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Saiba quem ganhou e quem perdeu no varejo durante a pandemia
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A mudança na rotina de todos, tanto de quem pode ficar em casa quanto de quem é fundamental para manter os serviços básicos funcionando, ofusca a capacidade de adaptação do ser humano. No primeiro momento da decretação de quarentenas, houve um impacto, a sensação de que tudo pararia. Nada parou, mudou, segundo os dados do Índice Cielo de Varejo Ampliado.

Estamos vivendo um momento histórico marcado pela dor, incerteza e ansiedade, a pandemia do coronavírus. Temos a impressão de parada geral, de perder o chão. Mas, mesmo sem perceber, estamos semana a semana começando a nos preparar para enfrentar este período.

Obviamente houve queda nos números do varejo e, presumo, todos nós gostaríamos de estar vivendo o oposto. No entanto, o volume da queda, embora brutal, parece pequeno diante das trombetas dos profetas do apocalipse econômico. De 1o de março a 14 de abril, a queda no faturamento do varejo brasileiro foi de 26,9%.

O gráfico mostra o impacto brutal na primeira semana. Dali em diante, pouco a pouco, mesmo com todo o impacto econômico e emocional que estamos sofrendo, o comportamento começa a sofrer mudanças. Quando se abre o levantamento por setores, podemos reconhecer o comportamento nas nossas casas, entre familiares e amigos.

Na primeira semana, houve uma corrida para supermercados, hipermercados, farmácias e postos de gasolina, os Bens Não Duráveis. Depois o setor foi se acomodando. A queda inicial no setor de Bens Duráveis e de Serviços foi a mesma, mas já começa a haver uma adaptação. O setor de Serviços obviamente encontra muito mais barreiras objetivas: é ainda um desafio monumental imaginar formas de diminuir o risco de contágio para exercer as atividades. Já o setor de Bens Duráveis está encontrando outras formas de atender clientes por meio de entregas.

Supermercados e Hipermercados tiveram alta de 15,8% no faturamento nominal, um crescimento impressionante. Farmácias e drogarias cresceram 2,2%.

O setor que mais caiu foi o de vestuário, com 58,1% de baixa no faturamento nominal. Obviamente não se deve apenas ao fato de as lojas estarem fechadas, outros setores também estão e não demonstram queda tão brusca ou começaram a se adequar após o baque inicial. O setor de moda também já providenciou soluções alternativas para atender clientes, mas pode ser que nossos valores estejam sendo repensados, inclusive a nossa necessidade e forma de consumir moda.

O desafio mais duro está diante do setor de serviços. O setor de autopeças e oficinas mecânicas parece ter encontrado uma forma segura de funcionar. Bares e restaurantes estão fazendo entregas, mas amargam uma perda significativa, provavelmente dinheiro que significa a alta no setor supermercadista. Turismo e transporte ficam de mãos atadas diante de medidas necessárias na saúde pública e até do ânimo da população.

Todos nós estamos repensando todos os nossos valores. É um mês que marcará nossa geração e sobre o qual passaremos a vida contando para filhos e netos. Sairemos diferentes, mas ainda não fica muito claro o que vai mudar realmente e em que medida. Todos estamos repensando nossas rotinas, necessidades de consumo e o que realmente é importante para nós. Isso independe de ter o privilégio de poder trabalhar em casa, de fazer parte do exército de heróis que garante a vida de quem está em casa ou de ter perdido o emprego.

Nascemos e crescemos numa sociedade que falava de dar importância à família, mas a colocava em segundo plano diante do sucesso profissional e até da fama e realização social. Nunca na nossa geração as pessoas amadas e os abraços foram tão importantes. Diante de uma catástrofe mundial, acabamos mudando todos, pelo menos neste momento. Só o tempo dirá que mudanças hoje pensamos ter acontecido que se consolidarão quando este pesadelo tiver acabado.

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