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O que escrever nos cartazes no dia 16/08?
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Que a gente ia ter muita grana

Para fazer o que bem entender

Eu vi um futuro melhor,

no painel do meu Simca Chambord

(Camisa de Vênus)

Para o próximo domingo (16/08), movimentos supostamente “neutros” convocam o “povo” para ir às ruas para pedir pelo fim da corrupção e pelo impeachment da presidente Dilma.

A primeira pergunta a ser respondida é: devo ir às ruas neste momento? Para respondê-la é necessário ponderar se a queda da Presidente Dilma será benéfica para o país. Quem irá assumi-lo irá fazer um ajuste fiscal/econômico diferente (melhor) do que aquele proposto pelo Min. Levy? Temer terá condições de unir a Câmara e o Senado para aprovar medidas melhores que as já propostas? A política de aumento de gastos públicos propalada por Eduardo Cunha será a solução? Com a assunção de Temer (ou de Cunha, a depender do que se pretende) a corrupção cessará? As instituições democráticas serão fortalecidas?

Estas são reflexões importantes, para aqueles que não querem se deixar levar pelas paixões do momento, isto porque não existem movimentos “apolíticos”, “neutros”, “apartidários”, “sem ideologia”. Na política não há neutralidade. Há sim, tomada de posição, seja por ação, seja por omissão. A depender do momento, uma é mais inteligente que a outra.

A segunda pergunta é: se não sou neutro (nem quando ajo, nem quando me omito), como devo me posicionar para não me tornar massa de manobra de terceiros?

Pedir pelo fim da corrupção e pelo impeachment significa uma tomada de posição. Mas, quando a tomo não só nego apoio a um grupo, como apoio (ainda que implicitamente) o outro que tomará o poder.

É por essa razão que se deve atentar para “reclamos” simplistas e genéricos (fim da corrupção; fora PT), pois eles podem ser facilmente manipulados, inclusive contra o interesse daquele que sai às ruas.

A sugestão, para os que irão participar da mobilização é que tomem uma posição mais concreta sobre o que esperam de melhor para o país. Ou seja, que não repitam slogans pré-fabricados.

Aos que apoiam a ditadura (isso é possível na democracia!), que já indiquem quem será o Guardião do Povo e justifique porque ele tem as qualidades para exercer esta função.

Aos que querem o fim da corrupção, que incluam o nome daqueles que consideram ímprobos (sejam eles de partidos da situação ou da oposição). Seria muito bom indicar quais medidas poderiam ser tomadas para diminuir a corrupção.

Aos que conclamarão por reformas, que indiquem de qual reforma estão tratando (política, econômica, educacional, etc.). Mas, não é só isso. Se, por exemplo, a reforma é política/eleitoral, deixem um recado explícito. Por exemplo: “Fim do financiamento de campanha eleitoral por empresas” ou “Nós apoiamos o voto distrital misto”, etc.

O mesmo vale para os demais pedidos. Que tipo de reforma se quer para a educação? Ela deve ser prestada pelo Estado? Que ela deve ser de qualidade, isto é óbvio. A questão é: queremos uma escola funcional que habilita alguém para ser um aplicador de técnicas no trabalho? Ou a escola também deve trazer outros conteúdos para a formação humana do futuro profissional? Os professores devem ter aumento de salário? Deve-se exigir avaliação de desempenho dos profissionais da educação? Esta avaliação deveria ser exigida dos demais servidores públicos? De que forma?

Essa explicitação de propósitos trará 3 importantes benefícios: 1) reflexão sobre o posicionamento político e sobre temas de interesse público; 2) a percepção das congruências e da diversidade de ideias do ambiente democrático (é importante ler os cartazes dos vizinhos, e se possível questioná-los sobre suas posições); 3) não se tornar massa de manobra; ou seja, dar o primeiro passo para mostrar que você continuará a lutar por reformas “institucionais” e não só por mudança de “líderes”.

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