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A Linha Verde, em Curitiba, foi tingida com o sangue de mais um ciclista na manhã de hoje. A colisão foi entre duas motos e uma bicicleta, na altura da avenida Santa Bernadete, no bairro Fanny. O ciclista Homero Garcia de Almeida, de 71 anos, morreu na hora.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), um dos motociclistas fugiu do local sem prestar socorro à vítima. O segundo motociclista permaneceu na Linha Verde até a chegada do resgate e da PRF.

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A tragédia se repete exatamente uma semana após a morte de cinco ciclistas e três dias após uma Bicicletada Nacional, que mobilizou milhares de pessoas que pediram paz no trânsito em 40 cidades brasileiras.

Nessa madrugada, em Santa Catarina, um ciclista morreu atropelado, durante um racha na cidade de Campos Novos. Os dois motoristas que faziam a disputa estavam embriagados.

Do Rio de Janeiro, chega a informação de que um SUV invadiu a ciclovia no Aterro do Flamengo, deixando cinco feridos. Dois foram hospitalizados, um em estado grave.

Também na manhã de hoje, próximo ao local em que a ciclista Juliana Dias morreu atropelada há uma semana, na Avenida Paulista, um motorista ultrapassou um ciclista sem respeitar a distância de 1,5 metro, prevista no artigo 201 do CTB, e gritou: “Sentiu o vento?”

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Não, não sentimos o vento. Sentimos o impacto da brutalidade. Sentimos na pele a insegurança, a hostilidade de sociopatas como você, que usam carros como armas para ameaçar e matar.

Sentimos a falta de planejamento das cidades, pensada para os carros em detrimento das pessoas. Sentimos profundamente a morte de companheiros, que perdem a vida exercendo o direito de ir e vir sobre duas rodas. E sentimos também que morremos um pouco diante de todas essas tragédias.

Quantos mártires serão necessários para que as coisas mudem? Nos últimos onze anos, foram quase 2 mil ciclistas que morreram vítimas de acidentes de trânsito no Paraná. Cerca de 330 apenas em Curitiba. Até quando???

Por trás de cada uma dessas mortes, existem culpados. E nem sempre o autor do crime é apenas que estava apertando o acelerador.

Transcrevo aqui as palavras da colega Sabrina Duran, do blog coirmão Na Bike:

“Julie foi assassinada pela omissão de gente com nome e sobrenome que, podendo mudar as coisas no papel de forma que tenham um reflexo nas ruas, na sua e na minha vida, tiram o corpo fora na hora de regulamentar, fiscalizar e punir, e entregam a arma nas mãos de terceiros, nesse caso, os motoristas – todos eles.

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[Julie também foi vítima] do pensamento que impera, em nível macro, em instituições como CET e SPTrans – esta última, responsável pela regulamentação e fiscalização das empresas de ônibus e seus motoristas”.

Basta trocar as siglas para as congêneres locais e teremos os culpados pelas 2 mil mortes no nosso estado. Nunca é demais lembrar: também mata quem se omite.