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Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Tragédias

Duas injustiças, duas faces do mesmo mal

Duas tragédias expõem o mesmo mal: a farsa jurídica contra Bolsonaro e o assassinato de Kirk revelam o avanço totalitário no Ocidente. (Foto: Gage Skidmore/Wikimedia Commons; Ton Molina/STF)

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A semana passada valeu por décadas. Não para o lado do bem, é claro, pois foi marcada pelo julgamento falacioso e pela injusta sentença de prisão de Bolsonaro no Brasil, e pelo assassinato de Charles Kirk, ativista cristão nos EUA.

Entretanto, valeu para revelar à maior parte da população, que está inerte e cega diante das questões políticas, as várias faces do inimigo que se apresenta para destruir nações. Se as maldades que foram cometidas continuam imperiosas em nosso ecossistema político e social, o contrapeso é a conscientização popular sobre quem são os reais inimigos da civilização.

Duas tragédias, duas faces do mesmo mal

Aconteceram duas tragédias: a primeira, o julgamento totalmente fantasioso do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados de tentativa de um suposto golpe. Todo o processo foi conduzido de forma ilegal, fictícia, mais como uma ação política e menos como fato jurídico. Nesse caso, os protagonistas foram os agentes da esquerda, fantasiados de juízes do mais alto grau, tornados poderosos pela burocracia.

Essa é a face tecnocrática do mal que se sobrepõe à liberdade e àqueles que a defendem em todos os sentidos. O Estado também pratica terrorismo contra a sociedade quando perde a legitimidade ou cai nas mãos de criminosos.

Esse tipo de terrorismo de Estado é muitas vezes pior que o de grupos terroristas, pois é menos perceptível para a sociedade. No entanto, a condução de um julgamento ilegal e revestido de política expôs aos brasileiros e ao mundo a perversidade no aparelhamento ideológico de instituições públicas.

Do outro lado do continente, nos Estados Unidos, assistimos estarrecidos à tragédia que foi o assassinato de Charles Kirk, uma voz do ativismo social. Não ocupava cargo público e atuava junto aos jovens nas universidades. Membro de uma sociedade consciente, tinha a missão de bradar uma voz cristã libertadora.

Ele era o contraponto fundamental a todas as ideologias depravadas disseminadas na sociedade. Seu papel era salvar a juventude da decadência, mas foi ceifado do jogo político e da vida social para sempre.

No caso de Charles Kirk, vemos o outro lado do mesmo mal. Seu algoz era uma figura frágil, um estudante tímido, mas totalmente radicalizado pela mídia e pela universidade para ser instrumentalizado como agente destrutivo, um idiota útil para combater o que é bom, belo e verdadeiro: a valorização da família, da fé, do indivíduo e de sua pátria.

Nesses dois casos — Jair Bolsonaro, neutralizado pela tecnocracia, e Charles Kirk, eliminado pela militância imbecilizada — está a face do mesmo mal, que não age somente no Brasil ou nos Estados Unidos, mas está presente em praticamente todos os países das Américas e da Europa.

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Totalitarismo requer se envolver em tudo

É impossível negar a influência de um enorme movimento político, social e econômico, que prega a destruição da identidade do Ocidente. Suas ações não se limitam às questões sociais, o front em que combatia Charles Kirk. Também não se restringem ao âmbito político, campo de ação de Bolsonaro.

A estratégia da esquerda é completa e totalitária, contra a sociedade, contra a política, contra a economia. No seio de sua ideologia está o ímpeto do controle. Seu objetivo é comandar todos os aspectos da sociedade humana, e para atingi-lo há uma estratégia muito clara e maquiavélica, voltada a subverter cada um deles.

Não nos cabe enumerá-los aqui, pois certamente o texto ficaria gigantesco, e já tratei do assunto em colunas anteriores. Mas o plano é geral, e para combater um plano geral não basta tratar apenas de um dos aspectos. Por exemplo, limitar-se a travar uma guerra cultural e desmontar as narrativas sociais da esquerda.

Também não é suficiente abordar apenas questões de economia, um tipo de controle mais visível e antigo. Muito menos cabe agir somente no âmbito da política, como na época do regime militar, cuidando apenas do controle das instituições de Estado.

O combate a um plano totalitário requer um contraponto geral que afete política, sociedade e economia. É necessário ter uma visão completa, com empenho e resguardo absoluto em qualquer medida. Um centímetro que se dê para o lado da esquerda é uma perda catastrófica para a direita. Poucos notam que as vitórias da esquerda são galgadas em milímetros e com muita parcimônia, mas raramente retrocedem.

Esse processo gradual torna a tomada de poder pela esquerda algo invisível para o leigo, uma estratégia que precisamos descortinar cada vez com mais afinco: qual é o plano que está por trás de cada ideia aparentemente inocente? Pois é, não há nada de inocente em qualquer microvitória da esquerda.

A grande vítima desse conjunto ideológico são os eleitores confusos, os inconscientes, os não-ativados e não-ativistas, enfim, os que não acompanham a política

Estes são a maioria e não entendem como funciona o jogo da esquerda nos campos político, social e econômico, caindo facilmente nas narrativas feitas para acobertar os planos em cada um desses fronts. São também os que ajudam a descredenciar a direita, acusando seus membros de radicais ou teóricos da conspiração.

