• Carregando...

“Ninguém precisa ter medo do 7 de setembro”, disse Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. O mandatário respondia a Luiz Fux, que preside o Supremo Tribunal Federal. O magistrado havia falado sobre liberdade de expressão e segurança da democracia na última quinta-feira (02), na abertura dos trabalhos da Corte. “Num ambiente democrático, manifestações públicas são pacíficas. Por sua vez, a liberdade de expressão não comporta violências e ameaças", disse, fazendo referência às manifestações bolsonaristas que ocorrem neste dia da independência.

A agitação dos grupos que apoiam o presidente é enorme, ganhando tração e se retroalimentado da crise institucional em franca escalada. Ao longo do dia, um contingente considerável de pessoas deve se reunir nas ruas no país. Bolsonaro vê na expropriação política da data pátria uma apoteose do movimento que lidera. Um momento de virada que lhe daria a vitória sobre quem supostamente lhe impede de governar. O alvo principal é o próprio STF.

Nos últimos dias, Bolsonaro e seus principais apoiadores ensaiaram maquiar a natureza das manifestações, substituindo o tom autoritário e disruptivo por outro de caráter mais palatável e, se é possível usar essa palavra, moderado.   Em entrevista para uma rádio de Goiás, o chefe do Executivo chegou a dizer que  “a grande pauta vai ser a liberdade de expressão”. Na visão do presidente a “liberdade está sendo ameaça novamente por parte de um ou dois aqui de Brasília”. Falava dos ministros Luis Roberto Barroso, que presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e Alexandre de Moraes, relator do inquérito 4.781, conhecido como “das Fake News”.

Na sexta-feira, entretanto, o presidente deu um novo cavalo de pau no seu falatório, apelando novamente à retórica inflamada. Disse que os atos no dia 7 de setembro seriam um “ultimato” para os “dois que precisam entender o seu lugar”. Em outras palavras: o objetivo é emparedar, pela força das ruas, aqueles que são considerados os inimigos da vez. Aa Constituição deixaria de ser interpretada pelos magistrados, passando a ser colocada em prática ao sabor do alarido das ruas. Nada poderia representar mais a antítese do conservadorismo.

As convocações, alias, tem caráter eminentemente missionário. Grupelhos com denominações diversas, ditos representantes da sociedade e dos “cidadãos de bem”, apelam a um linguajar salvacionista de modo a cativar as massas. O objetivo é “buscar a libertação”, seja lá o que isso quer dizer. Em suas redes sociais, Ernesto Araújo sintetizou o espírito da coisa: “o povo quer libertar a democracia do seu cativeiro nas mãos do sistema”.

A subversão da ordem estaria a serviço de sua suposta restauração salvadora. Estamos diante de uma linguagem tipicamente revolucionária. A grei de Bolsonaro foi alimentada desde o início de seu governo com a narrativa de que ela seria o instrumento para uma ação determinante e triunfal de seu líder. Na cabeça deles, o 7 de setembro e sua dimensão servirão para justificar o que Bolsonaro estaria autorizado a fazer a partir do dia 8: qualquer coisa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]