A história, como nos dizem todos os dias os comentaristas políticos, só se repete como farsa. No caso do governo Lula e do PT, ela se repete como piada. Francamente: pode haver uma piada mais infame que o Trem-Bala de Lula e de Dilma Rousseff? Pois o Trem-Bala, acredite se quiser, está de volta como mais um dos 5.000 projetos “estratégicos” que o Lula-3 apresenta para o Brasil. O projeto estava morto desde que Dilma foi despejada da Presidência da República pelo impeachment; morreu por ser uma estupidez tamanho X-LLLLL, dessas que só o PT consegue produzir com a combinação concentrada de demagogia, incompetência, ignorância, pretensão e safadeza.
A promessa não resultou num único metro de ferrovia. Não tem, nem sequer, um projeto decente de engenharia, sem o qual não se constrói nem um forno de pizza. Custou milhões e gerou uma empresa estatal novinha em folha, com diretoria, um monte de empregos e todo o resto que você sabe – e paga com os seus impostos a cada vez que abastece o carro no posto ou acende a luz de casa. Pior ainda: o governo Bolsonaro não fechou essa aberração, e o PT, pelo que se está vendo, acha que foi muito certo não ter fechado. É tudo tão ruim que acabou ficando cômico.
A despesa com trens de alta velocidade que não podem ser construídos, e dos ninguém precisa, é uma alucinação.
Por mais lamentável que seja a sua história, o Trem-Bala entre São Paulo e o Rio de Janeiro é mais uma das miragens colocadas à venda pelo governo Lula – ou melhor, o que está de volta é o monte de dinheiro que o cidadão vai tirar de novo do bolso para pagar por essa conversa, porque mais uma vez não vai sair trem nenhum, e nem poderia sair, obviamente.
Prometem, desta vez, que a linha ficará pronta em “2.032”. Não vai haver Trem-Bala nem em 2032, nem em 100 anos, nem nunca. Trata-se, para encurtar o assunto, de uma impossibilidade material: trem que corre a 200 ou 300 quilômetros por hora exige terreno plano, e o terreno entre São Paulo e Rio é exatamente o oposto do que se requer para uma obra assim. Não dá, simplesmente – a menos que se gaste uma soma demente de dinheiro e se produza um cataclisma ecológico sem precedentes na região. Lula, é claro, diz que resolve tudo com “vontade política” – e com uma bela conversa com as empreiteiras de obras. Acha-se capaz de anular as leis da engenharia, da física e da geologia. Não vai conseguir. Por isso não vai haver trem; só vai haver despesa para a população e lucro para os amigos.
O absurdo vai além. Não existe absolutamente nenhuma carência, no atual sistema de transportes entre Rio e São Paulo, que justifique a construção de um Trem-Bala entre as duas cidades. Ao contrário, elas são as mais bem atendidas do Brasil em termos de comunicação; do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, há necessidades muito mais urgentes, justificáveis e lógicas de investimento em transporte. Não faz nenhum sentido, também, gastar uma fábula com trens de alta velocidade entre Rio e São Paulo quando tanto uma como a outra cidade precisam desesperadamente de mais linhas de metrô e de trens urbanos, que transportam milhões de pessoas por dia.
Enfim: como um governo honesto em seus propósitos pode pensar em Trem-Bala quando o presidente da República diz que há “33 milhões” de pessoas “passando fome” no Brasil? Sua ministra do Meio Ambiente, aliás, diz que os famintos são “120 milhões”. É uma mentira grosseira, e uma mentira multiplicada por quatro no caso da ministra, mas é a verdade oficial do governo do PT. Se essa é a verdade, a despesa com trens de alta velocidade que não podem ser construídos, e dos quais ninguém precisa, é uma alucinação.
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