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Wanderlei Silva: “Não luto por dinheiro”
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Antônio Costa / Gazeta do Povo
Aos 35 anos, o curitibano Wanderlei Silva garante: “Não luto por dinheiro”

Depois de 497 dias longe dos octógonos por causa de uma lesão no joelho, o paranaense Wanderlei Silva voltará a competir neste sábado, em Las Vegas (EUA), no UFC 132. Empolgado por retornar ao seu habitat natural, o Cachorro Louco conversou com o Luta Livre uma semana antes do combate e não escondeu o desejo de voltar a disputar o cinturão dos pesos médios.

Confira a entrevista e comente.

Luta Livre – Como será voltar a lutar depois de quase um ano e meio?

Wanderlei Silva – É sempre como se fosse meu primeiro combate. Estou muito excitado para essa luta, é uma luta muito importante para mim. O oponente é um cara bom. Ele tem 27 vitórias e 5 derrotas, um cartel bom. É um nocauteador, assim como eu. A expectativa é a melhor possível.

Como foi sua preparação para esse combate?

Já estou treinando há cinco meses para essa luta. Intensifiquei agora nos últimos três. Tenho ido para a Califórnia treinar na Kings com o Rafael [Cordeiro] e também treino na Wand, aqui em Vegas. Aqui na minha academia tenho 30 caras entre amadores e profissionais. Vem gente do mundo inteiro para treinar e estou usando esse material humano para me preparar. Lá com o Rafael são 16 caras de alto nível, profissionais.

Como você se sente como inspiração para a nova geração de lutadores?

É muito bom poder contribuir de alguma forma para o esporte. Acho que todo mundo que vê um lutador 100%, dando tudo de si, e às vezes até passando um pouco do ponto, se matando dentro do ringue, fala: Pô, esse cara luta igual ao Wanderlei Silva. Esse ponto de referência em relação aos lutadores que têm muito coração é uma grande honra. Eu realmente fico muito feliz de estar contribuindo com os atletas, com o evento para desenvolver o esporte no mundo todo.

O MMA cresce a cada dia. Até onde esse esporte pode ir?

Acho que pode chegar, sem dúvida alguma, a ser o esporte número um do mundo porque ele pode ser praticado por qualquer pessoa. Alto, baixo, gordo, magro. Qualquer um pode praticar e competir, porque têm diferentes categorias. Em vista do que era antes, quando lutei no UFC no Brasil em 1998, não tinha vestiário naquela época. Fiz meu aquecimento no banheiro. Mudou muito, o esporte está em outro patamar, graças a Deus, e finalmente os atletas estão sendo reconhecidos no mundo todo e principalmente no Brasil, que é celeiro de tantos atletas. Finalmente o esporte está sendo colocado em seu devido lugar.

Há quanto tempo você não vem para
Curitiba? Sente saudades de casa?

Vou em média duas vezes ao ano ao Brasil. Tenho uma filha aí, a Rafaela. Ela tem 15 anos e faz jiu-jítsu na academia do Cristiano Marcelo, a CM System. E tenho alguns negócios aí que preciso dar uma olhada, parentes, meus irmãos que moram aí. Costumo dizer que Curitiba é a Londres do Brasil. Aquele tempinho meio chuvoso, aquela coisa meio fria. Mas em contrapartida tem o charme de um povo elegante, um povo culto. Vai no shopping vê todo mundo bem vestido, você tem acesso às melhores marcas do mundo. Então realmente é uma cidade muito interessante, gostou muito de Curitiba. Morro de saudade de Curitiba.

Você se adaptou muito facilmente à vida nos Estados Unidos?

