jihadistas contam com o sangue das vítimas inocentes para legitimar seu discurso antissemita e renovar suas fileiras com mais radicais. Faz parte de sua estratégia macabra.

A preconização fundadora e elementar do Hamas é a destruição do Estado de Israel. Por isso, no ataque que desencadeou o atual conflito, seus integrantes não se preocuparam em escolher alvos militares. Saíram a matar a esmo, degolando bebês, fuzilando jovens e quem mais estivesse pela frente. No momento, o grupo ainda mantém dezenas de reféns sob seu domínio. Sabe-se lá sob que condições.

É possível, por óbvio, condenar operações militares mal calculadas, a morte ou o sofrimento de civis e exigir que a ajuda humanitária ampare os necessitados. Isso, aliás, é feito pela própria imprensa israelense, que não tem poupado o governo de Benjamin Netanyahu de críticas contundentes. Mas isso é diferente de acusar Israel de praticar terrorismo de Estado. Como comparar agressor e agredido? Como comparar quem protege sua população com quem usa sua população para se proteger? Para forçar essa paridade moral aberrante é preciso de uma dose cavalar de relativismo.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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