De fato, os assuntos abordados são complexos, e o eleitor confuso não gosta de complexidade. Por isso, procura absorver as coisas mais fáceis e simples, o que o torna propício a se transformar em idiota útil — desde um mero apoiador passivo até um agente capaz de praticar os crimes mais bárbaros contra a sociedade.

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Fé versus razão?

Para impedir um plano totalitário velado em camadas de mentiras e narrativas difíceis de serem desacreditadas, o melhor caminho talvez não seja o da lógica — minha preferência pessoal. Reconheço que a lógica tem seus limites, como em um jogo de xadrez. Mas requer uma capacidade de visualização de jogo que não é universal.

A maioria dos jogadores não consegue prever além do segundo ou terceiro movimento do adversário. Assim também acontece na lógica popular, que vai só até o segundo ou terceiro passo do opositor. Esse é o limite da lógica para a maioria.

A diferença é que os objetivos da esquerda estão calcados na construção de estruturas de controle permanente. Sim, traduz-se como mais institucionalização ou simplesmente mais burocracia. E, para que a burocracia possa exercer poder absoluto, ela precisa de mais força coercitiva e conta com a fraqueza da sociedade.

A construção desse cenário é revestida de narrativas que muitos da direita não sabem refutar. É um jogo que vai além do quarto, quinto ou sexto movimento. Esse é o campo da intuição. Portanto, para popularizar a visão do problema e de como sair dele, o canal intuitivo é o mais abrangente, capaz de entregar uma mensagem de força e libertação que proteja o cidadão e lhe dê esclarecimento na formação de opinião.

Nesse sentido, a fé é o único caminho para estabelecer esse canal direto. É ela que pode transcender a perspectiva e estimular a capacidade de ver aquilo que não é visível, perceber o mal travestido de bem, entender que o futuro está sendo construído nesses pequenos centímetros de vitória da esquerda e que cada um deles precisa ser rejeitado. Somente a fé tem força para rejeitar aquilo que aparentemente é popular.

Perguntas convenientes

Por isso, temos que ter a fé alinhada com a lógica, promovendo a comunhão e o discernimento para aceitar ou rejeitar o que se apresenta. De forma pragmática, a direita deve ter na ponta da língua as respostas para estas perguntas:

  • Quais são e onde se encontram as estratégias da esquerda?
  • Como funcionam e por que são ruins para a sociedade, a economia e a política?
  • Como romper com ideias e narrativas da esquerda que hoje são populares?
  • Como comunicar as alternativas sem gerar resistências?

Só com a fé e a lógica unidas conseguiremos atingir uma massa crítica de grande mudança, e não em confronto uma com a outra. Esse é o grande desafio

Neste momento, diversos representantes da direita combatem a esquerda à sua maneira, o que é certo. Mas, quando se deparam com outro da direita que atua de forma diferenciada, ainda não demonstram coesão.

Tanto um lado quanto o outro procuram protagonismo político e passam a agir como se o inimigo principal fosse o colega da direita, e não a esquerda. Infelizmente, ainda não temos um fórum formal de debate, união e coesão da direita além dos que são criados esporadicamente na sociedade. E talvez essa seja a melhor maneira. Deixar a população ser o adulto na sala e rir das rivalidades dos representantes da direita é fortalecer a sociedade civil.

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Fé e lógica

Por isso, as duas perspectivas devem caminhar juntas. É essa união que precisamos para enfrentar a enorme besta que se apresenta cada vez com mais força e descaramento em nossa sociedade. A prisão de Bolsonaro foi uma grande farsa jurídica e, mesmo assim, aplaudida por várias pessoas, inclusive da área jurídica, num contrassenso absoluto da lógica.

Igualmente, nos EUA, muitas pessoas aplaudiram o assassinato de um ativista, pai de família e que não cometeu nenhum crime. Praticar ou validar o assassinato é uma violação grave de qualquer religião.

Se a fé e a lógica têm de ser usadas em conjunto para conscientizar um número maior de cidadãos dos problemas que se abatem sobre nossa sociedade, o que dizer daqueles que não se afetam por nenhum dos dois? É contra eles que devemos travar nossas batalhas.

Vemos sistematicamente como a ideologia, o método de ensino e a mídia militante são capazes de gerar pessoas disfuncionais, que suprimem a lógica e a fé de suas vidas. No Brasil, como nos EUA, há uma parcela de pessoas do mal, programadas para serem antissociais, fechadas ao convívio pacífico e alheias tanto à lógica quanto à fé, e que precisam ser depuradas de nosso convívio em sociedade e do comando do país.

É triste dizer que tais pessoas são irrecuperáveis, e em sua maioria vítimas de décadas de exposição aos ecossistemas informacionais criados pela esquerda.

Antes de ser uma guerra social, política ou econômica, estamos lutando uma guerra pela consciência de cada um: de que lado você está? Da fé e da lógica, ou da irracionalidade e da bestialidade? Claro que ninguém que leia este texto responderá a segunda alternativa, pois nem os corruptos nem os sociopatas se enxergam em erro. Mas esse é o grande embate do século XXI no qual iremos prevalecer, pois a força da vida é mais forte, e o que a sustenta é a fé e a lógica.

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