Marcelo Andrade/Gazeta do Povo| Foto:

Desde que assumiu a Presidência, Michel Temer tomou medidas surpreendentes para alguém que foi vice de Dilma Rousseff. Aprovou a PEC do Teto e cortou gastos, reformou as leis trabalhistas, controlou a inflação e anunciou a privatização de portos, aeroportos e até mesmo da Casa da Moeda.

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Mas por que a privatização ou a abertura de capital dos Correios não entra nessa agenda de medidas urgentes do presidente?

Não é novidade que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é um cabide de empregos que presta serviços ruins e caros aos brasileiros. Ninguém nutre paixão ou algum apego nacionalista por essa estatal como ainda se tem pela Petrobras.

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Em 2011, o jornal “O Globo” mostrou que a ECT tinha um chefe para cada dois funcionários e 9 mil empregados em licença-médica.

Os gastos com a folha de pagamento subiram de R$ 118 milhões em 2011 para R$ 410 milhões em 2016, enquanto o número de funcionários pouco se alterou, segundo um relatório da Controladoria-Geral da União. Enquanto carteiros se viram com salários de mercado, chefes e funcionários de cargos comissionados em Brasília aproveitam abonos e mordomias.

Típica estatal, a ECT é palco frequente de corrupção, como revelou o Escândalo dos Correios de 2005, que acabou desaguando no Mensalão.

Mesmo se a privatização rendesse apenas R$ 1, seria um tremendo negócio para o Brasil. Nos livraríamos dos R$ 2 bilhões de prejuízo que a empresa causa por ano.

Mas é claro que muita gente aceitaria pagar um bom trocado pelos Correios. Na Inglaterra, a abertura de capital do Royal Mail, primeiro serviço de correio do mundo, aconteceu em 2013. O governo inglês faturou 2 bilhões de libras (hoje quase R$ 9 bilhões) com a venda de metade das ações do Royal Mail. E ainda deu 10% das ações aos funcionários da empresa.

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Ou seja: além de estancar uma fonte de prejuízo, a venda da ECT ajudaria o governo a fechar o caixa de 2018. E, se os funcionários se tornarem acionistas como aconteceu na Inglaterra, crescerá o incentivo à eficiência da empresa.

Um argumento contrário à privatização é que cidades pequenas, onde o serviço de remessas não dá lucro, ficariam desatendidas. Bem, hoje o Brasil inteiro está desatendido por essa estatal – as metrópoles e ainda mais as cidades pequenas. Além disso, sempre é possível criar na privatização regras e condições para os serviços menos lucrativos.

Temer deveria aproveitar a atual greve dos funcionários dos Correios e anunciar a abertura de capital da empresa e partilha de parte das ações entre os funcionários. A greve acabaria num instante – e os brasileiros dariam vivas ao presidente por ele acabar com essa fonte de ineficiência e prejuízo.