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Procurador que esfaqueou juíza agora vai para o “presídio dos famosos”
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A primeira sentença da 1ª vara Federal Criminal de SP, sobre o caso do procurador que esfaqueou a juíza deixou os paulistas revoltados. Em vez de preso, ele ficou no prestigioso Hospital das Clínicas, que recebeu instruções de vigilância e ganhou uma obrigação extra, a de enviar relatórios periódicos ao Judiciário sobre o preso.

Matheus Carneiro de Assunção foi a consequência mais efetiva da entrevista do ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, à revista Veja. Ele disse ter ido armado ao STF com um plano de matar o ministro Gilmar Mendes e cometer suicídio em seguida. Depois, foi verificado que Janot nem estava em Brasília na data em que o fato teria ocorrido. Mas isso mexeu com o procurador.

Ele foi ao Tribunal Regional da 3a Região, em São Paulo, no dia 3 de outubro, participar do "II Congresso de Combate à Administração Pública". Depois, despachou no gabinete de uma desembargadora, tentou falar com outro desembargador mas ele estava em uma sessão de julgamento e, então, entrou no gabinete do terceiro, que estava em férias. Estava ali a substituta, juíza Louise Filgueiras, que foi atingida no pescoço com uma facada e conseguiu se desvencilhar. O procurador ainda jogou uma jarra de vidro nela e o barulho alertou as equipes de segurança do TRF-3.

Funcionários do Tribunal relataram à polícia que ele parecia perturbado passando pelos corredores e murmurava sozinho frases de efeito sobre corrupção. Ao ser contido pelos seguranças, disse que estava ali para finalizar o que Rodrigo Janot não fez. Foi para a cadeia na hora.

Dois dias depois da prisão, o juiz Federal Fernando Toledo Carneiro, da 1a vara Federal Criminal de São Paulo, determinou que o procurador fosse internado em um hospital porque o crime teria sido cometido em estado de surto.

Os gabinetes das varas federais criminais ficam em frente ao prédio do TRF-3, uma construção icônica imortalizada pela novela Rainha da Sucata. É do topo de um desses prédios que Laurinha Figueroa comete suicídio de forma a incriminar a Rainha da Sucata. É uma das cenas antológicas da dramaturgia brasileira, protagonizada por Glória Menezes e Regina Duarte:

Outra juíza, da mesma 1a Vara Criminal Federal, dias depois estabeleceu medidas cautelares à internação do procurador da Fazenda. São as tais regras da vigilância e relatórios sobre Matheus Carneiro de Assunção durante a internação. É interessante notar que a vida real aqui tem um pouco do tempero que nos deixa tão ligados à ficção: os mesmos juízes que tratam do caso estão entre aqueles que podem substituir desembargadores nas férias. Ou seja, poderia ser um deles atrás daquela mesa, já que a vítima foi escolhida ao acaso.

Nesta sexta-feira, o procurador sai do hospital e, segundo determinação da Justiça, segue para o presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, também conhecido como "o presídio dos famosos". Já cogitaram a transferência do ex-presidente Lula para lá, onde estão praticamente todos os criminosos que ganharam notoriedade no Brasil.

Matheus Carneiro de Assunção ficará na mesma cadeia pela qual passou o casal Nardoni e Roger Abdelmassih. Ainda fazem parte do elenco da penitenciária:

Cristian Cravinhos, ex-namorado de Suzanne Richthofen

Mizael Bispo, condenado por assassinar a advogada Mércia Nakashima afogada trancada dentro de um carro numa represa

Gil Rugai, assassino do pai e da madrasta

Lindemberg Alves, protagonista do angustiante "caso Eloá", que assassinou a ex-namorada depois de um longo cativeiro na grande São Paulo

Guilherme Longo, padrasto do menino Joaquim, acusado do assassinato dele

Ainda não se sabe quem será o companheiro de cela do procurador nem se ele terá um. O julgamento não foi marcado.

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