• Carregando...
Salão Nobre do Tribunal de Justiça de São Paulo
Salão Nobre do Tribunal de Justiça de São Paulo| Foto: Reprodução/Divulgação

O custo do Poder Judiciário foi tema levantado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) no final de fevereiro. Levantamento do blog mostra que os salários, indenizações e demais penduricalhos, custaram R$ 95 bilhões nos últimos seis anos e meio. Antes disso, eram trevas. Não era possível sistematizar esses números. Hoje, sabemos que os “subsídios”, ou salários, consumiram R$ 56 bilhões. Os direitos eventuais, mais R$ 29 bilhões. Os direitos pessoais, R$ 2,4 bilhões. As indenizações – auxílios saúde, alimentação, moradia, natalidade, pré-escolar – somaram mais R$ 7 bilhões.

Em 25 de fevereiro, o presidente do STF, Roberto Barroso, afirmou, em artigo publicado na Folha de São Paulo: “Quanto custa o Judiciário não é uma questão irrelevante. Mas a indagação correta talvez seja outra: quanto vale o Judiciário?”

Os números divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelam pagamentos milionários. Entre os direitos eventuais, destacam-se os pagamentos retroativos, num total de R$ 6,6 bilhões, e as indenizações de férias, mais R$ 4,4 bilhões. A maior parte dos retroativos resultou do pagamento atrasado de verbas de equivalência de remuneração entre os magistrados e membros do Congresso Nacional

Retroativos e “venda de férias”

Só o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) pagou R$ 1,6 bilhão em retroativos em seis anos. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), R$ 1,46 bilhão. O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) pagou R$ 638 milhões de retroativos e R$ 498 milhões de indenização de férias. Com direito a 60 dias de férias, é comum a “venda” de férias. Como é uma indenização, não há desconto do Imposto de Renda nem da Previdência. O dinheiro cai limpo na conta do magistrado. O TJSP pagou R$ 1,15 bilhão em indenizações de férias em seis anos. (Vaja abaixo, relação das maiores despesas)

As despesas com indenizações também são consideráveis. O TJSP, maior tribunal, com 360 magistrados, pagou R$ 362 milhões de auxílio pré-escolar em seis anos e meio, mais R$ 256 milhões de auxílio-saúde. O TJMG pagou R$ 354 milhões de auxílio-saúde e R$ 347 milhões em “indenização férias-prêmio”. O tribunal explicou que “as férias não gozadas, prêmio ou regulares, são indenizadas, o que justifica sua classificação orçamentária”.

Esses dados são divulgados hoje pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a partir das folhas de pagamento de 90 tribunais. Antes, cada tribunal divulgava seus salários no próprio site, em formatos diversos. Muitas das planilhas eram em PDF, o que dificultava a totalização. A unificação dos dados ocorreu em agosto de 2017. Os maiores gastos foram do TJSP: R$ 14,3 bilhões. O TJMG gastou R$ 7,5 bilhões; o TJPR, 5,3 bilhões; o TJRJ, 5 bilhões; o TJRS, 4,7 bilhões.

Os maiores “penduricalhos”

As maiores “boladas” de pagamentos retroativos ocorrem no TJMG. Pelo menos 30 magistrados acumularam retroativos em valores acima de R$ 3 milhões. O desembargador aposentado Lúcio Silva Martins recebeu um total de R$ 3,86 milhões em retroativos. Murilo José Pereira, outro desembargador aposentado, recebeu R$ 3,78 milhões. O tribunal afirmou que “os pagamentos de equivalência são feitos conforme decisões judiciais, de acordo com a disponibilidade orçamentária e financeira”.

No TJSP, o desembargador aposentado Antônio Paulilo acumulou R$ 1,38 milhão com retroativos, mais R$ 154 mil de indenização de férias. Egídio Giacoia, desembargador aposentado, recebeu R$ 1,13 milhão de retroativos e R$ 122 mil em indenizações de férias.

