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Empreendedorismo realmente é uma palavra que veio para ficar no vocabulário do brasileiro. Concordo com os que dizem que há exageros e é natural que isso aconteça em todas as novidades com as quais nos identificamos. Criamos o "empreendedorismo de emergência", por exemplo, para dar mais sentido ao antigo "bico" feito por gente desempregada. Nem todos têm vocação para empreender e isso é natural da humanidade, cada um de nós é único. Por isso, as universidades estão entrando nessa história.

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O desenvolvimento de um ambiente favorável ao empreendedorismo é fundamental para o crescimento de um país e para o bem-estar das pessoas. Aqui não falo apenas de dinheiro, mas da possibilidade de realizar sonhos, de ver projetos virando realidade, de ter orgulho do produto do trabalho. Para isso, é necessário combinar diversos tipos de personalidades, o empreendedor clássico e todos os outros talentos necessários para que o negócio possa se desenvolver.

Os Estados Unidos fizeram, no ano de 1990, uma aposta ousada no valor individual dos empreendedores jovens, ligados a universidades. Uma lei chamada "Bayh-Dole Act", que leva o sobrenome dos dois senadores que a patrocinavam, tornou possível o registro da patente de invenções resultantes de projetos subsidiados pelo governo. A partir desse marco, o papel das universidades começou a ir além de gerar conhecimento, passou a incluir o fomento de lideranças para a criação do pensamento, ações e instituições empreendedoras.

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Um estudo publicado em 2016 em "The Journal of Technology Transfer", publicação acadêmica, demonstrou com dados como a utilização das universidades no desenvolvimento do conceito e das práticas de empreendedorismo foi favorável para o desenvolvimento regional. "Nossos estudos também demonstraram uma contribuição mais alta das universidades na competitividade regional, em particular quando usamos mensurações sociais (capital humano qualificado) do que mensurações econômicas (PIB per capita)", diz o artigo, com base nos dados coletados das regiões que investiram no modelo de empreendedorismo na universidade nos últimos 30 anos.

No Brasil não há nenhuma medida específica para incentivar o empreendedorismo nas universidades, mas elas próprias têm se organizado nesse sentido. Uma organização que representa quase mil empresas juniores - 22 mil estudantes - em todo o país, a Brasil Junior, resolveu fazer um ranking das universidades brasileiras de acordo com a cultura empreendedora.

Este ano, 123 universidades foram avaliadas, partindo de 6 critérios centrais: cultura empreendedora, inovação, extensão, infraestrutura e capital financeiro. Todas as grandes vencedoras são instituições públicas de ensino, tanto a grande campeã, USP, quando as campeãs em quesitos específicos:

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Há algumas universidades particulares que se destacam no ranking, curiosamente nenhuma delas na capital paulista, centro financeiro do país, que se orgulha de ser pólo empreendedor. No interior do Estado, a Unifran, Universidade de Franca, é destaque - somente ela disputa com a USP, campeã nacional, nos quesitos analisados em nível regional. No Nordeste, temos a UNIFOR, Universidade de Fortaleza, e a Universidade Potiguar. No Centro-Oeste, a Universidade Católica de Brasília. No Sul, temos a Unochapecó.

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O ranking não leva em conta outros aspectos além do empreendedorismo e não tem nenhuma relação com qualidade de ensino e desempenho dos alunos. De qualquer forma, o levantamento mostra que o mundo acadêmico ainda tem muito espaço a contribuir para a melhoria não apenas das condições mas da cultura empreendedora no Brasil.