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Anotem aí: mil vezes Dilma Rousseff com os seus faniquitos já históricos e falta de traquejo político. Mil vezes até mesmo Ciro Gomes, mestre na arte de morder a língua, em ofender detratores e seguidores fugidios. Idem, inclusive, para Jair Bolsonaro, craque quando se trata de agredir o bom senso, a história e a inteligência de um povo parcialmente inebriado pela ira, mas nem por isso tão obtuso quanto as pesquisas possam sugerir.

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Ok, talvez eu esteja exagerando. São raros os políticos merecedores de colher de chá por parte da sociedade e tampouco é esse o caso dos supracitados. Contudo, não foi de graça que torci o braço: resguardadas as devidas ressalvas, é preferível, sim, enfrentar políticos inaptos para o diálogo àqueles fluentes na fala mansa, mas prenhes de conceitos envenenados, como é o caso de Fernando Haddad.

O ex-prefeito de São Paulo, escorraçado do Edifício Matarazzo pela periferia paulistana, representa o que há de mais temerário no populismo e nessa que pode vir a ser a estratégia da esquerda pós-Lula: o político agradável na forma, mas perigosíssimo no conteúdo.

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Basta verificar as respostas que deu ao jornal O Globo em entrevista concedida esta semana. Noves fora a pantomima que alimenta em louvor a Luiz Inácio, Haddad é candidato à Presidência por um partido que oficialmente apoia a ditadura sanguinária de Nicolás Maduro. No entanto, ao ser questionado sobre esse posicionamento, tergiversou com uma desfaçatez digna dos mais virulentos petistas: “tradição golpista se impôs de parte a parte.”

E não foi só. Defendeu, ainda, que o governo brasileiro não tome partido “no conflito” venezuelano. “Assim como fizeram os governos do PT”, salientou.

Vale dizer, esse bom mocismo responsável por blindar a imagem do ex-prefeito está longe de poder ser considerado avis rara. Sobretudo quando se trata da nossa esquerda. Bem ao contrário, o estereótipo à la Hoffmann e Lindberg acaba provocando um efeito benéfico quando comparado ao tom pretensamente pacato de formadores de opinião e políticos como Haddad. É como se, de maneira obsequiosa, disséssemos, “ah, pelo menos com esse a gente pode dialogar”.

Trocando em miúdos: enquanto a esquerda coloca o bode na sala, a sociedade se contenta em amainar o fedor.

O problema é tão grave que, vejam só, acabo eu mesmo escorregando nessa armadilha. Então, apenas para continuar na seara dos presidenciáveis e ajustando as prateleiras em que cada um deles merece lugar de direito, nem todo postulante ao executivo deve ser descartado apenas pelo fato de ser educado, por sua capacidade de ouvir ou de negociar.

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Estão aí Marina Silva e Geraldo Alckmin que não me deixam mentir.