As “boladas” não acontecem apenas nos grandes tribunais. No Tribunal de Justiça de Rondônia, o desembargador Paulo Kiyochi Mori recebeu R$ 1,43 milhão de retroativo e R$ 967 mil de indenizações de férias. O desembargador José Ribeiro da Luz recebeu R$ 1,38 milhão de retroativo e o mesmo valor de indenização de férias.

TJs defendem atrasados e férias

O TJPR afirmou ao blog que, em seus mais de 132 anos de existência, “sempre honrou a missão de bem servir ao povo paranaense, cumprindo e fazendo cumprir a Constituição e as Leis do país, enfrentando passivos trabalhistas segundo seu orçamento e orientações dos órgãos de controle, dentre os quais o CNJ".

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) afirmou que os pagamentos da Parcela Autônoma de Equivalência (PAE) foram finalizados em dezembro de 2022. “Desde o ano de 2017 até a finalização do pagamento foram destinados 108 milhões e não há mais nenhuma pendência a ser quitada quanto à PAE. Informamos ainda que todas as verbas retroativas devidas e pagas a magistrados e servidores são expressamente autorizadas pelo CNJ”.

O TJRS acrescentou que a indenização decorrente da conversão de férias em pecúnia para magistrados e servidores é exclusivamente de períodos de férias vencidos. “São férias vencidas e não gozadas, por absoluta necessidade de serviço e imperiosa continuidade da prestação dos serviços. Pautamos nossa atuação pelo respeito ao erário público, de forma transparente, respaldados por administrações austeras”.

Os tribunais mais caros

tribunalsubsídiosdireitos pessoaisindenizaçõesdireitos eventuaistotal de rendimentos
TJSP8.453.624.098467.144.493642.866.3984.778.304.55714.341.939.548
TJMG3.481.438.070155.997.9001.401.437.3802.498.407.8547.537.281.205
TJPR2.915.964.49290.652.430402.448.2271.927.054.9695.336.120.117
TJRJ3.081.655.664277.057.143333.951.0851.732.660.3955.065.324.288
TJRS2.900.498.712160.009.246179.543.6671.449.290.4264.689.342.050
TJGO1.715.063.66433.420.487389.167.9071.431.955.2493.569.607.308
TJSC1.720.782.61073.521.225190.988.3291.174.057.0573.159.349.322
TRT22.141.339.81545.284.880116.057.023603.245.2262.933.106.840
TJPE1.649.007.520150.630.811191.748.736531.192.1402.520.579.207
TJBA1.543.281.49264.833.554125.291.319763.330.4552.496.736.820
TRF11.553.414.20530.635.34095.840.484636.810.2402.316.743.291
TRT151.405.903.47529.409.554123.758.124505.073.6622.064.144.814
TJDF1.305.545.49565.010.261114.115.255571.475.4892.056.146.499
TRF41.219.966.66732.857.484118.334.293647.452.9222.018.611.367
TJMT908.642.00823.387.982229.992.841735.858.5191.964.881.350
TJES1.126.354.28630.954.515117.047.524551.319.2851.825.675.611
TJCE1.395.435.44537.178.65378.598.080255.335.2691.766.547.448
TRT31.206.808.49535.395.44561.213.700429.933.0531.733.350.694
TRF31.115.074.25027.405.20667.481.538499.838.0391.709.799.033
TJPA1.114.012.20033.621.319186.287.725313.197.9981.647.119.243
TRT41.198.510.62024.998.61747.851.832361.484.1191.632.845.188
TRT11.095.274,8825.498.59971.548.548260.094.8471.452.416.879
TRF2829.860.74116.879.33562.474.373453.650.8841.362.865.333
TJMA826.937.59539.506.174202.857.614219.322.0301.288.623.414
TJMS544.181.49629.016.748123.937.283517.892.9591.215.088.202
TJRO499.385.82212.310.04385.856.855550.312.2481.147.864.968
TRF5645.779.07912.684.23548.272.705362.487.6821.069.223.701
TJRN611.402.47133.769.55873.348.874313.154.1801.031.675.083
TRT5777.883.11314.454.01541.509.675174.744.4181.008.591.222
Fonte: Conselho Nacional de Justiça
Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]