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Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, é homem de confiança do presidente Jair Bolsonaro.
Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, é homem de confiança do presidente Jair Bolsonaro.| Foto: Alan Santos/PR

O Ministério da Infraestrutura, dado como um dos mais bem sucedidos do atual governo, tem tudo para se transformar em mais uma dessas lendas vivas no rico folclore do serviço público brasileiro. Pode ganhar a distinção por ser, no momento, o mais notável representante de uma peculiaridade típica das nossas grandes máquinas administrativas: o Ministério do “Vai Fazer”.

A repartição do governo que cuida das rodovias, ferrovias, portos e aeroportos deste país vive num estado permanente de volta ao futuro. A ação ali não envolve coisas que acontecem, ou aconteceram. O que realmente conta são as coisas que acontecerão um dia; a cada ano, elas são anunciadas para o ano seguinte, ou para logo depois, ou para um dia qualquer mais adiante. Quer dizer: o Ministério da Infraestrutura está pedalando com velocidade cada vez maior numa bicicleta ergométrica que não sai do mesmo lugar.

Acaba de acontecer, mais uma vez. Em sua mensagem de fim de ano, o ministro anunciou que em 2021 vai fazer “50 leilões” de rodovias, ferrovias, etc, etc, — nada menos de 50, logo de uma vez. Foi anunciado, também, que “serão” investidos quase R$ 140 bilhões em toda a infraestrutura brasileira e que o conjunto da obra “irá” gerar mais de 2 milhões de empregos – além de R$ 3 bilhões de receita para o Tesouro Nacional. Até o final do governo Bolsonaro, então, os investimentos “vão ser” de espantosos R$ 260 bilhões, segundo o ministro.

Ficamos sabendo, de passagem, que em 2020 não foram realizados os leilões, concessões, autorizações e etc anunciados em 2019 para este ano — 22 aeroportos, sete rodovias e seis ferrovias. Fora um trechinho de estrada em Santa Catarina, não rolou. A culpa, segundo o ministro, foi da Covid. No ano anterior, sem Covid nenhuma, também não rolou. Ficamos assim, portanto: em 2020 não foi realizado nenhum leilão, mas em 2021 serão realizados 50.

Ou seja: fazer, que é bom, nada, ou quase nada – o que dá na mesma. Em matéria de “vai fazer”, porém, o Ministério da Infraestrutura é um colosso. É a história imortal da ex-presidente Dilma. Quando você não atinge a meta, o negócio é dobrar a meta.

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