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Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz

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(Raul Seixas)

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Uma mensagem natalina num blog sobre política é algo desafiador, sobretudo, pelo que vivemos em 2015. No momento é difícil construir um discurso que convença as pessoas de que nosso mundo pode ser melhor.

Por isso recorro a dois exemplos de pessoas simples. Elas não venceram na vida (segundo os moldes capitalistas), não derrubaram Governos opressores, tampouco terão suas vidas biografadas. São minhas avós (Margarida e Maria).

Margarida de poucas palavras, fazia o melhor pão caseiro no forno a lenha. Semanalmente eu cumpria o ritual de fatiar o “pon”, que se dobrava no prato. Uma fumacinha, manteiga e café. Tenho o gosto dessa mistura presente no paladar (neste momento). Depois do café da tarde, breves palavras sobre “responsabilidades”.

A Maria falava mais. Insistia que o futuro se fazia pelo “estudo”. Ela, retirante, só veio a se alfabetizar muito tarde, já que, jovem viúva, tinha que sustentar quatro filhos.

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O que há de valoroso na vida destas senhoras é a dedicação com a qual cumpriam tarefas simples: cozinhar, lavar louça, agradar ou puxar a orelha dos netos, etc. Era esta dedicação que conquistava a atenção dos netos e que faziam-nos parar (ainda que brevemente) para ouvi-las.

Um exemplo de vida é melhor que um milhão de palavras. Não há discurso que vença um malfeito. Os leitores que são pais já devem ter percebido que não há efeito prático em pedir para uma criança usar o cinto de segurança, se o próprio pai não faz isso.

Ou seja, as crianças (e as pessoas em geral) tendem a respeitar e admirar quem pensa, fala e age da mesma maneira. Os hipócritas (aqueles que dizem algo e fazem outra coisa), embora possam ser bajulados (porque ocupam uma posição política ou econômica relevante), jamais fruirão do verdadeiro prestígio social.

E o que o Natal tem a ver com Margarida, Maria e a política? Tem a ver com a esperança de um mundo melhor.

Esta esperança (de mudança na política) não começa na sociedade, no povo, na educação. Tampouco permanecer na posição de ranzinzas que reclamam de tudo (na passiva comodidade de nossos teclados) não nos faz bons cidadãos.

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A esperança começa em nós. Na maneira como cada um age no seu cotidiano. Não se trata apenas de pedir nota fiscal e de pagar impostos. É mais que isso. É fazer bem aquilo que se faz bem, sem causar dano a outras pessoas.

Um cozinheiro faz o bem para alguém ao escolher os alimentos e prepará-los adequadamente. Aquele que se alimenta terá um dia melhor, graças à dedicação deste artista da mesa.

Um professor faz o bem empenhando-se em esclarecer os estudantes, realizando avaliações compatíveis com aquilo que oferece, aprovando os que atingiram os objetivos propostos.

Um servidor público faz o bem quando cumpre a sua jornada de trabalho adequadamente, ocupa-se de seus afazeres durante o expediente e atende educadamente quem precisa do Estado.

Cada leitor pode pensar em outros exemplos e adaptá-lo a sua percepção.

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A esperança natalina na política (nas relações de poder) não está fora de nós. Ela começa de dentro para fora. Só depois que se é capaz de dar exemplo de vida é que se pode exigir, com autoridade (conquistada pelo respeito e pela admiração), o mesmo dos demais.

Um pouco mais dedicação nas coisas (simples) e de coragem para enfrentar as dificuldades da vida podem fazer o mundo (de algumas pessoas) melhor.

Feliz Natal!