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Rio do Rastro, Corvo Branco e Urubici: uma cicloaventura³ na Serra Catarinense
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Serra do Rio do Rastro: a estrada mais

Serra do Rio do Rastro: a estrada mais “assombrosa” do mundo. (Foto: sawuelbruno/Panoramio)

No alto da Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, há um monumento que homenageia a bravura dos tropeiros que venceram o medo e exploraram ribanceira após ribanceira, deixando para a eternidade o traçado daquela magnifica estrada. A menção é justa. Mas, justiça seja feita, cada ciclista que, com a mesma força e determinação do bravo povo serrano consegue galgar no pedal cada uma das 250 curvas daquele trecho, também deveria ser digno de tal honraria e ter o nome gravado em uma galeria de honra.

Ainda que dificilmente tal monumento venha a ser criado, cada um que encara o trecho é dado, pelo menos, o direito moral de sentir-se um herói digno do mais profundo respeito e admiração.
No último fim de semana, 13 ciclistas curitibanos partiram rumo a Serra Catarinense para encarar este e outros desafios e ao menos 10* conseguiram superar cada fabuloso centímetro da subida sinistra da Serra.

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Os 13 ciclistas que encararam a Expedição pela Serra Catarinense.

A rodovia SC-390, que recorta a Serra do Rio do Rastro, foi apontada recentemente como a estrada “mais assombrosa” do mundo, em uma votação pela internet promovida pelo site espanhol 20 Minutos. No mundo do ciclismo, o trecho pode ser classificado como uma escalada Hors Category (HC), com seus 1,5 mil metros de desnível em apenas 10 quilômetros, algo comparável às etapas mais exigentes do Tour de France.

De beleza ímpar, a estrada serpenteia um verdadeiro precipício. Ainda que todo santo ajude, descer a estrada íngreme e sinuosa, por si só, já é uma aventura digna de gravar em um lugar especial da memória. Subi-la, então, torna-se uma tarefa árdua de superação e resistência, onde o desafio é conhecer os próprios limites, encarar os medos e seguir adiante, apesar das dificuldades. Cada metro pedalado, cada curva superada, é uma vitória pessoal. Chegar ao topo tem um sabor inigualável de conquista. A vitória, neste caso, não é contra os outros ciclistas, mas sobre si mesmo, o que torna tudo ainda mais especial. Isso tudo em um dos cenários mais deslumbrantes do Brasil, em meio a trechos de Floresta de Araucária intactos, com fauna e flora exuberantes.

Pedra Furada, vista do Morro da Igreja, no Parque Nacional de São Joaquim.

Pedra Furada, vista do Morro da Igreja, no Parque Nacional de São Joaquim.

Além da Serra do Rio do Rastro, a expedição cicloturística também percorreu o Morro da Igreja, que abriga um posto de controle da Aeronáutica (Cindacta II). O cume do morro fica a 1,8 mil metros de altitude, de onde é possível observar o vale e as escarpas do Parque Nacional de São Joaquim e a maravilhosa Pedra Furada, uma escultura natural com uma fenda de 30 metros de circunferência na rocha.

A descida termina na estrada que leva ao município de Urubici, percorrendo sítios com criações de gado europeu e carneiros além de casinhas coloniais de madeira com jardins floridos e de grama impecavelmente bem aparada. No pé do monte, vale fazer uma pausa para forrar o estômago e degustar os queijos e salames coloniais.

Serra do Corvo Branco:

Serra do Corvo Branco: “garganta” tem o maior recorte em pedras do país. (Foto: Alexandre Costa Nascimento/Ir e Vir de Bike)

O périplo pela Serra Catarinense terminou com um pedal magnífico na Serra do Corvo Branco, na SC-439, estrada que liga Urubici ao município de Grão Pará e que foi a primeira ligação entre a Serra Catarinense e o litoral do estado. Contando a partir do fim do asfalto, após cerca de meia hora de pedal, chega-se à “garganta”, onde se atravessa dois paredões de pedras com 90 metros de altura, naquele que é considerado o maior corte rodoviário em rocha arenítica do Brasil. Chegar ali e virar as costas já vale a pena. Mas tem mais ladeira abaixo, com descidas vertiginosas com curvas sinuosas em meio a uma paisagem de tirar o fôlego.

Percorremos trechos com nascentes e cachoeiras em meio a uma vegetação remanescente de Mata Atlântica, onde é possível observar espécies de pássaros, incluindo beija-flores e arapongas. Do alto da serra, a visão do vale é indescritível e merece uma pausa para alguns minutos de silêncio absoluto e contemplação. No fim, a subida também é extremamente exigente, mas com o coração e a mante cheios de energia, dá para tirar de letra e chegar ao topo sorrindo de felicidade e cheio de boas histórias para compartilhar.

Clique aqui para conferir mais fotos da Expedição

*Uma vez que não há o monumento real, ao menos no plano virtual os ciclistas que cumpriram o desafio e merecem o reconhecimento são: Alexandre (este que vos escreve), Cristiano, Oldy, Kinho, Caio, Rodrigo, Júlio, Andreza, Larissa e Andrea.

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