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Um livro bastante polêmico (a começar pelo título) acaba de ser lançado na Espanha: “La Mafia feminista”, de Cristina Seguí. Dificilmente será lançado no Brasil, onde, em 99% dos casos, as editoras seguem a cartilha do politicamente correto e as pautas impostas pela agenda identitária.

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Segundo a autora, a corrente do feminismo hoje dominante no Ocidente se afastou dos objetivos legítimos originais do movimento de libertação das mulheres e de luta por igualdade de direitos para se converter em uma arma totalitária de chantagem e coerção contra os homens. Mais que isso, essa versão lacradora do feminismo representaria uma ameaça às próprias mulheres, constrangidas a aceitar como normais, por exemplo, os decretos da ideologia de gênero.

“As feministas estão comprometidas com um presente e um futuro no qual as mulheres não são nada fora do coletivo, fora do domínio da tutela e da necessidade de validação de outras mulheres que ocupam posições de poder na política, na administração, no mundo acadêmico e na mídia”, afirma Cristina, estabelecendo um vínculo entre o feminismo e o programa da nova esquerda.

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Leia aqui as primeiras páginas do livro “La Mafia feminista” (em espanhol).

Nascida em Valência em 1979, Cristina Seguí entrou para a política em 2014 e é uma das fundadoras do partido VOX, da direita espanhola – que, aliás, atravessa os mesmos problemas e comete os mesmos equívocos da direita brasileira, como o faccionismo e a falta de uma estratégia comum.  Crítica mordaz do “politicamente correto”, ela já teve suas contas nas redes sociais “canceladas” em mais de uma ocasião (só no Twitter ela tem quase 200.00 seguidores). Seu primeiro livro, “Manual para defenderte de uma feminazi”, deixou as feministas espanholas em polvorosa – como era de se esperar.

Em “La Mafia feminista”, ela ataca o feminismo de forma ainda mais enfática. Com um tom provocador e às vezes debochado, mas sempre de forma bem fundamentada, a autora argumenta que o feminismo de hoje imita o padrão chantagista e predatório dos homens do passado, ao reformular a mensagem “Você não seria nada sem mim”. O que o feminismo estaria dizendo hoje às mulheres é: “Você, mulher, deve tudo ao feminismo. Sem ele você não poderia trabalhar, votar, nem mesmo usar saia curta”.

A consequência lógica é que as mulheres devem lutar não pela efetiva igualdade de direitos, mas pela garantia de privilégios como forma de pagamento da dívida histórica do patriarcado opressor com o “segundo sexo”. Como se as mulheres fossem incapazes de conquistar as coisas sem que a intervenção de um Estado paternalista que obrigasse as empresas a contratá-las. A mesma distorção se verifica nas lutas de outras minorias, aliás.

Os títulos de alguns capítulos do livro são eloquentes: “Programas educativos feministas para adoctrinar sexualmente a los niños”; “El feminismo anticapitalista, a los pies del gran capital globalista”; “El multimillonario patrocinio de Soros a la industria abortista”; “El feminismo como carta de impunidad para maltratar a otras mujeres”; “Campañas feministas de incitación al odio contra el hombre” etc.

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Cristina também trata de algumas questões bastante específicas da política espanhola, o que diminui ainda mais as chances de seu livro ser traduzido no Brasil. Ela critica asperamente a criação do Ministerio de Igualdad, que classifica como um “clube de feministas ungidas pelo patriarcado” e do Instituto de la Mujer, que, ao impor cotas de contratações e outras obrigações às empresas relacionadas à igualdade de gêneros, estariam prejudicando a iniciativa privada.

Cristina Segui também denuncia ações que, sob a máscara da luta pela igualdade de gênero, levaram à criação de um uma estrutura poderosa que  envolve políticos e meios de comunicação e se dedica a aterrorizar juízes, empresários e jornalistas, bem como as mulheres que se recusam a comprar a sua narrativa. Um livro devastador.