Cerimônia de passagem de comando na Comissão do Exército Brasileiro em Washington| Foto: Divulgação/Exército
Ouça este conteúdo

Não são apenas os adidos militares que recebem altos salários no exterior. Ocupantes de altos cargos em representações militares no exterior também têm renda que supera os R$ 100 mil. A remuneração dos 1,2 mil militares brasileiros que são adidos ou exercem missões no exterior soma R$ 830 milhões por ano. Tem sargento com salário maior do que o presidente da República. Seiscentos militares recebem mais do que R$ 50 mil.

CARREGANDO :)

O major brigadeiro David de Almeida Alcoforado exerceu o cargo de vice-diretor do Diretório de Estratégia, Política e Planos do Comando Sul dos Estados Unidos, em missão transitória no exterior. Recebia R$ 53 mil de remuneração básica e R$ 56 mil de verbas indenizatórias – um total de R$ 109 mil. Em março, quando deixou o cargo, recebeu a renda básica mais R$ 154 mil de indenizações, num total de R$ 203 mil. Hoje comandante do Comando Aéreo da Amazônia, tem salário de R$ 34 mil.

O capitão de fragata Rogério Moreira Diniz exerceu missão transitória no exterior até março deste ano, com remuneração básica de R$ 49 mil e indenizações de R$ 14 mil. Em março, recebeu R$ 120 mil em verbas indenizatórias. Ele fazia curso no Defense Services Staff College, em Wellington, na Índia. Todos os valores da reportagem – pagos em dólares no exterior – foram cambiados para reais.

Publicidade

O capitão de corveta Rodrigo Baptista Pereira também estava cumprindo missão transitória no exterior até março deste ano, com renda mensal de R$ 68 mil, entre remuneração básica e indenizações. Em março, quando encerrou a missão, recebeu R$ 50 mil de salário base, mais R$ 50 mil de “outras remunerações eventuais” (não são férias nem 13º salário) e R$ 100 mil de verbas indenizatórias – um total de R$ 200 mil. Ele exerceu a função de Ligação de Resgate de Submarino junto à Força do Atlântico da Marinha Americana, em Norfolk, na Virginia (EUA).

Como mostrou reportagem do blog, os adidos militares do Brasil no exterior têm renda mensal de até R$ 157 mil – cinco vezes o salário do presidente da República. Oficiais superiores, eles têm salário em torno de R$ 25 mil no Brasil. Em alguns meses, quando assumem ou deixam o cargo, apenas as indenizações superam os R$ 200 mil.

Missões pelo mundo

O capitão de corveta Newton Ferro Júnior, com salário de R$ 20 mil no Brasil, foi designado para exercer a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana, de fevereiro deste ano a fevereiro de 2023. Ele tem renda total de R$ 63 mil. Em março, contou com a remuneração básica, de R$ 45 mil, mais R$ 116 mil de verbas indenizatórias – um total de R$ 161 mil.

O tenente-coronel de Aeronáutica Rodrigo Silveira dos Santos foi designado em 2020 para a função de chefe da Seção Administrativa, Financeira e Contratual do Grupo de Acompanhamento e Controle, na cidade de Linköping, Suécia. Ele recebeu nos últimos meses remuneração básica de R$ 45 mil, mais indenizações de R$ 32 mil. Em março, com o término da missão, recebeu a renda básica mais R$ 116 mil em verbas indenizatórias.

A major da Aeronáutica Cintia de Almeida Neves, que tinha salário de R$ 20 mil no Brasil, hoje tem renda de R$ 80 mil como chefe da Assessoria de Riscos Contratuais da Comissão Aeronáutica Brasileira na Europa, com sede em Londres. No Brasil até fevereiro deste ano, ela tinha salário de R$ 20 mil. Em março, recebeu verbas indenizatórias num total de R$ 124 mil. Com remuneração básica de R$ 37 mil, as indenizações somaram mais R$ 46 mil em abril e R$ 19 mil em maio.

Publicidade

O major brigadeiro Edson Guimarães, chefe da Representação Brasileira na Junta Interamericana de Defesa, nos Estados Unidos, tem renda mensal de R$ 107 mil, incluindo as indenizações. O coronel Alexandre Goyanna, assessor da Junta, tem renda de R$ 105 mil. O coronel do Exército Sérgio Avelar Tinoco exerce o cargo de oficial de Ligação do Exército Brasileiro junto ao Exército da França, com renda total de R$ 80 mil.

Sargentos recebem acima do teto

Assim como acontece com os adidos militares, os cargos bem remuneração no exterior não são privativos de oficiais. Há espaço para os suboficiais, sargentos e cabos. O subtenente do Exército Madison Silvério é auxiliar na Comissão do Exército Brasileiro em Washington, com renda total de R$ 41 mil, incluindo as indenizações.

O 1º sargento Junes Luís Ost, auxiliar da Comissão do Exército em Washington, tem renda de R$ 39,5 mil – um pouquinho acima do teto remuneratório dos servidores públicos brasileiros. Exercendo cargo na mesma comissão, o 1º sargento André Alves Borges recebe R$ 40,5 mil.

Auxiliar de adido de defesa na Guiana, o 1º sargento Valderson Leal Dutra tem renda de R$ 43 mil. O 1º sargento Cesar Rodrigo Carneiro, auxiliar de adido do Exército na China, tem renda total de R$ 63 mil – mais do que duas vezes o salário do presidente da República. O cabo engajado da Marinha Willian Leite dos Santos cumpre missão transitória no exterior. Recebia R$ 14 mil até março. De volta ao Brasil, tem salário de R$ 3,7 mil.

Todas as indenizações dos militares

O salário dos militares no exterior é constituído da remuneração básica, a gratificação por tempo de serviço e as indenizações. A maior delas é a indenização de representação no exterior (Irex), calculada em razão da natureza da missão, do cargo exercido, da hierarquia militar e do custo de vida local.

Publicidade

Há, ainda, o auxílio-familiar, a ajuda de custo de exterior, diárias, auxílio funeral, auxílio-moradia, 13º salário e 1/3 de férias. O auxílio-familiar é pago mensalmente para atender às despesas de educação e assistência, no exterior, a seus dependentes. São considerados dependentes a esposa, menor de 21 anos ou estudante menor de 24 anos, filha solteira sem remuneração, mãe viúva sem remuneração, enteados, adotivos, tutelados e curatelados.

A ajuda de custo é paga adiantadamente ao servidor para custeio das despesas de viagem, de mudança e da nova instalação. O transporte é assegurado com o pagamento de passagem aérea para o servidor e seus dependentes. É pago, ainda, anualmente, no período de férias escolares, para que dependentes possa se reunir à família na sede no exterior onde o servidor se encontrar em missão.

O auxílio-moradia no Exterior é devido ao servidor, em missão permanente ou transitória no exterior, a título de indenização, para custeio de locação de residência, na forma de ressarcimento por despesa comprovada pelo servidor.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]