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Bolsonaro e Michelle desembarcam em Doha, no Catar
Bolsonaro e Michelle desembarcam em Doha, no Catar| Foto: Isac Nobrega

Nos últimos dois meses, foram pagos R$ 3 milhões de despesas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro com cartões corporativos. Em 12 meses, a gastança chegou a R$ 11,2 milhões. As duas viagens internacionais pesaram nas contas, mas teve ainda as cerimônias militares e religiosas e muitas inaugurações de obras, sempre de olho na reeleição. Por onde passou, o presidente manteve o discurso contra a obrigatoriedade das vacinas.

O governo Bolsonaro não divulgava os gastos dos cartões havia dois meses. No final da semana, foram liberados os pagamentos feitos em novembro e dezembro, relativos aos gastos feitos em outubro e novembro. A média mensal de despesa nos últimos 10 meses era de R$ 830 mil. Em novembro, houve pagamentos num total de R$ 1,43 milhão. Em dezembro, mais R$ 1,54 milhão. Não estão computadas ainda as viagens de férias do presidente no Guarujá e em São Francisco do Sul (SC). No mínimo, serão mais R$ 2 milhões.

Esses valores são relativos às despesas com viagens nacionais e internacionais e com o Palácio da Alvorada, onde mora o presidente e sua família. Considerando as despesas com cartões corporativos de mais dois órgãos da Presidência da República: o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência de Inteligência Nacional (Abin), que prestam serviços a presidente, os gastos em um ano chegaram a R$ 19 milhões. Foram pagos R$ 2 milhões em novembro e R$ 2,4 milhões em dezembro.

A transparência desses gastos é mínima – 99,3% estão sob sigilo. A Presidência da República divulga apenas o valor de cada pagamento, o que permite apurar o valor total. Em novembro, foram feitas 15 despesas acima de R$ 30 mil, sendo quatro acima de R$ 50 mil. Os gastos do presidente e de seus familiares são “reservados” e ficam sob sigilo durante o seu mandato, como determina a Lei de Acesso à Informação. Bolsonaro prometeu quebrar esse sigilo, mas nunca cumpriu a promessa.

As viagens internacionais

Bolsonaro esteve em Roma, de 29 a 31 de outubro, participando da Cúpula de Líderes do G20. Não conseguiu marcar nenhum encontro bilateral com outro presidente. No retorno ao Brasil, num evento em Ponta Grossa (PR), em novembro, o presidente contou uma história que resume a sua participação no G20. “Sábado tava (sic) num salão grande, só tinha autoridades e intérpretes, mais ninguém, zero imprensa, e fizeram muito bem. Em dado momento, sem querer, eu pisei no pé da Angela Merkel e ela falou: ‘Só podia ser você!’. Eu fiquei feliz porque ela me reconheceu, ela sabia quem eu era”.

Após cumprir a missão oficial, Bolsonaro seguiu para o município de Anguillara Vêneta, onde teria nascido o seu bisavô. Recebeu o título de cidadão honorário do município e foi recebido com festa em almoço oferecido pela prefeita Alessandra Buoso. No dia seguinte, participou, em Pistoia, de cerimônia em memória dos pracinhas brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial. Inaugurou uma placa que simboliza a presença de um chefe de Estado no local. “Apenas dois presidentes tiveram presentes, eu e, no passado, Collor de Mello. Outros talvez não tenham motivo para ir até lá”, reclamou o presidente.

 Almoço oferecido pela Prefeita Alessandra Buoso e pela comunidade de Anguillara Vêneta, na Itália; Foto: Alan Santos/PR
Almoço oferecido pela Prefeita Alessandra Buoso e pela comunidade de Anguillara Vêneta, na Itália; Foto: Alan Santos/PR

De 13 a 17 de novembro, Bolsonaro visitou países do Oriente Médio – Dubai e Abu Dhabi (Emirados Árabes), Doha (Catar) e Manama (Bahrein). Teve encontros com chefes de Estado, empresários, visitou a Dubai Airshow, a planta industrial da empresa brasileira de alimentos BRF, inaugurou embaixada do Brasil em Manama e frequentou muitos almoços e jantares.

Discurso contra a vacina

O país caminhava para o término da epidemia da Covid19, em parte graças às vacinas. Mas Bolsonaro aproveitou as duas viagens pelo país para defender a sua não obrigatoriedade. Em Maringa (PR), na entrega das obras de modernização do aeroporto, afirmou: “Naquilo que depender do governo federal, nós não teremos passaporte da Covid. Nunca apoiamos medidas restritivas, sempre estivemos ao lado da liberdade, do direito de ir e vir, do direito ao trabalho e da liberdade religiosa. Não podemos admitir que alguns protótipos de ditadores, em nome da saúde, queiram tirar a liberdade de vocês”.

Em Miracatu (SP), na entrega de títulos de propriedade rural, tentou se esquivar da responsabilidade pela crise econômica no país. “Reclamam do preço do combustível, preço do gás de cozinha e dos mantimentos, é verdade, mas é a conta que o mundo está pagando da política covarde e criminosa que foi aquela do ‘fica em casa que a economia te vê depois’”. Em São Roque de Minas (MG), no lançamento da Jornada das Águas, completou: “Eu tinha poderes para fechar o Brasil todo com decreto, mas não fechei um botequim sequer”.

Na visita à São José das Piranhas (PB), na inauguração da obra do trecho final do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, defendeu o tratamento precoce: “Eu peço que levante a mão quem foi contaminado pela Covid aqui! Baixa o braço, por favor. Quem tomou ivermectina, ou hidroxicloroquina, muito obrigado. Se nós colocarmos essas palavras nas mídias sociais nossa, derruba nossa página. Por que essa perseguição? Por que não dá chance ao médico na ponta da linha nos receitar algo. Eu tomei hidroxicloroquina, no dia seguinte estava bom”.

Obras inacabadas

No mesmo local, falou sobre a conclusão de obras inacabadas que estariam acontecido em seu governo: “Passou por vários governos, mas estava parada há muito tempo. Notícia tivemos aos montões de corrupção e desvio de recursos. Nós resolvemos. Juntei os ministros e falei, a nossa prioridade, é concluir obras. Até porque, é mais barato”. Como mostrou o blog em outubro, o Eixo Norte recebeu R$ 9,6 bilhões desde 2008. O maior volume de recursos para a obra foi liberado de 2013 a 2015, no governo Dilma, num total de R$ 4,2 bilhões. Bolsonaro colocou R$ 890 milhões na obra – 9% do total. Os dados foram extraídos do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) pala Associação Contas Abertas.

Mas o presidente não esqueceu as cerimônias militares. Esteve na demonstração de Lançamento de Armas pela Esquadra, no Rio de Janeiro; no baile do Curso de Formação de Soldados, em Manaus; na conclusão do Curso de Formação de Sargentos da Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá (SP); na formatura do 76º Aniversário da Brigada de Infantaria Pára-quedista e na solenidade do Jubileu da Brigada de Infantaria Pára-quedista, no Rio; e na entrega de espada e declaração de aspirantes, em Resende. O presidente já gastou milhões de reais em viagens para esses eventos.

Lembrou também dos evangélicos. Esteve no culto em comemoração aos 106 anos da Assembleia de Deus, em Boa Vista (RR); e na primeira consagração pública de pastores do Amazonas e na Assembleia Convencional 2021 da Assembleia de Deus, em Manaus.

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