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O falso moralismo de quem finge se escandalizar com palavrões
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Nessa altura dos acontecimentos, quase tudo já foi dito sobre o vídeo da reunião ministerial. Estou entre aqueles que acham que a divulgação fortaleceu o presidente, o que não significa aprovar tudo que foi dito ali. Mas há também quem identifique no vídeo motivos para uma grande indignação.

No fim das contas, o que verdadeiramente importa no vídeo é que ele mostra que o presidente é o que é – e esta é uma das razões pelas quais ele foi eleito. Bolsonaro pode estar errado, mas é de verdade. E a maioria do povo brasileiro está cansada de políticos que são de mentira, que não são o que fingem ser.

Parece que a parcela golpista da esquerda – aí incluída a mídia dominada pela militância – ainda não enxergou isso, ou finge que não enxergou. Ela teima em tocar os mesmos atabaques de sempre, fazendo de tudo pretexto para tentar sabotar e derrubar o governo eleito com mais de 57 milhões de votos.

Em reuniões a portas fechadas de governos passados, discutia-se como aparelhar o Estado, planejava-se como saquear os fundos de pensão e se acertavam as propinas dos contratos da Petrobras que bancariam um projeto de perpetuação no poder. Curiosamente, o Judiciário nunca se atreveu a quebrar o sigilo de nenhuma reunião daqueles governos.

Já na reunião ministerial do último dia 22 de abril, tornada pública por decisão do STF, não houve qualquer menção a esquemas de corrupção, mas a oposição e a mídia ficaram alvoroçados com o que mesmo? Com a linguagem chula do presidente e de alguns ministros: “Ain, que horror, falaram 42 palavrões...” Oh.

Houve jornalistas que, fazendo-se de muito chocados, se deram ao trabalho de enumerar os termos grosseiros, como se estivessem dando um furo de reportagem ou prestando um grande serviço à nação. A isso se reduziu o jornalismo mainstream? Fazer contabilidade de palavrões?

Curiosamente, muitos que condenaram a boca suja do presidente não se constrangem em apoiar políticos sem ficha limpa. Escândalos de corrupção dos governos passados? Não estavam nem aí. Mas palavrões, isso não, para tudo tem limite! Tempos estranhos.

Pensando bem, não chega a ser surpreendente ver jornalistas e intelectuais que acharam fofas e muito educadas expressões como “grelo duro” e “enfiem a panela no **!” agora se fazerem de recatados e ofendidos, como se fossem madres superioras de um convento de virgens.

Esses mesmos arautos dos bons costumes acharam muito bonito quando um artista ficou pelado na frente de crianças em um museu, ou quando manifestantes enfiaram crucifixos no ânus em passeatas. Claro, o verdadeiro sacrilégio é o palavrão.

É, evidentemente, um falso moralismo, uma indignação fingida. Um amigo escritor acertou na mosca: “Eles querem que a realidade se curve ao discurso que usaram para depenar o país durante 15 anos. E dá-lhe sentimentalismo, histeria de mentira, sensibilidade seletiva, humanismo de celebridade”.

Não está colando, felizmente. Mas eles insistem. Não entenderam que, se continuarem agindo dessa maneira, ajudarão a reeleger Bolsonaro em 2022.

“Genocida”

Voltou a circular nas redes sociais uma frase atribuída a Winston Churchill: “Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas”. Parece que Churchill nunca disse isso, mas não importa: independentemente da autoria, a frase é corretíssima. Não há hoje discurso mais intolerante e cheio de ódio que o da “galera do bem”, que se julga moralmente superior e muito democrática, mas está sempre pronta a condenar, esfolar e destruir quem pensa de forma diferente.

A turma que se considera detentora do monopólio da virtude tem outras características fáceis de identificar: andam sempre em matilha (porque abominam o indivíduo e só se garantem no coletivo); pensam e falam por meio de slogans e frases feitas (“Não vai ter Copa!”, “Fica Dilma!”, “Fora Temer”!, “Ele não!”, “Lula livre” etc); e costumam adotar discursos vitimistas que sempre colocam no outro a culpa e a responsabilidade pelo seu próprio fracasso.

São, no mais das vezes, pessoas sem talento e sem luz própria, cujo único prazer é tentar apagar a luz dos outros. Tornam-se, assim, presas fáceis para a doutrinação nas salas de aula das escolas e universidades, porque a esquerda lhes oferece um simulacro de sentido para suas vidas vazias e inúteis.

Além do assassinato de reputações, essa turma vem se dedicando a matar palavras: a última moda nas redes sociais é chamar o presidente de genocida. Depois de distorcerem o significado do Fascismo, resolveram esvaziar também a palavra “genocídio” de sentido. Até parece que acreditam que o presidente é responsável pela pandemia e deseja que milhares de brasileiros morram, como se ganhasse alguma coisa com isso. Mas não acreditam. Mais uma vez, é tudo fingimento e cálculo doentio.

Eu, pessoalmente, defendo a quarentena e acho o isolamento social necessário para achatar a curva de casos e óbitos, com base em tudo que já li e levando em conta a precariedade do nosso sistema de saúde, que Lula descreveu como “próximo da perfeição” mas sempre esteve colapsado, desde muito antes da chegada do vírus. Mas, apesar de discordar de Bolsonaro, eu sei – e essas pessoas também sabem – que no último dia 15 de abril o plenário do STF delegou aos governadores a competência de tomar decisões relativas à pandemia.

Ou seja, em nenhum estado deixou de haver quarentena por culpa de Bolsonaro, simplesmente porque ele não tem o poder para isso. Todas as decisões, tanto as boas quanto as ruins, para deter o coronavírus foram tomadas pelos estados e municípios, de cujos governantes de deve cobrar a responsabilidade pelos resultados.

Em muitos estados, aliás, estão sendo feitas compras superfaturadas de respiradores que sequer são entregues, e está sendo encomendada – a toque de caixa e por valores suspeitosos – a montagem de hospitais de campanha que não ficam prontos ou não têm os equipamentos adequados, nem médicos suficientes para fazê-los funcionar.

Ou seja, nesta crise, mais do que em qualquer outra, o Brasil está sendo de fato uma federação. O Executivo federal até tenta assumir o comando, mas quem decide se vai seguir ou não as orientações são os governadores. Diversos deles se recusaram, por exemplo, a permitir a reabertura de academias e salões de beleza sugerida por Bolsonaro. E não se trata aqui de saber quem está certo (o tempo vai dizer), mas de constatar que, nesse contexto, chamar o presidente de genocida é sinal de má-fé e desonestidade intelectual – ou, na melhor das hipóteses, burrice.

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