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Foto: Arquivo/Gazeta do Povo
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Em nossa história recente, jamais como agora se presenciou tamanha explosão de agressividade e violência durante um período eleitoral. Essa atitude vem da parte dos que se dizem incumbidos de derrotar o petismo, mas, ironicamente, tal conduta pode justamente favorecer o PT. E em curto espaço de tempo.

Embora esta eleição em particular sugira prudência na hora de fazer previsões, é correto afirmar que o favoritismo pende para o candidato do PSL. Para que Jair Bolsonaro refute as evidências, uma cascata de fatos improváveis deve acontecer.

Obviamente, não me refiro a declarações desastradas por parte de sua campanha, venham elas dele próprio e do vice, o general Mourão, ou do economista Paulo Guedes. Essas continuarão acontecendo e serão ignoradas pela maior parte dos seus eleitores, obcecados com o resultado final do pleito.

Para que as miúdas chances de Fernando Haddad passem a merecer consideração, o Partido dos Trabalhadores deveria mudar radicalmente, para além das cores no logotipo de campanha. Precisaria pedir desculpas, admitir os seus erros e negar as narrativas que até hoje insiste em disseminar, como a de que o Brasil sofreu um golpe de Estado e Lula é um preso político.

Isso não acontecerá; entretanto, dando por descontada a derrota que se avizinha, o PT tem tudo para lucrar com o amadorismo gerencial e o comportamento amalucado, e em determinadas situações até criminoso, de seus mais novos antagonistas.

Os próximos anos não serão fáceis. E não seriam mesmo se o presidente eleito não fosse Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad. O próximo governo fracassará em popularidade tanto por fazer as reformas duras exigidas pelo desequilíbrio fiscal quanto por não levá-las adiante. E também, neste caso especificamente graças aos dois candidatos restantes, porque o país sairá deste pleito mais dividido do que nunca.

Verdade que, por força da máquina, todo governo tende a ser eleitoralmente forte quando busca a reeleição. Entretanto, também é verdade que a economia ocupa um espaço importante na decisão do eleitor. Se somarmos a esse fato a inabilidade política do grupo que tende a assumir o poder a partir do dia primeiro de janeiro, o seu voluntarismo para ferir estruturas básicas no senso comum e o fato de que não há função mais talhada para a esquerda do que jogar pedra na vidraça, talvez o bolsonarismo encontre a sua verdadeira vocação em poucos anos: a de reavivar uma esquerda que tinha tudo para passar um bom tempo no ostracismo, não fosse ela convidada para uma festa em que sempre soube muito bem como se comportar.

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