Quando foi ao Rio de Janeiro conversar com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o juiz Sergio Moro, anunciado como futuro Ministro da Justiça, levou a tiracolo as Novas Medidas Contra a Corrupção, documento elaborado pela Fundação Getúlio Vargas e pela ONG Transparência Internacional. Na entrevista coletiva que deu na terça-feira (6), Moro disse que já conversou com o diretor da ONG no Brasil. Fica claro, portanto, que as pautas defendidas pela Transparência Internacional têm o apoio do futuro ministro da Justiça.
No dia 2 de novembro, o escritório mundial da organização, sediado em Berlim, na Alemanha, publicou uma análise sobre a eleição de Jair Bolsonaro. No texto, assinado pelos secretários da instituição, o resultado das eleições no Brasil mostra que após seguidos escândalos de corrupção, esse tema assumiu papel central na política brasileira. Após a Lava Jato, diz o texto, os eleitores se sentiram ultrajados.
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“No entanto, a indignação que se transforma em ódio pode levar a apoiar soluções populistas e antidemocráticas que se opõem aos valores do movimento anticorrupção”, destaca o texto.
Para a Transparência Internacional, “qualquer político eleito com a missão de combater a corrupção deve assegurar que as pessoas mais vulneráveis em seu país sejam protegidas e tenham acesso igualitários a direitos”. Segundo a ONG, a luta contra a corrupção passa pelo combate à desvantagem sistemática baseada em raça, etnia, gênero, ideologia, renda ou orientação sexual.
A organização, por fim, lista três medidas concretas que devem ser tomadas por qualquer governo que sustente uma plataforma anticorrupção: aumentar e proteger o espaço para a sociedade civil e os movimentos sociais operarem com segurança e eficácia; criar um ambiente livre e seguro no qual a mídia possa investigar e expor o que está errado e responsabilizar os poderosos sem sofrer qualquer tipo de intimidação ou retaliação; e fortalecer as instituições democráticas, o Estado de Direito e os controlos e equilíbrios contra o abuso de poder.
O modo como a Transparência Internacional encara a corrupção conflita com as declarações de Bolsonaro e de seu grupo político. O presidente eleito já criticou reiteradas vezes os movimentos sociais – a quem acusa de “coitadismo”. Além disso, o senador Magno Malta, aliado de Bolsonaro e cotado para assumir um ministério, defende um texto que altera a lei antiterrorismo para criminalizar atos de movimentos sociais, como, por exemplo, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
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