A avaliação por mérito permite: remuneração justa, progressão contínua, aprovação quase sempre unânime, aplausos e até uma modesta bajulação, do tipo ” parabéns, você merece”, porque tudo isso faz bem ao ego das pessoas normais. Receber um prêmio, encontrar sentido para ralar bastante e, ao final desse esforço, vislumbrar o resultado é muito diferente de receber tudo obsequiosamente ou por um sistema de ajuda, nem sempre justo, mas atrelado às conveniências do oportunismo político ou das fraquezas humanas.
Adoro corrigir textos bem escritos, depois de acompanhar o trajeto dos jovens estudantes com a elaboração de roteiro, rascunho e versão final sujeita à reescrita de uma redação de qualquer tipologia. Este é o meu maior prêmio, além, é claro, de ser remunerada pelo que faço em sala de aula, na condição de professora autônoma, pois o ganho viabiliza a aquisição de bens necessários ao equilíbrio da minha vida.
Compartilho com o Prof. Celso Luft, autor de Lingua e Liberdade e dicionarista gaúcho dos bons, a tristeza de saber que milhares de estudantes continuam ainda recebendo zero nas redações que produzem, porque não conseguem expressar as ideias concatenadas na sua língua de origem. Pense comigo: de quem é a culpa? É exclusivamente nossa, pois nos acostumamos a relativizar tudo, absolutamente tudo, inclusive na orientação que oferecemos aos filhos, aos alunos, aos funcionários e a tudo e todos.
Fazer bem feito qualquer coisa evita perdas diversas – Reescrever, fazer uma tarefa de novo, reconhecer o erro, ajustar procedimentos, confiar na orientação de quem é de fato habilitado renderá maiores acertos, produtividade e menos tristezas, desencantos, prejuízos, mas quem nesta terra estimula o capricho, a feitura de algo sempre bem feito nos espaços educacionais?
Quer um exemplo? Com a adoção integral do Enem pelas universidades brasileiras o mérito de escrever bem estará com os dias contados, porque a exigência será menor. Eu, sinceramente, lamento que este seja o último ano das questões discursivas na Unicamp, marco regulatório de avaliaçao excelente em vestibulares.
Para mostrar que é bamba – Redigir uma questão discursiva é sabatinar com inteligência o que uma pessoa sabe sobre determinado assunto. A mistura de resposta certa a uma questão e demonstrar como você chegou até esse ponto exige raciocínio, além da capacidade de concatenar ideias por escrito; é o que faz o teste da OAB, quando coloca um problema para ser resolvido pelo bacharel em direito. Essa mobilização de informações em busca de uma solução jurídica é a prova de fogo para muitos que desejam o alvará para advogar na sociedade. Deveria ser regra geral para ser professor, médico, entre outras categorias profissionais.
Um aviso aos quatro a cinco leitores – Hoje lamento estar entristecida; decidi que me despedirei por um tempo das propostas de texto aqui neste Na Mira, porque elas parecem não alcançar o estudante e nem o leitor compromissado com a intenção de um edublog voltado à redação e comandos de leitura. Farei, se o portal ainda quiser continuar oferecendo espaço a esta professora, breves observações sobre os temas que exigem reflexão coletiva, além de links que dimensionem tais temas; a partir de hoje aparecerei somente nas manhãs de terças, sextas e aos domingos.
Concentrarei, prezado leitor, os meus esforços profissionais na redação final de um livro com dicas para melhor redigir e na manutenção das minhas aulas e, sobretudo, no voo fagueiro da busca pelo prêmio merecido por anos de atividade profissional: a liberdade de escolher. Uma questão de mérito, portanto.
Até a próxima!
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