Me sinto muito bem aqui. Já estou aqui há quatro anos e já tenho muitos amigos. A gente tem as portas abertas em qualquer clube, restaurantes, qualquer lugar que vai é muito bem recepcionado porque o lutador tem o respeito a admiração das pessoas. Até esses dias estava com minha esposa e cheguei em uma boate nova que abriu aqui e tinha uma multidão, Las Vegas, né? Cheio de milionários, e aquela fila… a hora que cheguei os caras foram abrindo assim. Deixa ele passar, deixa ele passar… Caraca… Cheguei no balcão e todo mundo olhando. Quem é esse cara?

Você tem uma interação muito bacana no Twitter com seus fãs. Como isso começou?

Já tenho contato com os fãs há muito tempo. Antigamente tinha um blog no meu site, lia e postava uma mensagem ou outra, depois disso o MySpace, também tinha ali um contato. Fui para o Facebook, mas não me adaptei muito bem porque você só pode ter 5 mil pessoas, tem que criar uma página, e eu sou muito ruim de computador. E no Twitter consigo acessar no meu telefone. Recebo mensagens, respondo, tiro fotos, faço vídeo. É mais simples de usar. É uma interação muito boa. Até hoje recebi uma mensagem do Bacacheri. Falei para minha mulher: olha, tem uma mensagem da Austrália e outra do Bacacheri. Isso que é interação. Recebo mensagens do mundo todo. Tenho um público muito bom na Europa, na Austrália ganhei bastantes fãs na minha última luta, no Japão também, na Rússia. Gosto muito disso porque são diferentes culturas, costumes. Tenho viajado bastante pelos Estados Unidos e tenho contato com vários grupos diferentes.

As vésperas de completar 35 anos (3 de julho),com muita experiência e muitos títulos, qual sua motivação para continuar na ativa?

Acho que o que motiva qualquer atleta profissional é ser o número um. Quero ser campeão de novo, estou me preparando para isso. Espero ter a oportunidade de uma disputa de cinturão e ser campeão. Isso me motiva. E sem dúvida também expandir o esporte. Acho que difundir o esporte. Na minha escola quero que todos tenham a oportunidade que eu tive de treinar em um grande centro de treinamento e poder, de repente, viver do esporte como eu vivo hoje em dia.

Hoje você se sente realizado ou ainda tem uma grande ambição?

Pô, já passei da minha maior ambição há muito tempo, sabe… Não sou uma pessoa, como vou te dizer… Na minha vida o dinheiro é um mal necessário. Não luto por dinheiro. Luto porque gosto, pelos meus fãs. Gosto do show, da adrenalina, da competição. Isso é o que me deixa mais motivado. Lógico que quando estou lutando é óbvio que quero fazer meu melhor. O bônus da [melhor luta da noite], US$ 110 mil, US$ 120 mil extra não faz mal a ninguém [risos]. Mas sempre tento dar meu melhor, independente disso.

Qual mensagem você deixa para quem ainda vê o MMA com preconceito?

Acho que só pode ter algum tipo de preconceito quem acompanha, já viu algumas lutas e não gostou. Aquela pessoa que nunca viu não pode falar nada. Quando você vai falar alguma coisa negativa ou positiva sobre algo é preciso se informar antes. O esporte MMA está crescendo muito, aqui nos Estados Unidos é uma febre. Agora mesmo na minha escola tenho 350 alunos, 300 pagantes, 50 atletas. E tenho recebido muitas propostas de franquias. A arte marcial é diferente do que as pessoas acham. Envolve respeito, disciplina, é um estilo de vida no qual tentamos englobar várias coisas, como o respeito, uma vida sem vícios, uma coisa bem regrada. Com tudo isso você aumenta sua qualidade de vida e, na medida do possível, tentamos formar pessoas melhores. É um esporte muito emocionante, muito empolgante. Quem nunca viu, sábado vou competir e te convido a assistir o UFC 132, em Las Vegas. Vou representar o Brasil e Curitiba. Vai ser minha 47ª luta profissional e espero contar com o apoio e a torcida de todos. Principalmente de Curitiba, que é minha terra natal. Espero passar férias na cidade depois da luta e poder comer um X-Salada na Praça do Gaúcho.

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