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Fogo: Hugo Harada/Gazeta do Povo
Fogo: Hugo Harada/Gazeta do Povo| Foto:
Fogo: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Fogo: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Esqueça esporte. UFC não é esporte. Esporte é MMA (artes marciais mistas). O Ultimate é uma organização privada que, claro, visa o lucro.

A irritação de José Aldo com o campeonato, com Dana White e com Conor McGregor, portanto, é mais um exemplo da lógica que define os rumos do evento. O objetivo final é puramente comercial, tanto que recentemente foi vendido pelo valor recorde de US$ 4,2 bilhões ao grupo de entretenimento WME-IMG.

Lutas de MMA dentro de um pacote quase que gourmet são os produtos vendidos pela companhia. E o octógono é controlado, basicamente, por lutadores que sabem se colocar na vitrine.

Caso do irlandês McGregor. Rei do marketing, mas que consegue se garantir no ringue, ele está tomando as rédeas do campeonato. Em dezembro de 2015, o polêmico lutador nocauteou José Aldo em 13 segundos para conquistar o cinturão peso-pena (até 66 kg).

Deste então, não lutou mais na divisão onde ostenta o cinturão. Fez duas lutas contra Nate Diaz duas categorias acima, entre os meio-médios (até 77 kg). Perdeu uma vez, ganhou outra e, principalmente, vendeu muito bem. Estima-se que o número de pacotes de pay-per-view comercializados no UFC 202 seja recorde.

Ao mesmo tempo que faturou muito com Conor, o UFC perdeu esportivamente, pois “matou” sua categoria dos penas ao deixar o campeão sem lutar. Nesse meio tempo, “criou” um cinturão interino, vencido por Aldo. Título que, nessas condições, já não tem muito valor.

A promessa feita ao brasileiro, no entanto, era de que Conor o enfrentaria neste ano para a decisão do campeão linear até 66 kg. A revanche estava garantida, conforme o blog apurou com pessoas próximas a Aldo. O próprio White, presidente do UFC, havia dito que o irlandês teria de defender o cinturão após enfrentar Diaz.

A lógica do esporte, contudo, novamente foi desvirtuada nessa terça-feira (28). O UFC anunciou que a luta principal do UFC 205, dia 12 de novembro, em Nova Iorque, terá McGregor contra o americano Eddie Alvarez, campeão dos leves (até 70 kg), como combate principal.

Não questiono que o duelo é interessante no olhar esportivo, mas o principal motivo de sua existência é o potencial comercial. Apesar de acreditar que McGregor x Aldo 2 também venderia bastante, colocar Alvarez no card, um americano de Nova Jérsei, certamente é a jogada correta comercialmente.

Outro exemplo claro dessa lógica é escolher o veterano Dan Henderson, número 13 do ranking dos médios (até 84 kg), para enfrentar o inglês Michael Bisping pelo título.

A luta marcada para o dia 8 de outubro, em Manchester, cidade natal do campeão, muito bem poderia ter o brasileiro Ronaldo Jacaré, número dois da categoria, como desafiante. O certo seria isso.

Mas certo e errado não existem no UFC. Existe o que dá certo em termos de venda e o que não dá. Mas vale lembrar que na era dos ídolos descartáveis o que funciona hoje pode não ser a solução amanhã.

Será que a hora de Conor vai chegar?

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