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Marcio Antonio Campos

Marcio Antonio Campos

Vaticano, CNBB e Igreja Católica em geral. Coluna atualizada às terças-feiras

Leão XIV

A eleição de Robert Prevost foi ou não uma surpresa?

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O cardeal Robert Prevost aparecia em listas de papabili, mas não aparecia como favorito para começar bem a votação. (Foto: Riccardo Antimiani/EFE/EPA)

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O quão surpreendente foi a eleição do cardeal Robert Prevost como papa Leão XIV? O povo na Praça de São Pedro parecia não esperar pelo norte-americano – a julgar pela reação contida dos católicos ao ouvir o nome, muitos nem sequer sabiam quem ele era. Isso não quer dizer, no entanto, que o nome de Prevost fosse uma surpresa completa, ao menos para vaticanistas.

O cardeal norte-americano tinha qualidades apontadas por analistas como desejáveis para o papado, como a experiência missionária, adquirida em primeira mão no Peru. Além disso, seus 69 anos lhe davam uma idade aceitável para um papado nem muito curto, nem muito longo. E, especialmente, seu trabalho como prefeito do Dicastério para os Bispos, responsável por ajudar o papa a escolher bispos em todo o mundo, o colocou em contato com boa parte do episcopado – e do cardinalato – mundial, fazendo dele um nome conhecido, o que era uma vantagem em um conclave onde a maioria dos cardeais admitia abertamente não conhecer bem seus colegas.

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No entanto, que Prevost tenha sido eleito já na quarta votação pode, sim, ser considerado uma enorme surpresa. Os mesmos vaticanistas que o colocavam como um papabile também acreditavam que ele só ganharia força caso os mais cotados para sair na frente na disputa, como o italiano Pietro Parolin e o filipino Luis Antonio Tagle, demonstrassem não ser capazes de conseguir os 89 votos, atingindo seu “teto” antes disso. Só então nomes como Prevost e outros, como Péter Erdő, Willem Eijk ou Anders Arborelius, passariam a ganhar mais atenção. Mas este cenário exigiria bem mais que as quatro votações com as quais o conclave de 2025 foi encerrado.

Sem nenhuma informação a respeito das votações, uma possível hipótese é a de que cardeais como Parolin e Tagle tenham recebido muito menos votos que o imaginado no primeiro escrutínio, indicando aos 133 eleitores que suas candidaturas estavam destinadas ao fracasso, e que já era hora de buscar um novo nome. Seria, basicamente, o mesmo cenário descrito acima, mas antecipado em algumas votações. Outra possibilidade seria a de que Prevost já teria largado bem na noite de quarta-feira, e apenas ganhou mais tração ao longo desta quinta-feira – foi o que me disse, na noite deste dia 8, a vaticanista brasileira Mirticeli Medeiros, afirmando que o cardeal hondurenho não eleitor Oscar Maradiaga já vinha trabalhado em favor de Prevost.

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